Só o barco deixar ao sabor da correnteza deslizar.
Foi assim que vivi, por longos anos a sonhar...
Vivi sem tropeços, sem medos,
tranquilamente a admirar o vasto céu azul
cintilante de estrelas que comigo sabiam conversar.
No pisca-piscar sempre a luzir,
cada luzeiro meu caminho estava a indicar.
A estrada longa da vida era larga e florida;
- Cuidado com o despertar - dizia alguém mais cauteloso.
Indiferente, continuei a brincar de viver;
meu mundo era tão vasto e feliz,
que nada nem ninguém podia dele me afastar.
O tempo passou. Eu cresci.
Meu mundo encolheu.
O céu tão próximo, já não era mais meu.
Maya se afogou nas luzes da cidade grande.
Comecei a procurar em cada farol,
o brilho das estrelas do pequeno grande mundo meu.
Daquele mundo de um passado tão presente no meu coração.
O brilho distante que procuro nas distantes estrelas da ilusão,
Manda dizer que volte a ser criança -
A criança que conhecia os mistérios do viver,
muito melhor do que eu!
Vivo ou sonho viver?
Maya não quer me desenganar.
Por isso vivo a sonhar!