Depois da fala da presidenta em Bruxelas, onde o
samba do nego doido ficou eclipsado, vamos ao legítimo carnaval do povo.
Carnaval
é a mais popular festa brasileira e
consiste numa mistura de várias tradições européias, adaptadas a um país de clima
tropical e à uma sociedade com maciça presença de descendentes africanos.
Temos o carnaval de salão, de rua, de blocos, de
escolas de samba, tudo com muita alegria. O carnaval de salão, ou clubes, ainda
reflete os bailes de máscaras europeus de séculos atrás, estes muito formais.
As escolas de samba são uma leitura tropical dos
desfiles de carros alegóricos que ainda hoje são apresentados em eventos
populares da Europa e dos Estados Unidos. Os blocos de rua, por seu lado,
repetem os hábitos dos cortejos festivos e barulhentos de origem africana. Corresponde
ao ‘entrudo’ que marcava o inicio da Quaresma Cristã (Portugal) chamado de
mela-mela onde umas pessoas lançam nas outras água, pó, farinha, confetes, serpentinas.
A folia – na Península Ibérica – corresponde a uma dança viva, ruidosa,
acompanhada de pandeiro, adufe e cantos.
A soma de todos esses aspectos deu origem ao carnaval
brasileiro. Na verdade, o carnaval é um retrato da diversidade cultural de
outros povos e que se adaptou ao ambiente tropical brasileiro. A intensa
miscigenação étnica e cultural e por tabela lúdica, marca um dos eventos mais
concorridos do país atraindo a curiosidade de milhares de turistas
estrangeiros. A extensão territorial permitiu uma concentração de manifestações
típicas de cada região: o carnaval de Recife com muito frevo e blocos de rua, além
dos bonecos gigantes de Olinda; o de
Salvador com os trios elétricos acompanhados por gigantesco desfile de foliões
com seus abadas; o desfile de escolas de Samba em São Paulo e no Rio de Janeiro
em espaços apropriados – Sambódromos – com arquibancada para o público. Tudo isso
movimenta a economia e atrai multidões de foliões para além dos tradicionais três
dias de Carnaval.
O carnaval, período de festas profanas que se
iniciava em geral no dia de Reis (06/01) – da Epifania, e se estendia até a
quarta feira de cinzas quando tinha inicio os jejuns da Quaresma
tinha seu ponto alto nos três dias anteriores com destaque para as folias e os corsos – desfiles de carros
abertos e carruagens ao som de
marchinhas.
No Brasil do inicio do século passado as pessoas
iam para as ruas em alegres desfiles ao som de marchinhas transmitidas pelo
Rádio, ou para os salões onde cantores se apresentavam: - ‘Ó jardineira porque estás tão triste? O que foi que aconteceu? – foi a
camélia que caiu do galho, deus dois suspiros e depois morreu...’; ‘Mamãe eu
quero. Mamãe eu quero mamar. Dá a chupeta. Dá a chupeta para o nenê não chorar...
’; ‘mas que calooooôô. O sol estava quente e queimou minha cara... ’; ‘Chiquita
bacana, lá da Martinica, só se veste com casca de banana nanica... ’; ‘Ei, você
aí! Me dá um dinheiro aí!’; ‘Lata d’água na cabeça, lá vai Maria. Sobe e desce
o morro... ’ - Bons tempos ainda relembrados por grupos que preservam as
tradições de quando carnaval não era apenas diversão.
As escolas de samba da atualidade são uma
sociedade musical recreativa composta por sambistas, passistas, compositores e
grande número de associados que defendem as cores de sua escola. A finalidade é a de promover os festejos e
desfiles no carnaval, os quais atingiram dimensão de tal que porte que o
trabalho ocupa mão de obra especializada em várias áreas – desde a artística à logística.
Os carros alegóricos, as alas, o canto – samba enredo – tudo é concatenado
desde a comissão de frente ao bloco de encerramento para contar uma história ou
fazer uma homenagem. Salvo alguns exageros, as escolas de samba tem primado por
oferecer um magnífico espetáculo de luz, som, cores e harmonia, tudo de forma
contagiante.
Os carnavalescos estão nas ruas. O grito de
abertura já foi dado.
É Carnaval! Com chuva ou sem chuva, o folião não
vai perder a festa por nada. Assistirei pela
TV.