Um pedacinho do
paraíso é aqui, não fosse a leva de pessoas descontentes, à bordo, que,
hipocritamente, insistem em escrever a história conforme suas conveniências. Os
historiadores do futuro vão ter trabalho para separar o que realmente aconteceu
do que apenas não passou de encenação política. A primeira semana carcerária
dos réus mensaleiros – políticos presos – foi surrealista. Teve até caravana de
parlamentares à penitenciária da Papuda no DF, incluindo a figura do Sarney; só
faltou o Lula...
Deixando de lado
essas aberrações praticadas por sujeitos barbados que não passam de berrinches
querendo se promover, o país oferece maravilhas paradisíacas, desde praias,
florestas, planaltos ondulantes a perder de vista e mais cores e cheiros
típicos. Estou escrevendo e o forte cheiro de pequi domina no ar.
Para quem não
conhece, pequi é o cheiro de Goiás! Forte, quente, entre picante e adocicado...
Muito apreciado na cozinha goiana onde entra como ingrediente de um prato – o
pequi com arroz. Pessoalmente acho o
sabor forte devido à polpa ser oleaginosa. É preciso cuidado no uso da polpa
amarela do fruto, pois o miolo contém espinhos; a polpa pode ser consumida
cozida, ou seca e depois feita paçoca, ou ainda, assada na brasa; também é
usada para sucos, licores e bebidas. Seu cheiro e sabor são peculiares.
Há duas espécies de
Pequi ou pequizeiro: – a caryocar
brasiliensi e a caryocar glabrum – a primeira domina em Goiás e Mato Grosso
com árvores de até 6 m e farta produção de frutos; o segundo tipo é árvore de
porte maior e ocorre no Tocantins e
oeste da Bahia.
Mas não é só de
pequi que vive o cerrado. Listar todas as frutíferas da região é tarefa para
especialistas. Para quem gosta de ler e conhecer coisas nossas há naturalmente
livros com belas ilustrações e informações. Do livro ‘Andarilhos do Cerrado’ de
A. S. Barbosa anotei algumas dessas espécies do Brasil Central. Os nomes de
algumas árvores típicas da região, cujos frutos são uma delícia, certamente
serão novidade para muitos. Veja quantos você conhece:
- Ananás; Araçás –
do campo, rasteiras, felpudas; Ariticum e outras da família como biriba,
pindaíba, graviola, pimenta de macaco; Acumã (polpa – castanha e palmito);
Baru (uma espécie
de castanha); Buriti, babaçu; bacuri;
Cajuzinho; Cagaita;
Cambucá; Camu-camu, Camapu, Coqueirinho; Cupuaçu (chocolate branco); Curriola; Fruta
de tatu;
Gabiroba (de árvore
e rasteira); Guariroba; Goiaba – branca, vermelha, amarela; Gravatá; Grumixama;
Guapeva; Ingá-cipó (mais próximo à Amazônia); Indaiá, etc.
Jabuticabinha do
campo, Jaracatiá; Jenipapo (fruto comestível usado para refrescos e bebidas – e
a tinta preta é usada na pintura corporal pelos nativos); Jerivá; Joá
comestível; Jurubeba; Lobeira;
Mama-cadela; Murici
(semelhante à acerola); Mangaba; Mangustão; Maracujá do mato; Marolo; Maxixe;
Melancia de raposa; Melão de São Caetano; Mirindiba;
Pessegueiro do
cerrado; Perinha; Pindaíba; Pitanga: amarela, preta e rasteira; Pimentas
(variedade); Tomates de capoeira; Uvaia.
Esta relação não
esgota o assunto. Além das árvores frutíferas regionais, naturalmente há uma
variedade de coqueiros e muitas outras espécies que foram introduzidas pelos
povoadores.
Estudos realizados dão
conta de que os nativos das regiões centrais da América migravam pelos campos
instalando-se temporariamente nos habitats favoráveis onde a rica flora e fauna
lhes oferecia caça, pesca e coleta de frutos sem ter que se preocupar em produzir.
Os andarilhos do cerrado do passado tiveram
seu tempo. Mas o tempo segue seu curso.
Preservar e
melhorar o que a mãe natureza nos oferece é um dever de todos. Ecologia também
é cuidar das crianças, dos jovens, dos cidadãos em geral e, também dos
reeducandos hoje encarcerados, sem fazer distinção político-partidária,
respeitando o ser humano. Equivale, no caso, a corrigir um erro tão grave
quanto foi a escravidão. Aí, sim, será
correta a frase: “Brasil, País de Todos”.