O grande
salto cultural verificado quando da construção de Brasília, tornou-se assunto
de estudo e debate em nosso curso de Geografia. O fenômeno sócio-cultural
chamou a atenção, pois do interior do nordeste, cidadãos analfabetos, afeitos
ao trabalho duro do campo iam chegando ao canteiro de obras e em poucas semanas
já eram vistos no alto dos andaimes usando ferramentas que nunca tinham visto
nem sabiam para que serviam. O mesmo fenômeno se verificou com a migração massiva
para São Paulo. Eles foram chegando em levas crescentes e se adaptando ao novo
lar, aprendendo e ajudando no progresso da cidade que não pode parar...
Comentário: - Os nordestinos migraram para São Paulo, uns por absoluta falta de condições de viver em sua
terra de origem, outros atraídos pelas noticias de um mundo novo repleto de
oportunidades que eles não tinham em sua terra natal. Assisti à chegada dos
primeiros migrantes da década de 50 à capital paulista. Inicialmente chegavam pela via férrea e eram
encaminhados até a casa do imigrante no Brás onde recebiam um atendimento básico (hospedagem,
alimentação, atendimento de saúde) até serem direcionados para um trabalho na
área rural – São Paulo ainda não era o pólo industrial em que veio a se
transformar. Nos anos seguintes, com a abertura de estradas, começaram a chegar
os ‘paus-de-arara’ – caminhões com
carrocerias adaptadas para o transporte de pessoas. Estes novos migrantes, tão
logo chegavam à cidade, se dispersavam, e, as autoridades que mantinham uma política de
atendimento aos migrantes perderam o controle. O resultado foi o começo de
construções de barracos nas periferias onde passaram a viver e dali partir em busca de um emprego. Lembro de uma jovem
maranhense que foi trabalhar na casa de uma professora, amiga nossa, para cuidar de três crianças. A jovem, forte,
simpática e atenciosa para com as crianças, não sabia o que era janela, não sabia abrir a maçaneta da porta,
chão de sinteco para ela não precisava ser varrido... Teve que aprender a usar
o chuveiro, a pia, o banheiro, abrir e fechar portas com chave... Aprendeu
tudo, inclusive a ler e escrever. Inteligência não é o que falta ao nordestino,
muito pelo contrário. Se não teve oportunidades de uma vida melhor em sua terra natal e
precisou migrar para São Paulo e outras regiões, o problema naturalmente está
lá no NE onde, ainda hoje, os políticos
preferem usar o que São Paulo tem de
bom, a levar para seu povo as coisas boas que eles também merecem ter. Incluam
aí o respeito pelo trabalho alheio.
Lembrete aos que vieram para São Paulo e se
aproveitaram para fazer suas carreiras políticas: – Voltem à terra natal e
levem a experiência adquirida para melhorar a vida de seus conterrâneos... Eles
merecem! Só bolsa família não vai resolver o futuro das novas gerações.
O Tempo
não para - Estamos em
plena campanha política, às vésperas de mais
uma eleição para Presidência do Brasil. Predominou o baixo nível do debate, a
agressividade, o desrespeito pelo eleitor que esperava propostas concretas, mas
foi bombardeado com falas repetitivas que, em certos momentos, parecia disco
quebrado das vitrolas de antigamente. As regras de civilidade e respeito pelo
adversário foram quebradas inúmeras vezes dando um péssimo exemplo do que seja liberdade
de expressão.
Quanto às
novas pesquisas de intenção de voto, não acredito que o ultimo debate seja a
causa da queda nos índices divulgados – aliás, tenho minhas duvidas sobre o
acerto dessas pesquisas; é só olhar o que aconteceu no primeiro turno. Não sei
quem vencerá a eleição. Temo pelo futuro do país seja quem for o eleito.
O Brasil é
dos brasileiros e todos têm o direito de ter reais oportunidades de realizar
seu salto cultural, econômico e social de fato. O simples verniz oferecido ao
cidadão menos favorecido está servindo aos políticos para, vaidosamente, se
exibirem como os benfeitores da pátria.