Enquanto tentava
tirar uma soneca (siesta) após o almoço fui interrompida por um quebra pau em
família, daqueles. Não. Não era nenhuma família vizinha. Meus vizinhos são
todos muito urbanos e discretos. O quebra pau que rolou foi de uma família de
periquitos instalada no alto de uma palmeira em frente à minha janela. Da
conversa, não entendi nada, mas pelo tom foi dura. Assunto encerrado, tudo
voltou ao normal.
A convivência e
consequente conversa fazem parte do cotidiano de todo ser vivo. O ditado
popular diz que é conversando que as pessoas se entendem. Eu acrescento:- E, a
ordem e o respeito são restabelecidos. O papel dos pais e avós junto às
crianças e adolescentes, ou seus representantes – professores e educadores –
está sendo desvirtuado e esquecido. Uma letargia ou descompromisso vem sendo
cultivado e até incentivado por apelos que incutem idéias de liberdade sem
responsabilidade; o bate papo em família é necessário, mas está relegado para
segundo plano e muitas vezes considerado ‘careta’.
Como vimos no
inicio do texto, até os animais –os ditos irracionais – conversam com sua
prole; há hierarquia e regras a ser respeitadas; há reprimendas severas e até
punições aos rebeldes que quebram as regras, bem como premiação e afagos
carinhosos e de reconciliação depois de restabelecida a ordem. Só os seres
humanos acham que podem driblar as
regras, pensam que sabem tudo e que ninguém lhes pode ditar regras – ficarão
frustrados (?) ou com algum trauma (?) se forem contrariados... Alguns se
recusam a crescer e insistem em contrariar sua natureza. Os resultados assustam pela falta de limites a que se chegou
sob a capa da impunidade, da tolerância, dos pseudo direitos humanos de quem
está a transgredir as leis; e, pior, há leis que protegem esses fora da lei.
A educação sistematizada
peca pelo descaso aos princípios básicos que regem o comportamento de todos os
seres vivos. Já viram uma família de macacos, ou de gorilas? E uma família de
cães ou gatos com seus filhotes? Quem já teve a oportunidade de ver uma galinha
com seus pintainhos? – Pois bem. Todos eles tem incutido instintivamente em seu
comportamento os conceitos de hierarquia, do que é certo – errado, do pode ou
não pode, da hora de brincar, descansar, do aconchego, de alimentar-se, de aprender para se tornar independente, do
respeito mútuo, etc. Estranha, e muito, que o ser humano se auto dispense
desses mínimos e elementares conceitos básicos que permitem a sobrevivência da
espécie.
LAR – no sentido
figurado lar corresponde a família, aconchego que agasalha, acolhe, protege,
acalenta, anima, reforça a afetividade e companheirismo vai muito além das
quatro paredes. A harmonização da egregora
familiar opera milagres. As modernidades tem dado as costas a essa
mágica tenda de milagres. A lareira é a laje onde se acende o fogo no lar.
Falam em meio
ambiente, respeito à mãe natureza, a toda forma de vida. Esquecem que a família
humana também faz parte do meio ambiente, e, cada um, como membro de uma
família, seu ponto de referencia, não pode desrespeitar, ignorar ou menosprezar.
O hábito da
conversa em família deve ser revalorizado, pois cabe a ela em primeiro lugar
incutir através do bate papo, os
princípios básicos da convivência em sociedade; orientar, repreender, e se
preciso for, até punir; estabelecer limites, exercer o direito de impor a
hierarquia paterna em primeiro lugar são deveres paternos. A obediência é um
dever filial.
Pais. Vocês sabem
onde estão seus filhos, com quem andam, o que pensam, quais verdades estão aprendendo
nas ruas? É normal que os jovens se entusiasmem com palavras de ordem, slogans,
histórias contadas por pessoas que praticam a memória seletiva, e pelos apelos
do momento. Se lhes faltar o orientação em família, saibam que o poder de
sugestão externa costuma ser muito forte e eles são presas fáceis.