Motivar uma criança
a aprender a ler e escrever é o principal desafio da atualidade. Especialmente
num mundo onde as facilidades do ‘copiar x colar’ tornou-se moda. Tenho
recebido alguns e-mails e perguntas nos textos publicados no Shvoong.com que
dão vontade de chorar. Demonstram uma total incapacidade de coordenar
pensamentos além dos erros grosseiros de grafia. E quem tem computador não é
tão pobre assim.
A meta do governo
de alfabetizar todas as crianças até os 8 anos esbarra em vários problemas. Um
deles é o desinteresse da criança em seguir a tradição do uso do lápis e papel
para escrever – exercício esse indispensável para desenvolver a coordenação
motora e estabelecer um vínculo na memorização da forma que deve ser
acompanhada pelo som respectivo das letras do alfabeto. Tudo parece muito arcaico,
mas é o que funciona. Não adianta querer inventar moda. O giz e o quadro negro,
disputadíssimos no meu tempo de escola, juntamente com o lápis e papel, ainda
são as melhores ferramentas para alfabetização; e, podem ter certeza que, até
uma criança já alfabetizada será capaz de alfabetizar outra, brincando de escolinha,
sem menosprezar a importância do professor em sala de aula.
O foco da educação
é evidente que deve ser o aluno. É uma tolice arrematada dizer que a criança,
porque é pobre, não é capaz de aprender o mesmo que uma criança rica. Poderá
ter algumas dificuldades a mais, certamente; porém sua inteligência pode ser, e
muitas vezes é superior à de muitos alunos provenientes de famílias mais
abastadas. Terá uma linguagem menos correta, por exemplo, mas isso não
significa que ele não vá aprender se tiver vontade e se esforçar. As diferenças culturais, a nosso ver, tem maior influencia
do que as diferenças econômicas. No passado – anos 40/50 – os alunos ao
terminar o 4º ano primário saiam com conhecimentos para a vida: sabiam ler,
escrever, resolver problemas de matemática, conheciam a história e a geografia
do país entre outros como: música, desenho, ciências, civismo, religião, além
de conhecimentos práticos de trabalhos manuais, artesanato, etc. A caligrafia
era um desafio com caderno especial. A escola oferecia oportunidade a todos – Todos...
Pois os alunos pobres recebiam além do material didático, uniforme completo e
merenda escolar. Porém, nem todos frequentavam a escola; algumas famílias de
outras etnias consideravam a escola ‘coisa de branco’ que não fazia parte dos
seus costumes (sic). Já relatei o fato observado por nós em nossa infância
quando minha mãe visitou famílias vizinhas para incentivá-las a matricular as
crianças na escola. Naquele tempo não era obrigatório estudar. Os tempos
mudaram muito, é verdade. Hoje a obrigatoriedade expôs um problema mais
cultural do que econômico ou social. A motivação deve levar em conta em
primeiro lugar o grau de dificuldade de cada aluno. Nivelar todos os alunos de acordo
com a idade leva a essa mediocridade no aprendizado. O aluno que tiver dificuldade
deverá receber atenção e reforço, mas nunca passar a mão na cabeça como se
fosse um coitadinho só para mostrar um índice de aproveitamento escolar
positivo.
O Brasil é muito
grande, com grande diversidade de meios que oferecem opções distintas para uma
educação de qualidade. Como motivar um aluno? Cada escola pode estabelecer
metas. No meu tempo havia debates em sala entre os alunos, prêmios em espécie
para quem se destacasse, além de competições para premiar frequência. Ex – sala
com 100% tinha bandeira hasteada na porta; às vezes todas as portas ostentavam orgulhosamente
a bandeira nacional, o que levava a aplausos e canto do hino Nacional. Uma
festa! Os alunos participavam de ações sociais na comunidade. Havia muitas
comemorações cívicas, religiosas, sociais hoje simplesmente ignoradas. Os
alunos tinham orgulho de participar devidamente uniformizados. E hoje, quais
são as motivações para eles irem à escola? Garantir um ideb? Escola deve ser um
local atrativo por algo mais. Formar cidadãos para a vida! Quanto aos recursos
humanos e materiais não se conseguem com discursos, mas com medidas práticas. Falta
vontade política e sobra demagogia.