Lemos nas manchetes do dia que o Brasil é o 4º país mais desigual da América Latina atrás da Guatemala, de Honduras e da Colômbia.
Cansamos de ler nos livros didáticos de nossos tempos de estudante que temos dois Brasis: um litorâneo mais povoado e desenvolvido e um interior mais pobre com uma população mais rarefeita.
O tempo passou, muita coisa mudou. A população cresceu e se redistribuiu pelo território acompanhando novos ciclos de atividades onde a industrialização e o agronegócio passou a dominar. As cidades cresceram, pois a população foi atraída pelas ‘luzes’ convidativas de um novo estilo de vida.
Foram surgindo as primeiras favelas – lá pelos fins dos anos de 1958 – quando levas de migrantes fugindo das secas nordestinas chegavam às cidades do Sudeste e se instalavam em barracos provisórios. Acontece que naquele tempo ainda havia oportunidade de sair rapidamente dessa condição subumana de viver, e logo esses migrantes conseguiam se incluir no contexto da cidade com trabalho digno e um local decente para viver. Essa facilidade de progredir atraiu muitos outros que foram chegando. A falta de um planejamento levou ao caos, pois a migração do campo para as cidades, das cidades pequenas para as grandes, levou a um saturamento urbano incontrolável. Hoje assistimos a esse fenômeno urbanístico aglutinador de toda uma população marginalizada e explorada politicamente por aproveitadores de toda espécie.
Vivemos num país que deveria ser o mais rico do mundo. Ocupamos um amargo 4º lugar entre os pobres países latinos. Não se estuda mais como antigamente. A educação está sucateada e cada dia parece vai piorar um pouco mais.
A falta escandalosa de honestidade dos homens públicos é que criou essa situação degradante de desigualdades cada vez mais acentuadas dentro do país. A principal causa são os extorsivos impostos cobrados abusivamente pelos órgãos governamentais sobre os produtos de consumo, na base de imposto sobre imposto, sobre imposto... Assim, o pobre não tem como sair da roda viva em que foi atrelado. Enquanto isso, uma classe dominante, que não é dos empresários que realmente produzem e geram empregos e fazem a economia funcionar, se ocupa em punir com encargos e burocracias escandalosas toda a sociedade.
Que falar das greves do funcionalismo público, pago com dinheiro do contribuinte? Eles não trabalham, prejudicam a população e ainda continuam a receber seus vencimentos. Outra aberração: - o auxílio presidiário maior do que o salário mínimo ganho honestamente por um pai de família! E as tais leis de ‘proteção’ ao menor infrator que só alimentam o mundo da criminalidade.
O país não tem um projeto de crescimento que atenda às necessidades das diferentes classes sociais. O tal projeto educacional de ‘todos na universidade’ que parece ser o objetivo do governo atual, sem dar um mínimo de condições dignas de viver aos seus cidadãos, é outra tontice de quem não tem noção do que é educação.
A origem das desigualdades no país tem suas raízes nas imensas diferenças étnicas e culturais do seu povo. Elas têm sido acentuadas na medida em que os governos míopes acham que esmola resolve tudo. Quando vemos uma mãe de família sentada na sarjeta com uma criança nos braços, imagem gritante da pobreza, não dá para ficar indiferente, pois ela é o retrato do descaso para com o ser humano. Continuaremos a ter essa péssima imagem de país com grandes desigualdades até que se rompa o status quo imposto pela ignorância de quem acha que governar é inventar modismos e trabalhar índices para corrigir distorções onde o ser humano é tratado como uma cifra e nada mais.
Cada um é um indivíduo diferente do outro. Quando cada um puder se expressar em sua plenitude de forma livre para estudar, trabalhar, produzir, circular, consumir, etc., sem a interferência do estado padrasto, as coisas podem começar a mudar para melhor.
Que as próximas eleições municipais não frustrem novamente a população com mais do mesmo...