A evolução dos costumes pode ser acompanhada através das telonas e das telinhas. Numa análise rápida dá para estabelecer uma linha de sucessão nos hábitos e no comportamento das pessoas a partir da “Pose de Artista” característica desde que o cinema se tornou uma diversão popular.
Os acessórios cinematográficos, no passado, iam do guarda-chuva e chapéu (Cantando na Chuva) às sofisticadas sombrinhas e chapéus femininos, passando pela casaca, bengala, corrente de ouro do relógio de bolso, aos lencinhos de seda, luvas, etc.
É claro que havia alguns detalhes que marcaram época: Os cavalheiros, por exemplo, desfilavam com terno, colete, gravata, capa longa e um frasco de uísque no bolso interno. Havia também os fumegantes charutos no canto da boca e os cachimbos à la detetive com seu infalível boné.
Havia também os cowboys com seus chapelões, lenço no pescoço, cavalos, laços e a inseparável garrafa de uísque.
As damas usavam chapéu, lenços, lencinhos, sombrinhas numa primeira fase; a seguir começaram a aparecer com um copo de bebida na mão, carteira, cigarreira, piteiras, etc. Evoluíram para o copo de bebida, o cigarro, a bolsa, o casaco e a echarpe.
Nos anos dourados os jovens ganharam as telonas e aí surgiram os apreciadores de refrigerantes com bebidas alcoólicas, o chiclete, e um novo visual – desde os macacões de brim azul, aos blusões de couro, muita brilhantina dos rapazes, e as saias rodadas e sapatos de salto com meia soquete, rabo de cavalo das meninas – tudo ao embalo do rock. Já começava o cigarro a pintar no pedaço, as guitarras barulhentas, algumas motos... Havia também a turma do frappé com frutas, sorvete de casquinha e o café expresso. Daí em diante liberou geral. Os temas românticos e históricos deram lugar a temas violentos de toda ordem, com cenas onde o sexo foi e é explorado como tema base numa degradação total. A telinha propagou tudo para todos os públicos independente de idade. Dizer que o primeiro filme de rock era proibido para menores de 18 anos!
Desembarcamos no século XXI com a moda “unissex”, brincos, tatuagens, bolsas, mochilas, bonés, camisetas, etc. E, mais toda a tecnologia dos celulares e demais modernidades sem esquecer as cervejas, a latinha de bebida (substituindo o copo), as garrafas de ‘refrigerantes’ incrementados – e drogas as mais variadas e para todos os bolsos. Um pesadelo. Baseado rolando no escurinho barulhento das baladas onde os jovens parecem querer se esconder da vida com medo da realidade. Pura covardia.
Em resumo: a bebida e o cigarro/droga estão em todos os tempos e em todas as cenas de há muito tempo. Haverá uma solução em curto prazo?
Esperamos que a atual “pose de artista” torne-se fora de moda urgente. Haverá aí alguém capaz de deletar esse velho filme repetitivo e reinventar a arte de viver a vida feliz de que tanto falam, mas não se esforçam em realmente construir?
As telonas e as telinhas aguardam uma nova pose de artista para servir de modelo mais construtivo.
