Demarcação de terras indígenas: -
Brasil não é um país jovem. Cada geração que aqui
nasceu e cresceu após a descoberta/achamento oficial em 1500, já teve tempo de
criar raízes nestes rincões que ora estão sendo contestados pelos descendentes
dos antigos moradores: os índios, aborígenes, nativos.
É verdade que aqui viviam inúmeros grupos de variadas
etnias indígenas espalhada pelo imenso território. Os grupos litorâneos
comercializavam e trabalhavam para os traficantes de pau-brasil (!) - e,
guerras, entre as diferentes tribos, eram frequentes. Não eram anjinhos. Havia os
povos nativos, andarilhos – semi nômades
- das extensas regiões interioranas que vivam ao sabor do ‘dolce
far niente’ improdutivo, pois tinham tudo o que precisavam para uma vida sem grandes esforços. Quando a mesa da
natureza ficava empobrecida, eles partiam. Pelo caminho foram deixando objetos
descartáveis (eles também descartavam o que não lhes servia mais, tal qual se faz
atualmente): urnas funerárias, cacos de cerâmica, pedras polidas, pontas de
flechas, sambaquis, cinzas do fogão improvisado, etc. Basta escavar alguns
palmos em qualquer região não muito distante de água e que tenha tido condições
de caça, pesca e alguma agricultura rudimentar, e lá vamos encontrar a pegada
do índio.
Aí chegou o branco... As reações foram desde o
acolhimento pacífico ao confronto. Também houve sua participação na expansão
territorial, onde se aproveitaram para atacar inimigos pessoais; trocas e
aprendizados foram mútuos.
O choque de culturas sempre ocorreu entre os diferentes
povos. Com os nativos não foi diferente. Sempre a cultura mais adiantada
prevalece sobre os menos desenvolvidos, que, em geral, se integram e assimilam
valores que lhes permite adquirir novas técnicas, e crescer. No Brasil não foi
diferente. Quinhentos anos depois estão querendo voltar ao passado? Quem é que deseja
manter longe da civilização os índios que gostam de carros, relógios,
celulares, internet, e todas as modernidades que a civilização oferece a
qualquer cidadão? Todos são iguais perante a Lei.
A história está mal contada. A verdade é que há
organizações querendo grilar terras. Falam em 25% (!) do território nacional,
ou seja, mais de 2 milhões de km2. Usa os índios para seu intento. A demarcação
de terras para descendentes de povos que tradicionalmente eram nômades é
mentira de perna curta. Cabe às autoridades sair dos gabinetes com ar
condicionado, e ir conhecer de perto o que realmente é de interesse à nação
brasileira como um todo, antes de emitir ordens e apoios irresponsáveis a quem
quer que seja. Somos uma federação. Todos
são brasileiros – brancos, negros, índios, mestiços. E todos são iguais perante
a Lei. A medida tomada em relação à reserva indígena Raposa do Sol (RR)
demonstraram o grande erro cometido inclusive contra os próprios índios. Vão repetir
o mesmo erro quantas vezes?
O Brasil não é um país jovem como dizem. Tem mais que assumir
sua maioridade política, social, econômica e sair desse circulo vicioso terceiro-mundista
rasteiro de discurso medíocre, do ‘somos um país jovem, estamos aprendendo... ’
Somos todos descendentes de culturas milenares.
A maioridade e o senso de responsabilidade não podem
ser postergados. Se pão e circo contentam a muitos, o pão e o circo têm um
preço que um dia terá que ser pago! Não existe almoço grátis. Jovem também
paga.