O tempo do ‘frappé’ e do ‘Cuba Libre’ aquela bebida
incrementada das festinhas da juventude da época ficou para trás. Era um mundo
que tinha um ritmo tranquilo; dava tempo para tudo. Jornal comprava-se no
jornaleiro. Telefone? - era uma aventura conseguir uma ligação na primeira
tentativa – através de telefonista. Correio funcionava. Havia o serviço de
telégrafo para comunicações urgentes. Viajava-se de trem. As pessoas se
visitavam, iam à Igreja, participavam da vida na comunidade. Jogavam fora
conversa sentados nas calçadas e nas praças enquanto as crianças brincavam e os
jovens e adolescentes paqueravam.
Televisão não existia. Cinema? – Havia! E era possível escolher o que se
queria ver: comédias, filme policial, de bandido e mocinho, suspense, lindos temas
românticos ou históricos, e ainda os filmes de guerra e até de terror.
Tudo mudou. E como! Hoje temos televisão que, apesar da
presteza do serviço de controle remoto, o noticiário e as reportagens exibidas
nos brindam com uma enxurrada de notícias tenebrosas; o risco menor por
enquanto é o de ficarmos apenas estressados; com tanta tecnologia moderna dá para temer que o virtual passe a
real e comece a se materializar na nossa sala. É espantosa a irresponsabilidade
como são feitas e divulgadas acusações de forma orquestrada visando atingir
desafetos além da manipulação e distorção do que foi dito. A tônica do
jornalismo atual ao dar destaque às notícias de terrorismo, homicídios, e toda
forma de violência nos apresenta uma leitura do mundo do mal com verdadeiros
requintes de contos de terror ao vivo e a cores. Será que é só isso que vai
pelo mundo? É claro que não. Só não noticiam com o mesmo empenho.
Não deixa de ser preocupante que cenas que atingem todos os
públicos estejam sendo divulgadas com prioridade nos noticiários em qualquer
horário. Um exemplo recente foi a exibição em tempo real de um ataque de
mísseis interceptado no conflito entre israelenses e palestinos da faixa de
Gaza enquanto populares assistiam e comentavam, e, um jovem sendo questionado por um
jornalista sobre a correria rumo a abrigos antiaéreos e o alerta das sirenes,
respondeu: - ‘a gente acostuma, sempre se acostuma’...
Palavra que eu não pretendo me acostumar com essa vida. Há
muitas coisas boas e bonitas neste modesto planeta que podem e devem ser mostradas. Essa insistência em mostrar o lado
obscuro ajuda quem? Certamente está ajudando ao comércio de armas da babilônia
surrealista criada por mentes insensíveis, que, qual viciadas em drogas,
bebidas, prostituição, jogo, se deliciam com imagens chocantes de violência que
exibem à exaustão. O jornalismo se vale de algumas palavras cativas como ‘suposto’
e ‘supostamente’ parecendo ser
imparciais; o que causa espécie é saber que jornalistas se prestam a
representar papel tão deprimente de ‘mensageiros do apocalipse’... Tudo para
satisfazer personalidades neuróticas e vingativas de pessoas que tem por
objetivo dominar, humilhar, intimidar, destruir o suposto adversário por eles imaginado.
Apesar de tudo, ‘O mundo tem jeito, mas só é possível ajudar
quem quer ser ajudado’.