quinta-feira, 1 de agosto de 2013

NO TEMPO EM QUE ESCOLA FUNCIONAVA COMO ESCOLA - 60 anos atrás, (a quem interessar saber...)

O menosprezo atual demonstrado quando se referem ao ensino no passado na escola tradicional da - lousa, giz, voz do professor, cadernos e livros - me motivou a escrever sobre como eram a escola, os professores e o aprendizado naquele tempo. Não havia a modernidade da tecnologia, é verdade. Como também é verdade que muitas escolas por esse país afora também ainda hoje  também não contam com esses recursos.  Mas, em compensação, naquele tempo, aprendia-se. Para começar, os prédios onde funcionavam o Grupo Escolar e o Ginásio, eram construções sólidas; um verdadeiro cartão postal da cidade. Os professores, uma autoridade respeitada, admirada e valorizada. Do currículo escolar - nível Ginasial e Colegial - constavam várias disciplinas que permitiam um conhecimento abrangente: história, geografia, ciências, matemática, química, física, música, desenho, geometria, trabalhos manuais, línguas (latim, francês, inglês – grego e espanhol no ensino clássico) e, naturalmente, o português, a língua Pátria, base para o aprendizado de todas as outras disciplinas. A Educação Física era uma atividade praticada por todos os alunos três vezes na semana, não só como cultura física, mas como forma de disciplina e convívio esportivo, cívico e social.
Na época, boa parte da população brasileira morava na área rural. As crianças tinham acesso à escola primária que funcionava em fazendas. As ‘professorinhas’ normalistas eram treinadas para trabalhar nessas escolas com classes de 1º ao 4º. ano, tudo em uma mesma sala, ao mesmo tempo. Alfabetizar, Ler, escrever, contar, cantar tabuada, resolver pequenos problemas, além de estudos de ciências, geografia, história, civismo, música, iniciação a trabalhos manuais, caligrafia, etc., faziam parte da tarefa da professora, além de conhecimentos de saúde e primeiros socorros. Da sua formação além de um reforço das disciplinas básicas constava também o aprendizado de Pedagogia, Psicologia Educacional, Biologia Educacional, Didática e Prática, Sociologia, Filosofia e História da Educação, Economia Doméstica e Trabalhos Manuais, além de canto orfeônico e regência.
Havia o respeito às diferenças individuais na capacidade de aprendizagem; os mais lentos repetiam o ano sem que isso fosse considerado uma tragédia; os mais capacitados eram incentivados a continuar nos estudos: ginásio, científico, clássico, Escola Normal, Cursos Técnicos, etc., e Faculdade.
Muitas crianças, inclusive as sem recursos ou órfãos, iam estudar em colégios internos – Seminários de Padres e Colégios de Freiras Católicos – Não havia menor abandonado aprendendo bandidagem nas ruas. Ir para o seminário ou para o colégio de freiras não significava ter que se ordenar padre nem fazer votos de freira. Elas estudavam e voltavam para suas famílias preparadas para a vida com uma profissão e uma sólida formação ética e moral.
Problemas sempre existiram em todas as sociedades e tempos históricos. Soluções também sempre houve e haverá. O mais importante na atualidade é resgatar essa juventude refém da escravização da modernidade materialista, permissiva e deletéria que desagrega a família e corrompe os costumes.
Escola boa exige alunos realmente interessados em aprender,  instalações decentes, professores valorizados, mesmo que seja para dar aula com lousa, livros, giz e voz. As modernidades tecnológicas não são fator imprescindível como não o eram 60 anos atrás e formaram muitos médicos, advogados, engenheiros, técnicos, e tantos outros profissionais inclusive professores.

Políticas sociais e educacionais equivocadas que levaram a uma inversão de valores precisam ser revistas. Nem tudo o que é do passado deve ser menosprezado e nem tudo o que é modernidade representa real progresso.