Na entrevista com o
presidente do Uruguai, onde o uso da maconha deve ser oficializado, ele afirma
que o problema maior é o tráfico e não o usuário; é uma visão limitada, quase que
uma confissão de que a sociedade falhou, que os governos não sabem o que fazer.
Existe o tráfico
porque há consumidores do produto. Quando o traficante ficar falando sozinho, a
coisa muda. E para se chegar a esse estágio não é fazendo concorrência com ele
que se vai ganhar a guerra, mas é preciso mudar o enfoque do problema.
Não há o
que debater como pedem jovens e pessoas fora da realidade.
É
preciso ensinar o que é droga, de forma curta e direta: droga vicia; droga
prejudica a saúde física e mental do viciado; droga afeta não só ao consumidor,
mas à família e à sociedade; droga MATA!
Ninguém nasce
sabendo, portanto é um trabalho diário o de ensinar, educar, conscientizar,
chamar o jovem para a realidade. Quanto maior numero de jovens conscientes
dessa realidade houver, melhor; eles podem ser multiplicadores da informação
para que chegue ao maior numero de pessoas evitando que os menos avisados caiam
vitimas da tentação do uso (social...) da droga. Falo por experiência e agradeço
a essa informação constante que tive em meu tempo.
Droga sempre
existiu e traficantes também – não da
forma ostensiva de hoje, mas existia. Os usuários o são por absoluta falta de
conhecimento e de uma constante orientação adequada. Desde criança soube que há
drogas e o mal que elas fazem. Em tempos de estudante havia a informação
adequada de forma direta, sem meias palavras, no momento oportuno, através dos
diferentes professores e disciplinas: cigarros, bebidas, drogas, medicamentos.
Mais tarde vieram as informações sobre anfetaminas, às ‘bolinhas’ e drogas mais
pesadas. O alerta era constante, sem neuroses, porém com firmeza, especialmente
quando havia festinhas e bailes estudantis, e no carnaval. As recomendações
incluíam não aceitar bebidas, inclusive água, sem ter segurança do que iria
beber ou comer.
As drogas começaram
a circular com maior intensidade a partir do fim dos anos 50 por influencia dos
festivais de rock nos EEUU e dos protestos contra a guerra do Vietnã; os jovens
americanos que tivessem fumado maconha não eram convocados para a guerra. Com
isso a droga ganhou uma auréola de misticismo e falso pacifismo. O uso de
drogas, como forma de protesto, soava como música aos ouvidos de uma geração de
alienados – os alternativos; não se davam conta do real perigo que corriam ao
mergulhar de cabeça no vicio. Em paralelo, aumentou a promiscuidade que levou a
disseminação de doenças, à prostituição e de falta de respeito pelo próprio
corpo.
Hoje existe uma
complexa estrutura do crime organizado tendo a droga como um dos produtos mais
valiosos. Na outra ponta temos os usuários,
vitimas da curiosidade, da desinformação e da falta de uma política
educacional que priorize o cidadão, especialmente o jovem, livrando-o dessa
dominação perversa através de uma informação correta.
Entre muitos outros
casos semelhantes, seguem três exemplos de como o cidadão hoje está indefeso por falta de
uma política educacional séria e isso
tem contribuído para que muitos jovens sejam vitimas das drogas.
1º. Caso - Um jovem pobre se encantou com a
amizade de um ‘filhinho de papai’ que lhe ofereceu a chance de ganhar dinheiro
vendendo drogas que ele adquiria na capital. O jovem foi apanhado pela policia
e preso por tráfico; o ‘filhinho de papai’ nada sofreu; ele pagou um advogado e
a mãe viúva ficou agradecida porque o filho permaneceu na cadeia local e ela
podia visitá-lo. 2º. Caso - Um rapaz que, por força da profissão, tinha acesso
a todo tipo de medicamentos controlados; ele não resistiu à curiosidade e
começou a experimentar; viciado, não conseguindo livrar-se das drogas e,
envergonhado perante a família e a sociedade, suicidou-se. 3º. Caso – um jovem
médico, numa noite de carnaval, enquanto se divertia com a família no salão, teve
a droga colocada no refrigerante que estava sobre a mesa; sem saber, ao se
servir do refrigerante, a dose foi tal que teve uma parada cardíaca, e não
resistiu.
Considero este 3º.
Caso o mais trágico, pois nos dois casos anteriores os jovens tiveram a
oportunidade de usar o livre arbítrio enquanto que neste caso a pessoa foi
vitima de maldade de terceiros. Infelizmente muitos jovens acabam viciados por
esse processo de receberem pequenas doses sem saber até que acabam viciados
quando não tem problemas irreversíveis de coma e morte.
A reboque da onda
mística do ‘não faça a guerra, faça a paz’, os jovens e os governos estão
perdendo a guerra para as drogas e para o tráfico. Não há o que debater. É
preciso contra atacar; agir, usar a tática da informação correta para que os
jovens tenham suas armas de defesa pessoal. A guerra não está perdida!