Meu avô paterno – Lauro Lopes – tinha um repertório divertido. Aprendi com ele muitas expressões e me acostumei a observar a fisionomia das pessoas. É claro que nem sempre devemos levar ao pé da letra certos ditos para caracterizar este ou aquele.
Entre os ditos e expressões lembramos-nos dos seguintes:
- Cara de viernes (sexta feira) = cansada, aborrecida;
- cara de páscuas (Páscoa) = alegre, feliz.
- cara de ‘lechuza’ (ave de rapina) = pessoas avarenta; gananciosa.
- cara de mala leche = pessoa maldosa;
- malas pulgas = pessoa briguenta.
- cara de ‘herejes’ = pessoa perigosa.
Recentemente ao ver uma entrevista na TV lembrei-me dessas expressões e tenho certeza que meu avô teria dito: ‘esse tem cara de herejes’... Realmente o aspecto de sua expressão não era das mais agradáveis; refletia uma vibração ‘perigosa’(?) – não encontrei palavra mais adequada para a impressão que tive. Pensei: talvez esteja mal dormido, ou sofra do fígado, ou ele seja vítima de uma úlcera. Talvez o sentimento de frustração, cara de raiva e de poucos amigos tenha outra causa que não a de pessoa realmente perigosa; pode ser que seja uma reação natural pela exposição na mídia, ou talvez alimente algum desejo de desforra contra alguém em particular e não contra todos!
Divagações à parte, a carapuça que muitos vestem para se esconder fala do que vai lá no íntimo, e nem sempre funciona. Precisa ser um bom artista. O verdadeiro artista se apodera de uma personalidade nova, o que não é o caso da grande maioria. Muito tentam...
Uma recomendação para se viver em sociedade sem caras e bocas (!) – “Teus problemas são teus. Ao por os pés da porta para fora de casa deixa para trás tudo o que te atormenta. Ninguém tem obrigação de aturar tuas preocupações ou mau humor. Amarra um sorriso nos lábios ao olhar para o espelho logo de manhã. Dê-se um alegre ‘Bom Dia’ com cara de Páscuas!”
A arte de viver implica saber enfrentar todos os imprevistos do dia a dia. Ninguém está imune.
Não faça o mundo mais pesado do que ele é. E, olha que tem gente que capricha na arte de atazanar o próximo.
Por falar em caras, estão na ordem do dia os caras de pau, fazendo cara de paisagem enquanto confessam publicamente ter-se comportado como aves de rapina a serviço do partido político no poder. São os verdadeiros caras de ‘lechuza’ ou de harpias predadoras da Nação.
A Justiça com a palavra final!
