- O que é o que é?
Todos têm e sabem o que é, mas
ninguém consegue pegar e poucos sabem usar.
Incomoda todo mundo.
Tem cara de amigo, mas trai e
perturba todos.
Caminha em todas as direções e
escapa por entre os dedos.
Ora é silencioso: não fala, não
ouve, não vê, não sente, não tem cheiro, nem cor, nem forma, nem peso.
Ora é barulhento, tempestuoso,
intrometido – vê, ouve, fala, sente, tem cheiro, cor, forma, peso...
Pode ser dividido, multiplicado,
somado, diminuído, potencializado, mas não dá para guardar nenhum pedacinho.
Chega e passa sem sair do lugar,
tudo num piscar de olhos. Nunca volta.
Tem medida. Mas não tem começo nem
fim.
Às vezes falta. Outras vezes,
sobra.
Dá para gastar à vontade.
É valioso e até pode ser roubado e
perdido – dificilmente recuperado ou achado.
Sempre jovem pode envelhecer ou
continuar sem idade eternamente.
Naturalmente, você que teve tempo para se distrair com
a charada já sabe que estamos falando do Tempo – aquele que tem tanto tempo
quanto tempo o tempo tem.
Enquanto ele (o tempo) se diverte às nossas custas, o
Universo voga ao sabor dos chiados, apitos, roncos, ecos, meras ondas sonoras num
movimento eterno a nos embalar eternamente. E, lá vamos nós, em busca de novas
melodias escutarmos, e perenizar nas ondas do tempo que não para.
Novas perguntas de pura curiosidade aparecerão pelo
caminho:
- Onde fica o céu? - E o inferno?
- Não sei. No algures haverá um lugar de encantamento,
de paz, e eterna felicidade a acolher aquela onda vibratória (tu – eu – nós)
escapando da corrente do tempo em busca de outra onda mais feliz e permanente.