sexta-feira, 23 de setembro de 2011

AS ESCOLAS E A PLACA COM O ÍNDICE DO IDEB

Palavra que por essa eu não esperava! Uma placa a ser colocada em lugar de destaque nas escolas com o respectivo índice do IDEB... E, dizer que o assunto já é até objeto de lei! Parece que a proposta é do ex-ministro da Educação Cristóvão Buarque e já encontrou adeptos.
Se o foco de preocupação deve ser o aluno em primeiro lugar; e em segundo e em terceiro lugar é o aluno que também deve ser objeto de atenção, não consigo entender porque perdem tanto tempo com índices e outras tonterias.
Há sim, baixo rendimento escolar. Há sim, desinteresse e falta de esforço por parte do aluno. Há sim, evasão escolar. Há sim, escolas boas e escolas fracas. Há sim, bons professores e outros desmotivados e sem um preparo adequado, entre muitas outras causas do insucesso da Escola como, por exemplo, o péssimo estado de conservação de muitos prédios inadequados à função educativa.
Porém, não será essa idéia infeliz de colocar uma placa na Escola com o índice obtido na avaliação do IDEB que vai melhorar a situação do aprendizado.
Isto porque os senhores responsáveis pela Educação de nossas crianças e jovens ignoram as DIFERENÇAS INDIVIDUAIS na capacidade de aprendizado e que nada tem a ver com origem social dos alunos, ou do poder aquisitivo da família, ou se são provenientes de ambiente pobre ou rico, etc.
Aprendemos em Psicologia Educacional que as pessoas são diferentes quanto às suas capacidades de aprendizado. E todo mundo sabe que cada pessoa, desde criança, tem maior ou menor facilidade de aprendizado em determinadas áreas do conhecimento.
Será que é tão difícil entender isso?
Tive a oportunidade de trabalhar com alunos provenientes de uma mesma família, onde como irmãos, cada um tinha um gosto, uma habilidade ou uma dificuldade natural, pois eram irmãos, mas não a mesma pessoa. O mesmo em relação a duplas de gêmeos. Se era difícil distingui-los fisicamente, o mesmo não ocorria quanto ao nível de aprendizado.
Queremos lembrar que na época em que havia exame de admissão ao ginásio, trabalhamos com classes em que 90% dos alunos eram bons ou ótimos, e apenas 10% eram alunos fracos ou com dificuldades que às vezes os levavam à 2ª época e até à repetência. Após o fim do exame de admissão a situação se inverteu: 10% dos alunos eram ótimos ou bons, e 90% de alunos fracos. Foi aí que começou a funcionar o “empurrometro”, onde até a freqüência passou a valer para aprovação no conselho de classe. Nessa época os alunos ainda respeitavam os professores. Não precisamos repetir aqui as histórias de violência nas Escolas, o que já é rotina na imprensa.
Se o objetivo da Escola é o da inclusão – nada contra. Mas ao menos tenham o bom senso de não querer nivelar todos os alunos. E, o que consideramos pior é que uma placa dessas representa mais uma forma de ‘intimidação’ e de exposição dos alunos. Desculpem a franqueza, mas seria uma espécie de “chapéu de orelhas de burro”!
Respeitem as diferenças individuais dos alunos quanto às suas capacidades de aprendizado! Os testes de QI e Vocacionais, e um trabalho de Orientação não são nenhuma novidade e podem ser utilizados de forma construtiva sem constrangimentos para ninguém.
Caros senhores, basta de querer “pintar o mastro da Bandeira” para fingir que estão trabalhando. Educação é coisa séria. Alunos são seres humanos, não máquinas de produzir índices.