quarta-feira, 29 de outubro de 2014

ELEIÇÕES - 2014 - BALANÇO GERAL. EXPECTATIVAS e INTERPRETAÇÃO DOS ACONTECIMENTOS.

O Brasil visto lá de fora: - Como ver o mundo através de um idioma? A mentalidade de cada povo difere de outro – a forma de se expressar, de construir frases, interpretar significados também.

Por alguns comentários que ouvimos, esta eleição de segundo turno teve lances que, certamente, confundiram a cabeça de alguns correspondentes internacionais, dificultando o entendimento do que se passa no Brasil. É que eles, em geral, aprendem aquela tradução direta entre dois idiomas; não basta saber traduzir um idioma, no caso o português falado no Brasil, para sua própria linguagem. É preciso aprender a pensar no idioma falado aqui. O mesmo vale para poder entender qualquer idioma. A imagem veiculada do país maravilha e a realidade que os correspondentes estrangeiros encontraram, equivalem a um filme que mistura o lado positivo e o  negativo.

Quanto aos cumprimentos diplomáticos que se seguiram à proclamação dos resultados finais das eleições democráticas, foram os protocolares de acordo com as regras internacionais de convívio e respeito pela soberania do país em questão. É assim que deve ser. O Itamaraty deve seguir o exemplo.

O Brasil visto pelos brasileiros. Quais as expectativas? – Estas eleições deveriam encerrar o ciclo iniciado quando da expressão da vontade de mudanças iniciada nos movimentos de rua em julho/2013. O tema foi  amplamente usado durante a campanha eleitoral; isso  deixou no ar a expectativa de que haja algo novo num governo velho com 12 anos no poder (!) – Haverá algo novo? - Só o futuro para dar a resposta.

Urnas encerradas, votos apurados, cumprimentos e votos de paz e união, tudo como manda a etiqueta. O discurso de Paz e de União protocolar entre os candidatos não encerra os questionamentos que ficaram  para o dia seguinte, para o mandato a acontecer, para a justiça dar seu parecer, para a sociedade absorver a realidade que uma coisa é uma coisa e outra coisa é outra coisa: - entre o dizer e o fazer há muita distancia. A economia vai mal, a saúde vai mal, a educação vai mal, a infra-estrutura idem. O ano de 2015 não será um ano fácil. E há o escândalo da Petrobrás  e todas as falcatruas que não dá mais para esconder. A oposição que saiu forte e unida deverá fazer sua parte.

Ficam rusgas, ficam duvidas, reclamações e a constatação, por exemplo, que a maioria dos eleitores não aprovou a candidata eleita. É só ver os números:

- Dilma, candidata a reeleição, obteve 54.495.265 = 51,64%  e Aécio Neves obteve  51.035.473 =  48,36%; somados os nulos, mais os votos em branco e os dos eleitores que se abstiveram de votar, mais os votos dados ao candidato tucano temos 83.100.453  eleitores que disseram não ao PT.  Sem duvida alguma isso é muito significativo. Finalmente temos uma oposição forte e consistente para enfrentar a índole autoritária de uma presidente com vocação para a ditadura. A presidenta quer um plebiscito para fazer uma reforma política, e pela fala nas entrevistas concedidas ontem às emissoras de TV, mesmo falando em diálogo reforçou a vontade autoritária de resolver o assunto na base do sim – não ao que o governo PT apresentar. Começou a ignorar que o Congresso é quem representa os eleitores e que cabe a ele elaborar e discutir o assunto que poderá, sim, depois, ser submetido a um referendo popular.   Quem ganha governa, quem perde fiscaliza e toma as devidas providencias  para coibir abusos; é o mínimo que se espera ou deixaremos de ser uma democracia.

Uma discussão que ainda é preciso encarar sem medo é a das URNAS ELETRONICAS & VOTO DIGITAL. Houve muitas denuncias sobre falhas  ao digitar os números dos candidatos. Teria sido mais justo e transparente programar a impressão do voto para que o eleitor tivesse certeza que seu voto realmente foi registrado para o candidato em quem votou. Até a Argentina adota esse sistema recusado pelo TSE no Brasil. Aqui o voto é tão secreto que o eleitor não tem o direito de confirmar sua escolha. Confiar nesse sistema, só se o voto tivesse um GPS... Países como a Alemanha, França e Estados Unidos, por exemplo, recusaram a urna eletrônica por considerá-la não confiável.

O PT  aceitaria um confronto com voto aberto dos eleitores que votaram na oposição? As denunciais são tantas sobre as irregularidades ocorridas que seria mais do justo fazer um tira-teima. Aliás, porque tanto segredo na apuração, como foi mostrado ontem no JN?

Conclusões - Acabou o período eleitoral, e pela lógica tudo deveria voltar ao normal. Acontece que as bruxas estão soltas há tempo e usarão suas vassouras para espalhar toda a sujeira acumulada nos últimos 12 anos do governo do PT. Haja vassouras! A delação premiada começa a fazer vitimas e também tem o inicio de ‘fila de espera’ dos envolvidos no Petrolão para contar o que sabem... É hora de passar o Brasil a limpo e a seco, se é que me entendem.