A estiagem
atípica que ocorre este ano em boa parte do país está provocando discussões
inúteis onde alguns procuram tirar partido em ano eleitoral. Esse comportamento
infeliz e vergonhoso expõe o baixo nível das pessoas dos diversos setores do
poder público.
A água pode acabar sim. O cidadão, mal acostumado com as
benesses que recebeu no torrão natal, usa e abusa dos bens naturais sem se
preocupar com o amanhã. O homem não tem o poder de controlar os grandes ciclos da
natureza; ele precisa usar da inteligência para se adaptar sempre que for
necessário. E sem choradeira do ‘nós somos os culpados’ ou acusações terroristas.
Soube que ocorreu em
São Paulo, no dia 09 de outubro, um encontro de cientistas e estudiosos dos
problemas urbanos, para apresentar soluções criando as tais ‘cidades
inteligentes’.
O debate girou
sobre: - Como serão as cidades do futuro, como viverão os cidadãos nessas
complexas aglomerações onde a tecnologia por enquanto só trouxe complicações,
e, naturalmente apresentaram novas tecnologias
para resolver os problemas que
atingem as grandes cidades; parece que se esqueceram que o homem é mais
complexo e imprevisível do que toda a tecnologia que se possa inventar. As
soluções que deram certo em uma localidade podem não ser o ideal para outro
país por ‘n’ razões.
Entre as
sugestões, os especialistas reunidos apresentaram algumas propostas curiosas,
como: uso de um chip nos sacos de lixo
para saber para onde vai(sic)...; uso de
carros elétricos sem motorista que deixam o passageiro no serviço e voltam para
buscar outros passageiros – abre vaga nas garagens, mas sobrecarrega o transito
das ruas. Ou não? Outras propostas incluem as ciclovias que vem sendo implantadas em São
Paulo, por exemplo, e que representam uma iniciativa de caráter mais comercial
do que de soluções como meio de transporte público. Os empresários da área
devem estar felizes! Outro item - Transporte solidário já existe. Uso de
aplicativos para serviço de táxis também já existe em cidades como São Paulo. Reuso
de água. Reciclagem. Etc.
De minha parte,
num texto de ficção (inédito) há mais de vinte anos, sugeri as calçadas
rolantes (!) – tecnologia existe. Falta alguém por em prática. Não cobrarei
direitos...
Projetos
sempre houve. Desde o fim do século XVI já se pensava nas cidades do futuro
para proporcionar qualidade de vida aos moradores. Grandes pensadores dedicaram-se à criação de uma cidade
perfeita. Imaginem um lugar onde todos são protegidos, tem alimentação,
vestuários, alojamentos e tratamento médico de alta qualidade, onde ninguém tem
que trabalhar mais que seis horas por dia.
Thomas More,
estadista inglês do século XVI imaginou a sociedade assim. Chamou-a de Utopia
que em grego quer dizer “Lugar nenhum”.
Porém tinha lá seus inconvenientes.
Por exemplo, quem não se interessasse pela terra não ia gostar de viver lá,
pois todos os cidadãos eram obrigados a trabalhar dois anos no campo. O tempo
disponível seria para aprender e estudar através de estudo privado ou palestras
públicas. Todos deveriam vestir-se de preto. E por aí vai. Para ele a cidade deveria ter casas com terraços e grandes
jardins, tudo protegido por sólidos muros, salas de jantar comunais, além de
igrejas e armazéns. O projeto previa 80 cidades cuja distancia entre elas seria
de um dia de caminhada.
No final da
década de 1920 um arquiteto de nome Frank Lloyd Wright fez um projeto de cidade
perfeita onde todos os moradores viveriam em casas funcionais em amplos
terrenos anexos, em harmonia com o meio. Para ele o problema das cidades é que
os cidadãos ficam escravos da renda. Prognosticava uma sociedade de trocas,
pois todos os moradores teriam terras suficientes para cultivar alimentos para
prover suas necessidades. Os bens e serviços seriam todos trocados e não
comprados ou vendidos para obter lucro. Em um esboço da sua cidade ideal reúne
edifícios integrados ao meio e, como forma de transporte, seriam usados
helicópteros circulares...
Projetos não
faltam. Colocar em prática é que está difícil!
Mas, e se acabar
de verdade toda a água que abastece São Paulo? Migrar, vai ser a solução mais
prática. Ou fazer a transposição do rio Amazonas e do aquífero Alter, por
exemplo... A transposição do Rio São Francisco já começou a ficar comprometida
antes de seu término. Se não chover... a fonte vai secar.