Disciplinar-se. Ser
tolerante. Crescer. Aprender a conviver com o diferente. Respeitar para ser
respeitado. Estes são alguns desafios que o ser humano tem que enfrentar desde
a mais tenra idade. Três grandes lutas têm que sustentar o homem normal até
chegar a um equilíbrio interior.
A primeira grande
luta que tem que enfrentar é a luta da matéria e do espírito – com duração
limitada destacando-se na juventude. A segunda é a luta entre a liberdade e a
autoridade, quando ele busca a autonomia individual e a harmonia social. Ela
representa o momento de querer firmar o Eu individual – o amor-próprio - característica de todo ser em evolução e
crescimento.
É nesta segunda
fase que o ser humano entra em disputa com o mundo. Descobre que ‘A’ (ele) não
é o único ser de sua própria espécie e por isso deve respeitar ‘B’, ‘C’, ‘D’...
como se fossem ele próprio. Querer afirmar o Eu à custa do ‘Tu’ é o grande erro
contra a ordem cósmica. Respeitar os direitos do ‘Tu’ é estabelecer a harmonia
cósmica na sociedade. O amor que o Eu deve a Deus vai na vertical. O amor que o
Eu deve ao ‘Tu’ vai na horizontal. Agir assim é respeitar a ordem e harmonia do
mundo; é praticar o bem; é ser homem bom. O homem bom traça sua vontade
paralela à ordem natural. O homem mau traça sua vontade em linha oblíqua a
Deus. O resultado é fatalmente a colisão com o que é reto, e esse
desajustamento acarreta injustiça, desordem, sofrimento.
A legítima
autoridade humana tem por fim zelar para que a harmonia seja mantida. Mas o
indivíduo de Ego hipertrofiado não aceita de bom grado as limitações que lhe
são impostas à sua tendência egoísta, pela autoridade. Nenhum Caim tolera de
bom grado um Abel.
Esta luta social
exige um despertar de consciências; trazer o indivíduo para sua realidade. Quando
o homem consegue harmonizar o intelecto e o coração, adquire uma vivencia nova.
Poucos são os indivíduos que atingem este terceiro estágio de consciência - sua
espiritualidade. Poucos são os que valorizam o real Eu que habita em si e se perdem
em caminhos tortuosos e ilusórios da vida material. É possível e é necessário que
cada um procure conhecer-se e melhorar-se; só assim teremos paz e harmonia
individual e por extensão, a paz social.
-“O
homem é um caniço; mas um caniço pensante” – (Pascal)
– em uma meditação sobre a miséria e a grandeza humana.