- “Quem bebe água do rio Paranapanema sempre volta à cidade, ou pelo menos, nunca a esquece”. Há mais de dez anos que não visito a cidade de Piraju, mas não perdi o contato.
- “PIRAJU, Terra do Gal. Ataliba Leonel”; “Piraju, Cidade Jardim”; “Piraju, Estância Turística”. Três epítetos merecidos, pois condizem com sua realidade histórica, com suas praças sempre floridas e bem cuidadas, e com as características de suas belezas naturais com o “Panema” a emoldurar um dos mais belos quadros da cidade.
Ao tomar conhecimento do trabalho desenvolvido pelo “ACERVO MUNICIPAL ESTÂNCIA TURÍSTICA DE PIRAJU – com o objetivo de preservar a memória da cidade e ao rever diversas fotos antigas, não podia deixar de lembrar dos lugares por onde caminhei tantas vezes. Aqui, num mergulho no tempo, procuro registrar um pouco das lembranças que guardo da Cidade e da RUA JOÃO HAILER nº296 – residência dos abuelos: Lauro Lopes Olmo e Justa Moreno Sanches, e “caminho” do dia a dia de toda a família, por muitos anos.
A cidade de Piraju na década de 1940/50 era uma pequena comunidade internacional que abrigava imigrantes que haviam chegado no início do século XX e que prosseguiu com certa intensidade até os anos 50. Destacavam-se os italianos, espanhóis, sírios, libaneses, turcos e em menor número também havia famílias de alemães, suíços, judeus, húngaros, russos, argelinos, marroquinos, etc. Cada um conservava em suas residências os usos e costumes de origem, principalmente o idioma, porém a convivência era fraternal e respeitosa, todos se esforçando para se comunicar em português e participar dos eventos públicos cívicos, religiosos e festas locais. Todos procuravam integrar-se à vida na cidade onde já havia muitas famílias de origem portuguesa: Arruda, Mourão, Ferreira, Camargo, Leonel, Galvão, Barros, Machado, Souza, Pereira, Braga, etc.
A Rua João Hailer – não era diferente. A “rua que sobe desce” representa muitas lembranças para nós. Desde o susto, na volta do então Grupo Escolar Ataliba Leonel, ao deparar com um índio peruano em seus trajes típicos, caminhando de costas pelo meio da rua enquanto tocava seu tambor, às brincadeiras com amigas de infância (Vera, Eunice, Neuza, Júlia, Maria das Dores, Dione, Rita, entre muitas), até os desfiles cívicos nos dias de feriado nacional.
Entre os desfiles patrióticos houve um muito especial. Foi o da comemoração do fim da Segunda Guerra Mundial (1945). Este desfile foi à noite, luzes apagadas e com os alunos portando lâmpadas coloridas, ao som da fanfarra do Tiro de Guerra, e do canto do Hino Nacional e a Canção dos Expedicionários. Orgulhamo-nos de ter participado dessa primeira e inesquecível festa cívica.
Piraju das Praças festivas onde aos domingos e feriados famílias inteiras compareciam para comemorar, confraternizar, participar dos eventos cívicos e religiosos, especialmente na Pça. Ataliba Leonel. Havia música ao vivo com a Banda Municipal no coreto. Havia fogos de artifício a competir com as noites de luar. Muitas são as lembranças que chegam aos borbotões: - O alto falante com as músicas da época, o repicar do sino e o badalar do relógio da Igreja, a sirene do Colégio cinco minutos antes do início das aulas, o burburinho das ruas nos dias de “pagamento”, o vai e vem dos veículos da época: carroças, charretes, carrocinhas de aluguel, cabriolés – já começavam a ser sofrer a concorrência dos V8, Ford, Baratinhas, algumas Jardineiras.
Bons tempos! Muita saudade.