Mais um caso de violência com morte de um
torcedor acaba de ser noticiado. Não é só o futebol que vai mal. No país do
futebol a beligerância entre torcidas organizadas dos clubes de futebol é mais
do que um caso de policia.
No inicio dos anos 90 eu acabara de mudar para o
bairro do Ipiranga - São Paulo – capital, próximo à Avenida Ricardo Jafet –
quando fui surpreendida com muito barulho e sirenes da policia. Apreensiva,
liguei a TV (era horário de noticias local) e lá estava a noticia do que estava
acontecendo no bairro a poucas quadras de minha casa, ao vivo e a cores. Uma
caravana de ônibus transportando torcedores de um clube de futebol seguia em
comboio rumo à baixada santista devidamente escoltada por várias viaturas
policiais. Segundo o repórter que dava cobertura ao fato, a presença da policia
era para evitar confronto de torcidas na chegada à Vila Belmiro.
O apresentador do jornal, no estúdio da TV,
comentou: - ‘Não é assim que se resolve
o problema das torcidas. Isso é o começo e o sinal de um futuro preocupante. ’
– não deu outra. Ontem, mais uma vez ao ligar a TV, lá estavam torcidas se
enfrentando com paus, pedras, barras de ferro, rojões... Não preciso relatar
quanta violência e até de mortes ocorreram nestes últimos 20 anos nos
confrontos de torcidas!
Mudei de canal e encontrei algo mais civilizado.
Era uma entrevista com Marcos Pontes – o astronauta brasileiro – falando de sua
vida – origem, estudos, dedicação, determinação em conquistar e realizar
objetivos e sonhos. Inicialmente a de ser piloto, seu ingresso na academia
Militar – foi ser militar, pois pagar um
curso de pilotos estava fora de seu alcance. Começou a trabalhar aos 14 anos!
Após realizar o primeiro sonho, partiu para uma nova etapa que demandou muito
estudo e força de vontade – ingressar no ITA em São José dos Campos. Depois
veio a chance de participar de um projeto audacioso – ser astronauta. Quanta
diferença! Dois mundos tão diferentes!
Qual a leitura que se pode fazer de ambas as
noticias? – tudo muito simples. No primeiro caso faltam ocupação e motivações a
uma geração chamada de ‘nem – nem’ – nem estuda, nem trabalha. É proibido menor
trabalhar... E aí muitos jovens crescem marombando e acabam envolvidos em situações
de violência, uso de drogas perdendo a noção de limites.
Existem colégios militares não só de nível
acadêmico, como para jovens em fase de ensino básico. Em Goiás, por exemplo, neste
ano foram criadas novas unidades para atender a demanda de crianças e jovens
interessados numa unidade escolar diferenciada com atividades que trabalham
disciplina e senso de responsabilidade, além do aprendizado dos conteúdos
curriculares do ensino oficial. Isso não significa militarizar a juventude, mas
oferecer-lhe outro conceito de educação e de comportamento social.
O serviço militar existe para a formação de
profissionais nas três áreas das Forças Armadas – a inscrição é obrigatória,
mas nem todos seguem ou são selecionados para uma das entidades – Marinha,
Aeronáutica, ou Exército. Porém existem os Tiros de Guerra que deveriam atender
a essa juventude por um período um pouco mais extenso do que atualmente. Tudo
depende de vontade política, e o governos, após o regime militar, não tem
demonstrado interesse em manter esse treinamento dos jovens, sob a alegação de
que faltam verbas, somos um país pacífico, etc., etc. somando-se a esse
desinteresse também foram abolidas as tradicionais aulas de educação física nas
escolas públicas. Elas ensinavam disciplina e ajudavam a queimar energias
negativas que conduzem a desvios de conduta se não houver um trabalho de
prevenção. Aliás, as escolas não têm espaços adequados para a prática de esportes
que melhoram a disciplina e o respeito dos jovens por si e pelos demais.
Há inúmeras modalidades de esportes – os esportes
olímpicos – muito cativantes e educativas que deveriam ser mais divulgadas
entre os jovens. Não é só através do futebol que o esporte deve ser apresentado
aos jovens. No colégio onde fiz o curso ginasial havia a prática de algumas
dessas modalidades onde os alunos podiam desenvolver suas habilidades.
Soluções simples existem. Falta vontade politica.
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Mensagem : ‘A virtude é difícil de se manifestar, precisa de alguém para
orientá-la e dirigi-la. Mas os vícios são aprendidos sem mestre.’ (Sêneca)