Migrar. Mudar.
Partir... Mais uma vez. Mais uma vez o nordestino é empurrado para longe de seu
pedaço de chão. Decididamente, essa não deveria ser outra vez a alternativa para
o sofrido sertanejo do semi-árido.
Estamos no século
XXI. É o que diz o calendário. Em tempo real, hoje dá para ver a calamidade de
mais uma seca ‘histórica’ que se abateu no agreste. Ela se repete, se repete,
se repete... Isso é fato histórico.
Quantas secas
‘históricas’ já ocorreram? Quantos governos se sucederam nestes 500 anos de
história? Quantos recursos já foram desperdiçados em nome do combate às secas?
Quantas promessas foram feitas e não foram cumpridas?
- É a tal da
indústria da seca a render... Rende notícias, verbas mal usadas, projetos
faraônicos do tipo açudes que não cumprem sua função ou a transposição do Rio
São Francisco que até agora rendeu gastos astronômicos e sucata de material mal
utilizado. Rende também votos aos políticos demagogos que prometem e nada
fazem. A culpa será sempre do clima! O vilão é o clima! O sertanejo a vítima. O
político... Bem, esse não sabe de nada.
Tecnologia que pode
resolver ou minimizar o problema, existe. Muitos países pelo mundo afora tem
condições adversas e a população tem apoio e condições de conviver com
dificuldades de toda espécie. Só no Brasil não se realizam projetos eficazes de
forma plena para resolver os problemas regionais muito bem conhecidos.
Em uma recente
reportagem sobre a dificuldade de escoamento da safra de milho e de soja do
Centro Oeste, um produtor local informou que poderia fornecer o produto para
abastecer a região do Nordeste e salvar os rebanhos, porém não havia caminhões
para transportar o produto. Enquanto o sertanejo sofre as consequencias da
falta de uma gestão eficiente e de planejamento logístico inter-regional, a
presidenta prometeu ajuda, mas só para quando voltar a chover... Sem
comentários. Como se sentiria ela se estivesse na pele do sertanejo?
Por onde anda o
pessoal do Ministério da Integração Nacional? Parece que a sociedade civil e a
iniciativa privada vão ter que tomar medidas que resolvam o que o governo não
faz.
Não há caminhões,
as rodovias estão em péssima conservação, as distancias são enormes, ferrovias,
nem pensar!
Vemos uma saída
prática cujo custo benefício compensaria não só a curto como em longo prazo. - Uma
frota de aviões cargueiros!!! Sim. Exatamente isso. O transporte em aviões
cargueiros de toneladas de soja e milho para alimentar o gado seria uma solução
viável e rápida. O caso é de calamidade pública. Porque não agilizar algo nesse
sentido? Ninguém quer esmolas. Quer soluções.
Água também existe.
É saber administrar. Basta de tanto politizar tudo. Assim como sabem antecipar
campanhas eleitorais, deveriam também saber antecipar medidas para prevenir os
efeitos não só de secas históricas, como das enchentes e deslizamentos de terra
...
Assistiremos ao
velho e repetitivo filme do sertanejo migrando. Infelizmente, novamente chegou
a essa a situação de desespero. Migrar não deveria ser a alternativa, outra
vez...