terça-feira, 3 de abril de 2012

E EDUCAÇÃO - SEPARAR ALUNOS PARA RECUPERAÇÃO É UM RETROCESSO.

Separar alunos para recuperação é psicologicamente pior do que o antigo exame de admissão ao ginásio. É pior, porque o exame de admissão era um desafio que o aluno enfrentava por vontade própria e estímulo familiar e da sociedade; não era um imposição. Participava quem se sentia motivado a prosseguir estudando após os quatro anos do ensino básico - que, diga-se de passagem, tinha conteúdo suficiente para qualquer jovem enfrentar o dia a dia sem passar vergonha. Ele saía alfabetizado e com conhecimentos da história pátria, sabia fazer contas 'de cabeça' e no papel, podia se orgulhar de ter estudado  com tal ou qual professora ou professor que eram pessoas valorizadas e respeitadas na comunidade.
A educação como vem sendo encarada no Brasil tem tudo para continuar dando errado. Muitos dos alunos que continuarão saindo da escola com um diploma na mão, em sua maior parte continuarão completamente analfabetos. "A Mão de Tinta" que receberam na escola não resiste ao primeiro desafio pós escola.
Quando uma criança que após o primeiro dia de aula se recusa a voltar à escola no dia seguinte com a alegação de: - "Mas, eu já fui lá ontem!", ou quando a criança garante que o que ela mais gosta de fazer na escola é "ir embora" - algo está errado. E o erro está principalmente na falta de motivação. E, não serão atividades que apenas distraem com farto material didático colorido que vão despertar o interesse pelo estudo.
Aliás, nunca é demais repetir que o exemplo vem de cima. Em um país onde seus representantes recebem diplomas de Doutor sem terem frequentado escolas e universidades, isto  funciona como sinalização que logo se traduz em desânimo e desmotivação para o estudo.
Voltando ao tema da separação dos alunos  dentro da escola para recuperação, quero bater na mesma tecla do que dava certo no tempo dos exame de admissão: aulas particulares de reforço dadas fora da escola. Elas resolviam, e muito, certas deficências de apredizado dos conteúdos, pricipalmente português e matemática. Falo por experiência como professora. É preciso quebrar a rotina e a monotonia da mesmice da sala de aula. E isso só é possível fora da sala de aula, fora da escola, com outras pessoas diferentes das que o aluno convive diariamente.
Quando o aluno tem vontade de estudar e aprender, tem curiosidade, mas tem dificuldade em aprender os conteúdos curriculares, numa aula particular ele pode ter esse algo mais que a escola não oferece por ser um ensino massificante, rotineiro, despersonalizado e cansativo para quem tem dificuldades de apredizado. 
Além do mais, se o aluno está com a cabeça em outro lugar, fará de tudo para cabular a aula. Nem camiseta com microchipp de controle de frequência vai funcionar e muito menos motivar.
Os alunos com dificuldade no aprendizado não são tão burros quanto se pensa. Eles tem consciência de suas limitações e dificuldades individuais. São obrigados por lei de frequentar escola, caso contrário os pais serão punidos. Muitos deles estariam melhor integrados à sociedade se fossem respeitadas suas limitações deixando-os livres para exercer atividades dígnas mais condizentes com suas habilidades, como era no passado não tão remoto.
Bulling, situações vexatórias, ironias, etc, são o resultado dessa política educacional pública que não sabe lidar com a tarefa educativa que se propôs.
Uma agenda positiva, coerente, que valorize o educador e respeite as diferenças individuais são imprescindíveis para melhorar os resultados escolares. A continuar a situação atual teremos jovens frustrados com rendimento em queda livre.
Separar alunos dentro da escola para recuperação é um retrocesso. É preciso rever muita coisa neste país. A educação, sem dúvida alguma é uma delas. 
O País precisa de mão de obra qualificada e de cérebros preparados para os desafios do mundo moderno. Não basta dar uma 'mão de tinta' ...