A linha mutante do horizonte é meu limite.
A cada dia um novo Sol surge num horizonte novo muito além do anterior; chega até mim, a descortinar novas belezas infindas.
A aventura que dá sentido à vida cria a todo o momento perspectivas inusitadas que despertam emoções, impulsos, confiança, facilidades encantadoras de vivenciar a alegria.
Num arroubo incontido, orgulhosamente o espetáculo matutino se desdobra horizonte após horizonte. Todos os dias vêm acompanhados de renovação como se uma aquarela de pintor insatisfeito estivesse a ser eternamente recriada.
Ora é a copa frondosa da árvore que serve de moldura ao disco dourado.
Ora é a bravia onda do mar quebrando em espumas brancas revoltas da vida, jogando com o barquinho de papel...
Ou é a monotonia do deserto da vida confundindo-se nas miragens do espelho invertido: céu terra, terra céu.
Água luz em movimento. Sons inaudíveis a jorrar da orquestra universal.
São Horizontes e Sol a caminhar. Eu também vou.
Lá ao longe vislumbro que surgem outros raios luminosos; - quem os desenhou? - que poeta está a reescrever os eternos versos nas ondas de luz?
É o brilho translúcido nos gelos polares ou nos pícaros de uma montanha que ruge e atira cinzas, fumaça, fogo!
Fogo que obscurece o doirado do dia a raiar.
Tudo a se precipitar...
E, lá na várzea verde ondulante, com sombras festivas, propagam-se os sons cristalinos dos raios a trincar a límpida atmosfera agreste.
Todas as manhãs me surpreendem, pois amplia-se o raio de minha visão luminosa de algo novo no meu horizonte;
Lá na suave brisa orvalhada de gostas multicolorida sempre a renovar a vida, eu estou.
Só o horizonte da mente liberta pode entender esse renascer de um Sol, que ao brilhar e recria o horizonte; um novo e diferente a cada dia.
Eu mudo. Ele muda. Caminhamos alegremente, lado a lado, ou frente a frente, descortinado o amanhã.
Meu mundo é maior que a minha casa. É maior que a minha cidade. Que meu País. O horizonte mutante é o meu limite. Ouço os pensamentos. Vejo a imaginação. Delego funções. Deixo acontecer. E, assim vou empurrado para além do horizonte de quatro paredes, o meu horizonte sem limites.
O horizonte para além do horizonte de cada manhã sempre é maravilhoso. Nele está a vida a se renovar. Cada linda manhã será linda mesmo que com brancas neblinas, ou barrada de nuvens carmesins borradas. Porque eu quero, eu o tenho a brilhar todos os dias no horizonte sem limites do meu viver.
Façamos brilhar nosso Sol. Ele aquece os corações. Ilumina os caminhos. Descortina horizontes!