Toquem os sinos. Liguem as sirenes de alerta. Tudo muito prático, mas... As chuvas chegaram e o filme do ano passado, do ano anterior, e dos outros todos começa a ser rodado nas mesmas regiões de risco. E as obras? E o remanejamento das pessoas vivendo nas áreas sabidamente sujeitas a inundações, deslizamentos e toda sorte de desastres maturais? Verbas seria o problema? Falta de vontade política ou de consciência dos governantes.
Nas últimas décadas, a neurose pró meio ambiente ignorou formalmente a população, que, ela própria, ignorante dos riscos, tem aceitado ficar em segundo plano, pois tem sido acusada de culpada por todos os eventos catastróficos de ordem natural.
Na década de 70, em São Paulo, por exemplo, havia um projeto para transformar o rio Tietê numa via fluvial navegável ligando a capital ao interior. A área hoje ocupada pela CEAGESP seria um porto fluvial de importância. O tempo passou e as várias administrações municipais – incluindo P. Maluf e governos do PT (hoje aliados políticos) só fez aumentar a área de ocupação das várzeas inundáveis da megalópole paulista. Esconder o curso dos rios em canais subterrâneos e construir os tais piscinões ineficientes foi tudo o que os governantes fizeram. Ignoram que água morro abaixo ninguém segura. E, que a cidade está numa bacia rodeada de morros dispersores de água que é drenada por vários rios com destaque para o Tietê. Mas, aí já é pedir demais. No entanto eles ainda podem aprender sobre o sítio urbano que vão administrar. Geografia é algo mais que uma ciência humana. Ela é também geografia física, geologia, geomorfologia, hidrografia, climatologia, cartografia... Ninguém tem o direito de alegar ignorância. O mesmo vale para os morros do Rio de Janeiro e sítios urbanos de todas as grandes e pequenas cidades deste imenso país. Que a indolência dos trópicos não prevaleça; e muito menos o descaso para com a população. A título de curiosidade quero registrar a solução adotada numa pequena vila nas ilhas Canárias. Havia uma nascente no alto de uma encosta; a água escorria pelo meio da rua. A administração optou em criar um rio artificial encosta abaixo. A água corre pitorescamente pela rua abaixo formando quedas d’água, pequenos saltos entre margens floridas junto às calçadas que dão acesso às casas. Aqui a prioridade são os carros, motos, ônibus, caminhões – e lá vêm os tuc-tuc (!) - resultado: todo ano, assim que começam as chuvas, todos são apanhados de ‘surpresa’(?). Parece piada, mas não é. É descaso mesmo!