quinta-feira, 8 de novembro de 2012

AUTODOMÍNIO E AUTOCONHECIMENTO


Disciplinar-se. Ser tolerante. Crescer. Aprender a conviver com o diferente. Respeitar para ser respeitado. Estes são alguns desafios que o ser humano tem que enfrentar desde a mais tenra idade. Três grandes lutas têm que sustentar o homem normal até chegar a um equilíbrio interior.
A primeira grande luta que tem que enfrentar é a luta da matéria e do espírito – com duração limitada destacando-se na juventude. A segunda é a luta entre a liberdade e a autoridade, quando ele busca a autonomia individual e a harmonia social. Ela representa o momento de querer firmar o Eu individual – o amor-próprio -  característica de todo ser em evolução e crescimento.
É nesta segunda fase que o ser humano entra em disputa com o mundo. Descobre que ‘A’ (ele) não é o único ser de sua própria espécie e por isso deve respeitar ‘B’, ‘C’, ‘D’... como se fossem ele próprio. Querer afirmar o Eu à custa do ‘Tu’ é o grande erro contra a ordem cósmica. Respeitar os direitos do ‘Tu’ é estabelecer a harmonia cósmica na sociedade. O amor que o Eu deve a Deus vai na vertical. O amor que o Eu deve ao ‘Tu’ vai na horizontal. Agir assim é respeitar a ordem e harmonia do mundo; é praticar o bem; é ser homem bom. O homem bom traça sua vontade paralela à ordem natural. O homem mau traça sua vontade em linha oblíqua a Deus. O resultado é fatalmente a colisão com o que é reto, e esse desajustamento acarreta injustiça, desordem, sofrimento.
A legítima autoridade humana tem por fim zelar para que a harmonia seja mantida. Mas o indivíduo de Ego hipertrofiado não aceita de bom grado as limitações que lhe são impostas à sua tendência egoísta, pela autoridade. Nenhum Caim tolera de bom grado um Abel.
Esta luta social exige um despertar de consciências; trazer o indivíduo para sua realidade. Quando o homem consegue harmonizar o intelecto e o coração, adquire uma vivencia nova. Poucos são os indivíduos que atingem este terceiro estágio de consciência - sua espiritualidade. Poucos são os que valorizam o real Eu que habita em si e se perdem em caminhos tortuosos e ilusórios da vida material. É possível e é necessário que cada um procure conhecer-se e melhorar-se; só assim teremos paz e harmonia individual e por extensão, a paz social.
-“O homem é um caniço; mas um caniço pensante” – (Pascal) – em uma meditação sobre a miséria e a grandeza humana.