terça-feira, 27 de março de 2012

A IRA DESAPARECIDA DOS BABUÍNOS - A PRESSÃO CULTURAL

 – Como não acreditar em coincidências?

Eu ainda estava chocada com os últimos acontecimentos - briga de torcidas em São Paulo - e pensava com meus botões se haverá um final para tanta insanidade e violência. O ser humano tem momentos que reflete em seu comportamento uma animalidade fora do normal. Foi aí que me veio às mãos um texto que há algum tempo me havia chamado a atenção. Fala da "Ira dos macacos babuínos".(Apuntes Científicos - jornal El País). 

O resumo diz:

 

Um estudioso dos macacos babuínos, o Sr. Robert Sapolsky, e possivelmente um grande divulgador ao fazer uma palestra começou sua fala maldizendo os malvados babuínos. – "São uns cabrones". Não tem predadores, só necessitam de três horas por dia para buscar comida e passam o resto do tempo divertindo-se e agredindo-se uns aos outros. Esta agressividade estaria relacionada com o fato de não precisarem lutar pela alimentação, e a descarregam nos companheiros. O certo é que eles são uma espécie má onde quer que viva."

Dessa observação ele fez estudos dos diferentes níveis de estresse entre diferentes hierarquias.

Porém, na palestra explicou um caso novo e tremendamente curioso. Ele contou que voltou alguns anos depois a um grupo de babuínos que haviam sido vítimas seletiva de tuberculose. Seletiva porque a tuberculose foi transmitida por animais mortos que haviam sido abandonados no campo. Mas, só comeram esses animais os babuínos que pertenciam a estirpe mais alta (e mais agressiva), impedindo aos de classe mais baixa de se alimentar com eles. A conseqüência foi que morreram os macacos babuínos mais velhacos, e durante um tempo essa comunidade de babuínos se comportou de maneira pacífica, sem agressões entre eles. Passados alguns anos chegaram novos babuínos agressivos e se incorporaram ao grupo. Sabem o que aconteceu? – Para surpresa geral os novos membros do grupo perceberam que no grupo não havia agressão e se adaptaram ao novo comportamento. Ou seja, reverteu seu instinto às normas do grupo.

Isso é muito significativo: numa única geração havia sido observada a mudança radical de conduta por pressão cultural. O entorno cultural é muito mais poderoso que a genética. Tem todo um sentido evolutivo: poder modificar o código genético para adaptar-se a grupos em mutação, deveria estar selecionado positivamente pela evolução. Parece que há um mecanismo para esse salto evolutivo. (epigenética) - diz o artigo.

 

Sem querer estabelecer comparações e esperando não ser mal interpretada, ficou evidente  que o mau exemplo que vem de cima, ao  ser erradicado permite a mudança comportamental do grupo. 

Infelizmente a impunidadde, a corrupção, a falta de ética, a mentira generalizada e a distorção de conceitos morais, entre outros comportamentos inadequados que estão se generalizando, está   levando os jovens desocupados e sem necessidade de ganhar seu sustento a cometerem toda sorte de irresponsabilidades.

Sem dúvida alguma o 'entorno cultural' é mais importante do que se imagina. A pressão cultural é a arma mais eficiênte para disciplinar quem não conhece limites.

"Diga-me com quem andas..."