Eu ainda estava chocada com os últimos acontecimentos - briga de torcidas em São Paulo - e pensava com meus botões se haverá um final para tanta insanidade e violência. O ser humano tem momentos que reflete em seu comportamento uma animalidade fora do normal. Foi aí que me veio às mãos um texto que há algum tempo me havia chamado a atenção. Fala da "Ira dos macacos babuínos".(Apuntes Científicos - jornal El País).
O resumo diz:
Um estudioso dos macacos babuínos, o Sr. Robert Sapolsky, e possivelmente um grande divulgador ao fazer uma palestra começou sua fala maldizendo os malvados babuínos. "São uns cabrones". Não tem predadores, só necessitam de três horas por dia para buscar comida e passam o resto do tempo divertindo-se e agredindo-se uns aos outros. Esta agressividade estaria relacionada com o fato de não precisarem lutar pela alimentação, e a descarregam nos companheiros. O certo é que eles são uma espécie má onde quer que viva."
Dessa observação ele fez estudos dos diferentes níveis de estresse entre diferentes hierarquias.
Porém, na palestra explicou um caso novo e tremendamente curioso. Ele contou que voltou alguns anos depois a um grupo de babuínos que haviam sido vítimas seletiva de tuberculose. Seletiva porque a tuberculose foi transmitida por animais mortos que haviam sido abandonados no campo. Mas, só comeram esses animais os babuínos que pertenciam a estirpe mais alta (e mais agressiva), impedindo aos de classe mais baixa de se alimentar com eles. A conseqüência foi que morreram os macacos babuínos mais velhacos, e durante um tempo essa comunidade de babuínos se comportou de maneira pacífica, sem agressões entre eles. Passados alguns anos chegaram novos babuínos agressivos e se incorporaram ao grupo. Sabem o que aconteceu? Para surpresa geral os novos membros do grupo perceberam que no grupo não havia agressão e se adaptaram ao novo comportamento. Ou seja, reverteu seu instinto às normas do grupo.
Isso é muito significativo: numa única geração havia sido observada a mudança radical de conduta por pressão cultural. O entorno cultural é muito mais poderoso que a genética. Tem todo um sentido evolutivo: poder modificar o código genético para adaptar-se a grupos em mutação, deveria estar selecionado positivamente pela evolução. Parece que há um mecanismo para esse salto evolutivo. (epigenética) - diz o artigo.
Sem querer estabelecer comparações e esperando não ser mal interpretada, ficou evidente que o mau exemplo que vem de cima, ao ser erradicado permite a mudança comportamental do grupo.
Infelizmente a impunidadde, a corrupção, a falta de ética, a mentira generalizada e a distorção de conceitos morais, entre outros comportamentos inadequados que estão se generalizando, está levando os jovens desocupados e sem necessidade de ganhar seu sustento a cometerem toda sorte de irresponsabilidades.
Sem dúvida alguma o 'entorno cultural' é mais importante do que se imagina. A pressão cultural é a arma mais eficiênte para disciplinar quem não conhece limites.
"Diga-me com quem andas..."