A boa leitura é o alimento do espírito. O futuro de
uma pessoa tem relação direta com as influencias que recebe durante sua
formação tanto em família, no convívio social, como durante sua vida escolar.
Os tempos mudam. E como mudam! Os reflexos são
sentidos e refletidos na literatura e no comportamento social das pessoas que
direta ou indiretamente são afetadas. Ela é o retrato de uma época, reflete o
pensamento dos diferentes autores e exerce influencias positivas ou negativas
conforme os temas sejam abordados e apresentados.
Sabe-se que crianças e adolescentes têm fases de
crescimento psicológico que devem ser respeitadas para se obter um resultado positivo
na formação de seu caráter. Nossa sociedade ocidental de orientação democrática
e de tradição cristã tem como base um vasto acervo literário aonde vinham
prevalecendo os valores éticos, morais de caráter universal. Eram eles que
pautavam os ensinamentos nos bancos escolares em nosso país.
Toda sociedade é dinâmica. E essa dinâmica tem-se
refletido na literatura que passou a dominar através de autores com influencias
de outras correntes filosóficas, ideológicas, políticas e comportamentais dentro
da sociedade.
Os autores têm o direito de se expressar livremente
na criação de suas obras. Desde simplesmente narrar fatos até o de descarregar
sua libido, suas fantasias e recalques emocionais ao compor uma obra literária.
Porém, quando se trata de leituras destinadas ao público em idade escolar, há o
dever ético e moral de respeitar os valores e princípios de caráter universal.
Um texto para crianças e adolescentes deve formar,
informar e recrear. Nas Antologias da Língua Portuguesa utilizadas nos colégios
constavam variados textos de obras de autores clássicos, crônicas, poemas,
contos, folclore, biografias, lendas e mitos, além de fábulas instrutivas e
educativas. Atualmente notamos que esse tipo de leitura tem sido relegado ao
esquecimento. A nova orientação pedagógica substituiu a leitura que visava
educar e formar, respeitando a sensibilidade do educando, como coisa
ultrapassada, e a substituiu por temas considerados politicamente corretos, que
falem da realidade e do contexto social do educando.
No blog anterior a este, falamos da Maioridade
Penal para menores infratores. Lembrei das palavras do professor substituto de Francês
quando eu era estudante no ginásio; ele também era professor de psicologia e se
preocupava com a formação dos jovens. Um dia ao perceber certa animosidade
entre alunos na sala de aula, calmamente ele disse: - “cuidado com os pensamentos de malquerença, de ódio, de discórdia;
não se deve transformar esses pensamentos em palavras, pois as palavras, mais
dia, menos dia se traduzem em atos. E aquilo que vocês jamais fariam se
tivessem disciplina nos pensamentos, acabam por fazer.”
Vale como reflexão para nossos educadores, orientadores
educacionais, pedagogos encarregados dos currículos escolares e da escolha de
autores com leituras adequadas para crianças e adolescentes de nossas escolas. O
tal ‘progressismo’ de um estado laico não se pode sobrepor ao interesse da
coletividade. Toda informação deve ser ministrada de forma natural, respeitosa
de acordo com a maturidade de cada um. E a família deve ter o direito de opinar
quando o assunto afetar a sensibilidade de crianças e adolescentes. Tudo tem
seu tempo certo. Cuidado com o alimento oferecido aos educandos...