quinta-feira, 12 de abril de 2012

A CIVILIZAÇÃO DO ESPETÁCULO E DO CULTO DAS APARÊNCIAS

O brilho efêmero do mercado e a tirania das estatísticas – com o êxito - faz do mundo moderno um paraíso para o culto às aparências.

"Temos perdido valores tão essenciais como a tesão e o sacrifício, necessários para conseguir resultados em qualquer campo do saber", diz o diretor da Real Academia da Língua - Espanha – Sr. José Manuel Blecua.

Há muita informação, mas duvidamos que saibamos mais do que antigamente; essa é a realidade da  civilização atual. Falta desenvolver o gosto pelo estudo tranquilo e abandonar a velocidade, especialmente se desconhecemos o rumo a seguir, qual o destino a que nos estamos dirigindo. A diferença vai aparecer no final da jornada, especialmente em termos de escolaridade. A oportunidade da escola atingindo um maior número de pessoas, faz com que elas se sobressaiam, porém o acesso puro e simples não lhes aumenta a cultura se não sabem distinguir e selecionar o que vêem e o seu real valor.

Vivemos a civilização do espetáculo e do culto às aparências como afirmam observadores do comportamento humano. A banalização das artes, a perda dos valores estéticos onde tudo se iguala, a frivolidade da política e a transformação de tudo em uma diversão e em  espetáculo são a marca registrada das últimas décadas.

O que era arte e cultura no passado passou a ser contestado. Criou-se uma encruzilhada cultural, que, naturalmente, acarreta mudanças e consequências, tanto positiva como negativas. Os grandes progressos da civilização são processos que destroem a sociedade em que ocorrem. Muitas vezes não deixam rastros do que havia. É um recomeçar do zero.

O culto às aparências torna as pessoas como cegas, a imaginar que a alta cultura seja esse espetáculo de luzes, cores, sons (ruídos) e formas teatrais do dia a dia da vida moderna.

O 'pronto para consumo' da vida moderna apressada – torna as pessoas mais irresponsáveis tanto em relação a si próprias, como em relação aos semelhantes e à sociedade, aos valores e às instituições.

Há décadas se criou a arte de usar e descartar. Perderam-se as referencias da estética; hoje qualquer pessoa crê ter o dom da originalidade. Tudo não passa de apelos comerciais e modismo.

A preparação cultural para atender a arte é ínfima. Agora vale: - gosta ou não gosta. Fulano acha que é elegante, chique, moda e, pronto. O novo conceito torna-se expressão cultural...

Ex: A pintura é pura decoração; a moda é mais um disfarce ou uma fantasia do agrado deste ou daquele estilista que dita as tendências da moda. Música (!) não passa de uma provocação sem consistência. A arquitetura é uma forma fria, cara para 'vestir' um ambiente – e que muitas vezes não sobrevive ao ambiente. A literatura passou a ser objeto comercial. Se o escritor usar determinados temas do politicamente correto naquele momento da história, ele faz sucesso; caso contrário sequer será citado nas resenhas literárias.

Viajar, fazer turismo (mochileiro) sem preparo para o que está vendo, sem nenhum interesse em aprofundar os conhecimentos, só para ver, fotografar e dizer que viu e rodou ou que voou milhas -  é mais um exemplo da superficialidade cultural do mundo agitado em que estamos inseridos. Tudo é espetáculo! Culto às aparências.

Em síntese: Use, jogue fora e adquira o novo produto para usar e descartar na próxima onda, para recomeçar tudo de novo.