Conheci São Paulo em 1958 e residi lá alguns anos na década de 60. E voltei lá muitas vezes. Acompanhei seu crescimento.
Na época, a cidade já impressionava pela arquitetura, pelas amplas avenidas praticamente vazias. O principal meio de circulação ainda eram os simpáticos e barulhentos bondes abertos transportando cidadãos bem vestidos - na época os homens andavam de terno e gravata e alguns ainda usavam chapéus; as mulheres, elegantemente vestidas em seus trajes discretos, pois a calça comprida e as roupas mais esportivas de hoje não faziam parte da moda. Havia também os táxi-lotação - carros V8 pretos, alguns ônibus e carrões conversíveis - Cadillac.
A principal diversão era o Cinema com salas na região central - Av. São João e adjacências - onde eram exibidos em telas panorâmicas os clássicos da Metro. O aeroporto de Congonhas com os aviões da VASP era um atrativo domingueiro. Muitas pessoas aproveitavam o fim de semana, logo cedinho, para descer a Serra do Mar e ir de ônibus à praia de Santos - São Vicente, e retornar à tarde.
O ABC era um projeto de industrialização nascente. A cidade começava a se destacar indicando os rumos que seguiria e no que se transformou hoje: centro administrativo e financeiro, cultural, científico, etc., de projeção Nacional e internacional.
Os bairros da Lapa, Brás, Bom Retiro com características dos imigrantes lá estabelecidos, davam um toque especial à cidade em sua multiplicidade de povos e culturas - italianos, espanhóis, árabes, judeus, os portugueses com suas imbatíveis padarias, bem como os bairros residenciais refletindo a riqueza dos antigos cafeicultores paulistas. Migrantes nordestinos ainda eram raros.
O Hospital das Clínicas, o Colégio Caetano de Campos, a Catedral e a Praça da Sé, praça da República, a Estação, o Jardim da Luz, o Anhangabaú, o Largo de São Francisco, de São Bento, o Teatro Municipal, o Viaduto do Chá, a casa do Imigrante, o Ibirapuera, o prédio Martinelli... eram algumas referencias de importância que se destacavam na cidade.
Respirava-se. Vivia-se uma vida agitada para a época, porém muito saudável e tranquila se comparada com os dias de hoje. Era a São Paulo quatrocentona, terra da garoa. Lá se foram mais de cinquenta anos. Quanta transformação!
Naquela época Pizza era uma novidade pouco conhecida. O Frapê (batida de leite com sorvete) uma delícia... O Bauru era o sanduíche da moda; o pastel da feira já fazia sucesso. Cuscuz, virado paulista e feijoada eram pratos que conviviam com risotos, massas italianas, comidas árabes nos poucos e discretos restaurantes.O comércio era dominantemente de pequenas vendas, mercado e feiras livres.
458 anos! São Paulo, com mais de dez milhões de habitantes, tornou-se numa metrópole cosmopolita com múltiplas faces. É a cidade do trabalho, dos negócios, das Universidades, da pesquisa científica, dos encontros culturais, dos mega eventos, do coração financeiro,etc, e também do Samba, da vida noturna intensa, do futebol, de muitas modalidades de atividades.
Aliás, já diz o ditado: "São Paulo não pode parar"!
Podemos resumir dizendo que São Paulo é o coração do Brasil e o cérebro da América Latina. Tem muitos problemas também, o que é muito natural para uma cidade que em menos de quinhentos anos suplantou muitas cidades do mundo.
Parabéns São Paulo! Parabéns Paulistanos. A Locomotiva não pode parar.
Muitos anos de felizes realizações.