Os partidos políticos no Brasil já somam 32 com registro e mais 40 na
fila de espera. 40! Porque será que tantas pessoas querem registrar um partido,
ter uma legenda própria?
A resposta é simples. Partido político no país é um rendoso negócio para
o dono da legenda e seus familiares. Ter um partido representa de imediato uma
forma de ascensão social. Isso por vários motivos: a) passa a usufruir de uma
verba anual do Estado proporcional aos votos recebidos numa eleição; b)
conforme o número de representantes eleitos terá visibilidade nos programas
‘grátis’ da TV – daí a sanha em conseguir adesões de políticos já com cargos no
Congresso Nacional; c) esse tempo na TV serve de moeda de troca no concorrido
mercado político, para fazer alianças e ganhar espaço e visibilidade; d) seus
membros podem vir a ocupar cargos públicos através de nomeações políticas,
mesmo que não tenham qualificação e/ou competência para ocupar os cargos.
O número de partidos políticos em si não é o real problema. Faz parte da
Democracia. O maior problema está na ganância desmedida desses ‘profissionais’
– os políticos de carteirinha.
Divide e impera! A motivação toda está baseada nas vultosas verbas que
passam a ter direito de receber do governo. São milhões! 400 milhões ao ano,
doados para ser repartido entre as diferentes legendas registradas, e, que
dividem gulosamente entre si. Além disso, ainda tem o direito a recorrer às
doações de particulares e de empresas que naturalmente irão reaver o
investimento através de contratos futuros com o governo; sem esquecer-se do
caixa 2 – fonte garantida de enriquecimento rápido – muitas vezes basta uma
eleição para formar um vultoso patrimônio que jamais conseguiria se trabalhasse
de sol a sol como faz o cidadão honesto.
Como é difícil repartir lideranças dentro um partido novo ou legenda já
solidificada, não pense que se você quiser participar da política, vai chegar,
chegando. A rentabilidade já tem dono.
Você precisa ter cacife se quiser ser candidato e ter espaço. Para sair
candidato, sem padrinho político, prepare o bolso. Aqueles segundinhos na
propaganda eleitoral gratuita obrigatória na TV custam caro. Um tiririca que
puxe votos vale mais do que você que é cidadão competente e poderia vir a fazer
a diferença numa administração se fosse eleito. Um militante de partido terá
suas compensações de acordo com os serviços prestados, e sabe-se que alguns
faturam alto. Outros têm que se contentar em ser pau mandado realizando
serviços de menor importância como carregar bandeiras em passeatas, distribuir
panfletos e santinhos.
Existe toda uma hierarquia. Não se iluda.
Se você está descontente com os partidos que há, crie um! Convoque
dissidentes de outros partidos, chame os amigos influentes, sindicalistas,
empresários, entidades de classe... Não se preocupe com projetos sérios. Basta
bater na tecla de fazer um Brasil melhor, promover justiça social, defender o meio
ambiente, realizar obras de saneamento básico, infra-estrutura, educação,
saúde, empregos, garantir bolsas para tudo. O trabalho de propaganda é
compensador para a legenda, que é o que importa ao Partido...
Quem paga tudo isso? – Eu, você, o trabalhador que paga impostos e confia que o governo dê o retorno
em serviços.
Os estragos que essa estrutura política dominante já conseguiu produzir
vão ficar marcados na história deste país. A mentalidade que persiste é a do
flibusteiro que coloca os próprios interesses em primeiro lugar. E viva a
anarquia democrática que reina no país.
Perguntarão se não dá para dar um basta em todo esse trem da alegria.
Claro que dá. Só que é preciso que a reforma política seja feita pela sociedade
civil, e não por eles, donos do poder. Ou pensam que eles vão abria mão das
regalias que desfrutam?
Flibusteiro = pirata dos mares da América nos séculos XVII e XVIII; o
mesmo que trapaceiro, aventureiro.