sexta-feira, 16 de agosto de 2013

A IMPORTÂNCIA DO CONHECIMENTO DO IDIOMA PÁTRIO E A COMUNICAÇÃO GLOBAL


Nem todos têm facilidade para aprender idiomas diferentes. Pessoalmente fico com as neolatinas. Porém já tive que fazer malabarismos para acompanhar outros idiomas, inclusive o alemão. No mundo globalizado, especialmente no mundo ocidental, é praticamente obrigatório o conhecimento do  inglês, castelhano, francês, português - de Portugal e o do Brasil, além do portunhol -, italiano, alemão, etc.
A polemica sobre a contratação de médicos estrangeiros – portugueses, espanhóis, latino americanos que podem ter dificuldades em se comunicar com os possíveis pacientes – me remeteu a uma cena do tempo de estudante – curso de cartografia, com um professor suíço-alemão que não dominava a língua portuguesa. Quando ele começava com: - ‘Burriiiinha.... Como se diz.... buriiinha....’ todos prestávamos atenção tentando adivinhar o que ele queria dizer. Em uma ocasião, nervoso, tentando encontrar as palavras se dirigiu a um aluno e falou: ‘... buriiinha! Zwei! Eins Grenze km; largura Eins km. Nein, nein, nein.’ -  e apontava para o mapa que estávamos desenhando. Impaciente, recolheu os lápis que estávamos usando, sentou, e, com seu canivete, apontou um a um até deixá-los com a ponta bem fina. Depois, ao devolvê-los, satisfeito, fez uma demonstração da diferença significativa na escala usada nos mapas, entre a largura dos ‘km de fronteira’ (Grenze) desenhados com o lápis com a ponta grossa, para ‘alguns metros’ com a ponta fina. E,  encerrou a explicação com: - ‘Dank, buriiinha... Wersteben? – Todos entenderam. Era apenas uma aula de cartografia e a dificuldade de comunicação não colocou em risco a vida de ninguém. Mas e num atendimento médico?
Como já vi uruguaios e argentinos não se arriscarem a falar nem o portunhol, e  americano desandar a falar castelhano pensando que falava português, fico a pensar como seria um idioma global onde todos se entendessem. Dizem que o português tem grande chance (!)... O inglês é muito utilizado, mas não tem grande flexibilidade nos termos usados – cheguei a ler os clássicos em inglês no tempo do científico, porém era o inglês da Inglaterra.
Aqui no Brasil, o analfabetismo funcional está criando uma nova língua que é uma barafunda de palavras cujo significado está sendo deturpado de forma acintosa. O fim do ensino do latim nas escolas equivale, a meu ver, uma perda de conhecimento do idioma português na ordem de 50%. Os dicionários, numa espécie de preguiça dos autores e editores, se transformaram numa relação de vocábulos em ordem alfabética e respectivos significados. As exigências do conhecimento da língua pátria devem ir além de saber ler e escrever a grafia correta, mas também seu significado e origens, pois temos uma vasta contribuição de termos de outros idiomas de diferentes nacionalidades. Essa riqueza do conhecimento está sendo descartada como uma inutilidade.
Não estranhamos a pobreza de linguagem em todos os meios de comunicação das novas gerações. Os profissionais da área, por sua vez, influenciam o povo que se mira na figura desses personagens da ‘mídia’ moderna.

Uma das recomendações que recebemos na formação profissional era a de vigiar para não adotar vícios de linguagem do ambiente onde fossemos trabalhar. Estávamos lá para ensinar! Creio que vale para todas as pessoas que lidam com o público em geral, especialmente neste mundo cada vez mais globalizado.