Ser
país independente tem suas vantagens e desvantagens. A criação da URSS
açambarcando países do leste europeu, no pós guerra, acabou de forma
nostálgica. Todos resultaram empobrecidos pelo sistema comunista que lhes foi imposto.
A atual União Européia, que ‘adotou’ esses países como membros, por enquanto é
uma incógnita sobre o seu futuro. As crises na Grécia, Itália, Espanha,
Portugal mostram que o gigantismo criado artificialmente tem mais dificuldades a
resolver do que soluções a apresentar. Tudo o que é criado artificialmente
dificilmente se sustenta por si próprio devido à diversidade de interesses e
condições políticas, econômicas, culturais de cada unidade anexada ao sistema.
A
China Comunista é outro gigante, tanto territorial como populacional e continua
com olhos voltados para espaços vizinhos. País emergente, também tem seus
problemas de corrupção, e necessidades de modernização e liberdades individuais
que estão provocando manifestações de descontentamento – já se fala em uma
possível ‘primavera’ chinesa.
A
reorganização política e territorial entre nações sempre ocorreu no mundo.
Basta olhar um mapa político de 50 ou cem anos atrás. Não poderia ser diferente
agora.
Os
EEUU são uma Federação formada por mais de 50 Estados cada um com suas leis e
características próprias; também enfrenta uma crise econômica, porém a
estrutura política permite aos Estados certa autonomia para resolver seus
problemas de forma independente. Um não fica atrelado ao outro.
As
recentes eleições para Presidente nos EEUU chamou a atenção pela consulta
popular em Porto Rico que votou por fazer parte do país mais poderoso do mundo,
na qualidade de mais um Estado da Federação, o 51º. Tudo de forma pacífica,
democrática, a pequena nação caribenha passou a Estado, com Governador subordinado à Washington.
Esse
fato me fez lembrar que, logo após a vitoriosa revolução cubana, apoiada pelo
governo de Washington que enviou armas aos guerrilheiros diretamente lá na
Sierra Maestra, Fidel Castro foi muito bem recebido pelo governo americano.
Cuba era uma ilha produtora de matérias primas que eram industrializadas em
território americano. Consta que o jovem revolucionário insistiu em que as
indústrias deveriam ser instaladas na ilha. Não houve acordo. Digamos que
tivesse havido um acordo econômico que favorecesse ambas as partes, e que na
época se tivesse criado condições em se transformar em mais um Estado americano...
Não foi.
A
decisão unilateral e individual do novo governo revolucionário que se instalou
na ilha 50 anos atrás – e está lá até hoje - não se interessou em ouvir
democraticamente o povo sobre seus destinos. Como o pensamento é livre, vamos
supor que Cuba tivesse se transformado em mais um Estado americano. O que teria
ocorrido? – naturalmente a história do povo cubano teria sido muito diferente.
O mais importante é que ele seria livre para ir e vir, votar, criticar, ser
capitalista, em resumo levar uma vida normal a que todo cidadão tem direito. E,
como todo cidadão nascido em território americano, poderiam ser candidatos a um
cargo importante no governo; inclusive o próprio Fidel Castro que também teria
recebido a cidadania americana poderia concorrer até a presidência da nação
mais poderosa do mundo! Haja imaginação!
Não
custa sonhar com dias melhores para todos os povos com ou sem reorganização política
e econômica regional ou global. A verdadeira Democracia está longe de reinar.
O
Brasil não fica atrás no seu gigantismo tanto do ponto de vista territorial
como de problemas a resolver. Falaremos oportunamente sobre a complexidade
brasileira e a necessidade de uma reorganização política – afinal somos uma
nação continental formada por 26 Estados mais o DF num sistema federativo que
nada tem a ver com o norte americano.