O gosto pela leitura, cultivado desde a infância, tem
proporcionado descobertas em muitas áreas que jamais iria estudar
sistematicamente. Na medida em que julgo oportuno vou passando adiante a quem
possa se interessar.
Hoje, estava a martelar na cabeça o tema sobre a
obrigatoriedade de crianças irem para a escola a partir dos quatro anos de
idade – cada vez mais cedo sendo afastadas do convívio familiar. O governo vai
tomando as medidas ao sabor dos ‘reclamos’ da sociedade moderna: pais muito
ocupados, dificuldades em contratar babás (agora com a lei das domésticas), o
desejo de impor regras não muito democráticas de educação, etc.
Educação de uma criança é diferente do adestramento de
um animal. Um bom adestrador pode fazer maravilhas com um cão, um cavalo, um
elefante, e até com uma baleia! Já, uma criança não é um animal para crescer
solto. Ele precisa para sua educação um conjunto de referencias familiares que
estão sendo descartadas pelos ‘civilizados’ métodos modernos de usurpação do
poder pátrio. Falam na necessidade de socializar a criança. A escola escolhe e
impõe um tipo de socialização. Esquecem da família. Não levam em conta que o
contato social diferenciado na escola é ilusório.
A família é a base da sociedade e é aí que a criança,
na primeira infância (de zero a 7 anos), aprende a se socializar, ou, pelo
menos no meu tempo, se aprendia. Uma criança
tem pai e mãe, quatro avós, tios e tias, primos e primas, além dos padrinhos;
e, desde bem cedo há a convivência com um representante religioso (padre, pastor,
rabino, monge, etc.). Há muitos vizinhos e tios e tias adotivos... Isso era o
normal no meu tempo de criança e deveria continuar sendo segundo as tradições.
A criança nesse convívio familiar diariamente
recebe referencias que ajudam a moldar o caráter e contribuem na
formação da personalidade.
Insistimos: Uma criança não é um animal adestrável, e
muito menos para crescer solta. Ao ser desligada do convívio familiar muito
cedo para ir a escola, onde já se cogita seja em tempo integral, ela passará
aos cuidados de profissionais da educação que tem que dividir seu tempo e
atenção para um grande número de crianças. Enquanto na família a criança tem
pelo menos a atenção de duas pessoas (pai e mãe), às vezes de uma avó ou uma
babá, na escola será uma professora para atender dez, vinte ou mais crianças ao
mesmo tempo. Todas são crianças, que pela pouca idade ficam mais ou menos
soltas como ’animaizinhos’ assustados e curiosos; é a fase de descobri o mundo,
e elas têm iniciativas dentro de certos limites, nem sempre seguras.
A questão é: - para que obrigar crianças cada vez mais
cedo terem que competir para receber a
atenção necessária a que tem direito? O que ganharem por um lado,
perderão por outro. Os resultados
negativos já se fazem notar.
Chegamos ao ponto: - Você sabe o que quer dizer:
“Crescei e multiplica-vos?” - Ter ou não ter filhos. Quem não quiser ter
responsabilidade de pai – mãe, que não tenha filhos. O ‘Crescei e
Multiplicai-vos’, muito mal interpretado e praticado, não é uma lei ou
obrigatoriedade e muito menos um ato puramente sensual. O ‘Crescei’ implica
em que a pessoa deve crescer em sabedoria e em conhecimento de si próprio e de
sua essência como ser humano e como filho de Deus – (ele não é um simples animal) – para depois
‘Multiplicar-se’ conscientemente e ter o que oferecer aos filhos. A
inversão de conceitos e valores está traduzida no comportamento irresponsável
de cidadãos sem lei, sem dignidade, sem fé e sem Deus. Tudo agravado com a
desestruturação da família acrescida de regras e costumes libertários sem a
contrapartida da responsabilidade aprendida no berço e desde o berço.
Pão, pão... Queijo, queijo. Certas verdades doem. É
tempo de repensar o tipo de humanidade que estamos produzindo. Criança não pode
ser tratada como mais um, usando engodos, nem confinada a salas onde a fantasia
material descartável é confundida com prática educativa. E, muito menos tratada
como um peso porque não era desejada e chegou num momento inoportuno para pais
imaturos.
Falta respeito para com nossas crianças e educação dos
adultos de como agir em relação aos filhos. O Estado é o Estado. Um coletivo
que dita regras e ninguém se responsabiliza pelo resultado.
Em resumo: o discurso e a prática educativa de um
estado laico caminham na contramão do aperfeiçoamento e valorização do ser
humano em sua essência. Não somos só matéria. O sopro divino da vida foi
relegado a segundo plano. Quando uma pessoa não tem referencias de sua
identidade cósmica cai no vazio e é dominado facilmente pela sensualidade e
toda sorte de vícios e crimes. O desafio está em combater sem medo a
hipocrisia, a mentira imposta pela chantagem, pela pressão, por constrangimentos,
etc.