Os tempos mudaram.
Só não mudaram as cabeças duras dos radicais que mudam de estratégias, mas não
mudam de intenções.
Após um
pronunciamento vazio de conteúdo para o momento crítico dominado por movimentos
populares, a Presidenta se prontificou a fazer uma reunião com lideranças,
Governadores e Prefeitos das principais capitais. Nada de novo. Apenas propôs
um pacto sobre alguns temas mais em evidencia nas manifestações: saúde,
transportes, educação, reforma política, etc. Dez anos no poder, o PT e a Presidenta não
descem do palanque.
Há, evidentemente,
uma luz no fim do túnel. O Brasil começa a passar por sua hora da verdade, do
quem é quem e o que realmente deseja fazer pela Nação. Faltam projetos
concretos, objetivos, viáveis e gestores qualificados para atender os
diferentes setores da vida nacional. Administrar um país do tamanho do Brasil
não é passatempo e muito menos ‘bico’ para politiqueiros em campanha permanente.
Itens em destaque:
Saúde
–.
A infra-estruturar necessária e o sucateamento dos hospitais deveriam estar em
primeiro plano. Importação de médicos não resolve o problema. O Brasil tem
médicos suficientes, porém mal pagos e sem condições mínimas de trabalho inclusive
nas grandes cidades.
Reforma
Política – urgente, e não pode ser feita pelos políticos
aboletados no poder; eles estão comprometidos com os partidos que os elegeram e
não com os eleitores. É preciso mudar tudo. Eleger uma Constituinte ou fazer
uma reforma parcial da Constituição para mudar essa velha e superada política
praticada no país?
A Presidenta propõe
um plebiscito para a Constituinte elaborar a reforma que eles querem nos impor
na base do sim ou não. Isso não é democrático. É golpe à moda bolivariana.
Recursos
para a Educação – 100% dos royalties do petróleo
para a Educação (!) é a promessa da Presidenta; uma promessa infantil do tipo:
‘pare de chorar, mamãe vai dar um presentinho pra você’... – já ouvi essa
história sobre pré-sal e royalties e
continuo no ‘lo creo como si fuera la
verdad’. Recursos existem, não só para a educação; faltam gestores e sobra
burocracia.
Gastos
com a Copa - superfaturamento
e financiamento da construção de Arenas com dinheiro público? É para contestar,
sim. Nada contra o futebol. Tudo contra os aproveitadores seja quem for. Uma
sindicância a começar com os gastos públicos e o enxugamento da máquina
administrativa não pode ser adiada. Quem não deve não teme. Abram as contas! O
dinheiro saiu do bolso do povo que paga impostos. E como paga!
Passe
Livre – o transporte público tem seu custo. Quem vai
pagar? O usuário ou todos os cidadãos, mesmo quem não o usa? A ‘vitória’ do
movimento do Passe Livre nestas manifestações, com o recuo do aumento das
tarifas, não lhes dá o direito de querer monopolizar as bandeiras do povo e
muito menos assumir o papel de liderança do movimento maior que se espalhou
pelo país de norte a sul.
Alguém já
contabilizou quantos ônibus da frota nacional que servem no transporte público
foi depredado nestes últimos anos?
Mobilidade
urbana – as megalópoles estão congestionadas de carros
particulares. Eles estão aí devido a diversos fatores: 1- falta de transporte
público que atenda às necessidades da população; 2- o governo priorizou a
indústria automobilística; 3- facilitou
a aquisição dos veículos por pessoas que não tem opção de outro tipo de
transporte. 4- os recursos e obras necessárias no sistema de trens urbanos e
metrôs não caminham juntos com o crescimento desordenado e o gigantismo das
cidades. 5- falta de um planejamento urbano.
6- uma Reforma Urbana é necessária, pois cidades como São Paulo, Rio de Janeiro e Belo
Horizonte, por exemplo, cresceram de forma desordenada em áreas geofísicas
adversas – morros/encostas e vales inundáveis. O processo de esvaziamento dos
excessos populacionais concentradas nas megalópoles com seu redirecionamento
para novos núcleos urbanos planejados são viáveis. Só depende de vontade
política, competência e coragem de mudar os rumos do fenômeno de urbanização
que tem dominado nas últimas décadas. O esvaziamento do campo com políticas
erradas é a principal causa desse caos urbano.
Não adianta as
administrações municipais continuarem a fazer malabarismos. Os problemas
continuarão.
Punição
dos Corruptos – a protelação no cumprimento de
sentenças quando se trata de figurões políticos já está cansando a população
que sofre todo tipo de violência. Essa é mais uma forma de dar as costas ao
povo, de desrespeitar as leis, as instituições, e também uma violência a mais
contra o cidadão de bem. Corrupção será considerada crime hediondo.
Conclusões
–
acima relacionamos algumas bandeiras dos atuais movimentos que saíram às ruas,
de forma pouco democrática, pois desrespeitaram o direito de ir e vir dos
demais cidadãos, além dos atos de violência praticados. O Brasil de hoje é
muito diferente de algumas décadas atrás. A grande facilidade de comunicação pelas
redes sociais permitiu toda essa rápida movimentação popular. A impressão que
nos ficou é que o movimento não foi espontâneo; ele foi provocado, induzido e
extrapolou as expectativas de quem vendeu a idéia da mobilização contra o
aumento das tarifas do transporte público. – MPL, PT, PCdoB, PSOL, e outros
partidos políticos estavam prontos para colher os resultados.
Duas semanas depois
do início das manifestações que pegaram os políticos de surpresa, a Presidenta
procura tomar as rédeas da situação. Seu discurso de palanque demonstrou falta
de agenda. Acreditou mais no amigo marqueteiro do que nos legítimos governantes
dos Estados e Municípios, apresentando uma agenda pífia. As verdadeiras
mudanças só ocorrerão a partir de uma mudança pessoal da classe política.
A insatisfação
popular não é uma luta de classes tipo cidade X periferia, como alguns já
ventilaram. É muito mais do que isso. É um recado claro que o modelo político
brasileiro precisa de alternativas e projetos novos dentro dos princípios da
democracia plena e não restritiva como vem ocorrendo.
Um ciclo se fecha. O
que virá após é esperar para ver. O Brasil já não é mais o mesmo.