Vivemos o momento
do monólogo. O não diálogo ganhou terreno em todos os setores. O retrato de um país
gigante, com riquezas mil, está obscurecido por uma ruidosa guerra de todos
contra todos, como se o poder democrático fosse exclusividade de quem grita
mais alto, intimida mais, faz mais conchavos políticos, desrespeitando a Lei e
a ordem Constitucional. Assiste-se a uma onda de comportamentos egoístas,
individualistas que rasgaram o contrato social e tentam impor sua ruidosa
presença à revelia da Ordem e do Progresso – lema, que, diga-se, a bem da
verdade, eles já tentaram retirar quando assumiram o poder.
Ao parar para
meditar sobre os comportamentos contraditórios onde a palavra e a ação não
combinam, procuramos uma leitura que lance um pouco de luz ao mundo mergulhado em
conflitos. É preciso cultivar a paz, não só ao nosso redor, mas principalmente
dentro de nós.
Encontramos em ‘O
Sermão da Montanha’ (H. Rohden) uma interpretação que vem ao encontro dos
anseios de muitas pessoas. Qual é o verdadeiro significado da palavra PAZ?
O homem é por
essência um ser a caminho de si mesmo: procura consciente ou inconscientemente
realizar-se em todos os níveis, biológica, mental e espiritualmente. Sofre todo
tipo de obstáculo criado pela ignorância, desinformação, desamor e desunião
consigo mesmo e com seus semelhantes. No capitulo ‘Bem Aventurados os
Pacificadores’ – (pag. 55) o autor diz:
- ‘A palavra latina ‘pacificare’ da qual é
derivada ‘pacificus’, é composta de duas radicais (e o mesmo acontece em
grego): ‘pax’ e ‘facere’, isto é, paz e fazer. Pacificador (em latim pacificus)
é, pois, aquele que faz a paz, é um fazedor de paz, um homem que possui em si a
força creadora de estabelecer ou restabelecer um estado ou atitude permanente
de paz no meio de qualquer campo de batalha.’ E prossegue: - ‘Não é, em
primeiro lugar, aquele que restabelece a paz entre as pessoas ou grupos
litigantes, mas sim aquele que estabelece e estabiliza a paz dentro de si
mesmo. Aliás, ninguém pode ser verdadeiramente pacificador de outro se não foi
pacificador de si mesmo’.
-
‘O grande tratado de paz tem que ser assinado no foro intimo do Eu individual
antes de ser ratificado no foro externo das relações sociais.’
-‘Quando
o homem tolera a si mesmo graças a uma profunda paz de consciência todas as
coisas e pessoas do mundo são toleráveis; mas quando o homem de consciência
insatisfeita, não tolera nem a si mesmo, nada lhe é tolerável. O remédio está
em corrigir o sujeito e isto pressupõe uma sinceridade muito difícil e rara.’
Hoje, casualmente,
abrindo links em um jornal da Costa Rica encontrei uma mensagem do Papa
Francisco (02-04-2014); o tema que fez
parte da audiência na Praça de São Pedro foi sobre a catequese matrimonial. O
que ele diz aos casais se aplica à vida diária, profissional, política em qualquer
parte do mundo e pode ajudar a uma convivência de paz e de entendimento entre
todas as pessoas.
O artigo sob o titulo: “El Papa dice que cuando un matrimonio discute
'no hace falta llamar a la ONU' – lembra com bom humor que tudo se resolve com
três palavras mágicas: “perdón”, “gracias” y “por favor”.
O verdadeiro tratado de Paz é assinado no for íntimo...