Na
história do país, as secas do Nordeste
–no Semi árido – mais conhecido como polígono das secas, é que tem como
tradição secas prolongadas provocando problemas sociais e econômicos, exigindo
a migração constante – os retirantes – para outras regiões do país. Obras contra as secas e o uso
político do fenômeno são velhas conhecidas dos brasileiros. Secas atípicas na
Amazônia desde 2005 com alternâncias de
chuvas e inundações tem-se sucedido. Atribuiu-se o fenômeno da seca na região à
presença de grande quantidade de poeira no ar que fazia com que a água fosse capturada
impedindo as chuvas. Agora é a hora e a vez do Sudeste. O que está acontecendo
com o clima?
O Brasil é
um país privilegiado tanto pela extensão territorial, como pela ampla variedade
de recursos naturais, inclusive os hídricos que
têm sido apresentados como se fossem inesgotáveis. Acostumamos-nos a
ouvir falar e ver os imensos rios e bacias hidrográficas (Amazônica, do
São Francisco, Platina, etc.), fartas chuvas tropicais, gigantescos lençóis
subterrâneos com águas da melhor qualidade, grande variedade de fontes, minas,
olhos d’água, filetes e ‘choros’, todos
a escorrer por encostas até atingir calhas mais baixas e correr para o
mar. A umidade na atmosfera é alta devido à evaporação constante da água na
superfície dos oceanos, da águas dos rios e lagos. Como ela se distribui e
volta em forma de chuvas tem apresentado irregularidades cujas causas são
desconhecidas segundo os climatólogos.
O ciclo
hidrológico é constante. Temos a evaporação, a precipitação (chuvas, neve, granizo,
garoa, neblina, sereno, orvalho...) e a infiltração que vai abastecer os
lençóis subterrâneos, que alimentam
fontes e nascentes. Para novamente evaporar e precipitar.
Algo está
confundindo os climatólogos que não acertam com as causas da seca prolongada no
Sudeste neste ano (2014). Até as nascentes do Rio São Francisco na serra da
Canastra (MG), secou. O nível dos reservatórios da Cantareira que abastecem a
cidade de São Paulo está baixo e começa a comprometer o abastecimento. É o
aquecimento global! Dizem uns. Outros acusam sobre o mau uso dos recursos
hídricos, a falta de planejamento,
o excesso de consumo e desperdício.
Todos tem razão e nenhum tem o direito
de apontar o dedo para o outro.
Os cidadãos terão
que aprender a conviver com os extremos climáticos que não obedecem a decretos
nem leis humanas. A ampla faixa de
instabilidade de convergência das massas
de ar, que ora se deslocam mais para o norte ou mais para o sul, e que podem
permanecer estacionadas por largos períodos sobre a região, acompanha aproximadamente a linha do trópico de
Capricórnio; por motivos ignorados pelos
climatologistas não dá para se determinar as causas que influem no
comportamento das massas de ar nessa faixa, nem como fazer previsões.
As mudanças climáticas são um fenômeno mundial e
extrapola nosso tempo cronológico. Elas são uma constante na história do
planeta. Já falei sobre o assunto em outros textos. O que eu me lembro de ouvir
contar de secas, geadas negras, tempestades tipo tornados, chuvas catastróficas
de granizo, inundações etc. - na região sudeste, ocorreram num tempo em que não
havia nem sistema de previsão meteorológico nem imprensa para noticiar ao vivo
e a cores.
A natureza
segue seu curso – como os rios. Segue ciclos, como os rios que surgem de
nascentes e passam por: - uma fase
chamada de ‘juventude’, ‘maturidade’
quando atingem o equilíbrio na calha por onde correm, e ‘senilidade’ – quando a
água começa a escassear – podendo desaparecer. A água, no entanto continua a
existir, só que a nascente mudou de lugar, ou o curso foi desviado por causas
geológicas. Tudo está em constante
movimento. Falemos do Rio São Francisco: a calha ocupada pelo rio é o fundo de
vale que sofreu um afundamento (Rift – Valley ou vale de deslocamento
tectônico) – ou seja, se formou pelas forças de tensão e de compressão; foram
essas forças que, com a falha da cachoeira Paulo Afonso, desviou o curso do rio
que, inicialmente corria para o norte. Os movimentos geológicos, mesmo imperceptíveis,
podem influir no desvio de cursos de água ou provocar o afundamento de
nascentes que poderão reaparecer a quilômetros de distancia. Na natureza nada é definitivo. Um detalhe que
poucos sabem é que a Natureza passa por diversas fases. Corresponde ao que o
geógrafo W. Morris Davis chama de ciclo vital por que passa o relevo de uma
região, ou mais especificamente à evolução que modifica as características de
uma rede hidrográfica.
Há outros
elementos que influenciam nos climas e não estão sendo levados em conta. Além dos
já conhecidos fenômenos El Niño e La Niña, nas altas camadas da atmosfera têm a
Anomalia Magnética do Atlântico Sul que se movimenta (0,3º. – a 0,5º. - rumo oeste) e exerce sua influencia nos climas e nos
deslocamentos das massas de ar. Sua
influência afeta a Ionosfera desde a Cordilheira dos Andes até a África do Sul
no sentido oeste-leste, e toda a América do Sul, de Norte ao Sul. Esta anomalia
magnética é produzida por um "mergulho" no campo magnético terrestre
na região do Atlântico Sul, uma vez que o centro do campo magnético terrestre
está deslocado em relação ao centro geográfico por 450 km , conforme estudos do
Laboratório de Pesquisas em Geomagnetismo do IAE (no Paraná). Esta anomalia pode diminuir o escudo protetor da Terra contra
os prótons do sistema intergaláctico e solar e apresentar um ciclo de 1.200
anos semelhante a outros ciclos já observados no passado: Ex. O Período Minóico
– clima quente – (cerca de 1.400 a.C), o Período Romano – clima quente- (cerca
de 25 a.C) e o período Medieval de clima favorável ocorrido aproximadamente a
1.000 d.C – representam ciclos com
periodicidade de cerca de 1.200 anos. Na sequencia das observações foi possível
registrar essa mesma periodicidade de ciclos de 1.200 anos nos climas quentes
europeus.
Como vemos,
o assunto extrapola as fronteiras da ação humana. Resta ao homem aprender a se
adaptar as condições mesológicas. Muitos países já adotam medidas inteligentes
de uso e reuso do precioso liquido – a água. E, até já há tecnologia para
extrair água do ar... A solução chama-se adaptação.