segunda-feira, 25 de agosto de 2014

A CAMPANHA POLITICA NA TV – OS CANDIDATOS À PRESIDÊNCIA (dia – 23/08)


O número de candidatos a presidência da República e a disparidade de tempo de cada um para apresentar propostas de governo é uma das dissonâncias do horário político eleitoral. A outra é o uso do tempo de forma pouco esclarecedora sobre o que pretendem fazer se forem eleitos.
As candidatas Dilma e Marina se limitaram a repetir o que os marqueteiros escreveram. Nada novo. Foi um  discurso fora da realidade do país, o que nos leva a perguntar em que mundo viveram,  o que realmente sabem sobre o país, e sobre os feitos e realizações dos diversos governos Republicanos, pelo menos. Limitar-se a um curto espaço de tempo (uma década) não informa o eleitor sobre a real dimensão das realizações e o que pode e deve ser melhorado.
Em atenção ao eleitor mais jovem resolvi escrever este texto.

A candidata pelo PT – Dilma – concorre à reeleição. Sua fala passou a mensagem que tudo o que há aí aconteceu e foi feito no governo Lula / Dilma e, o Brasil anterior aos governos petistas, era um ‘deserto’ povoado de pobres. Como aquela ‘casa que não tinha teto, não tinha nada... ’
Esse é um do ponto de vista parcial onde se omitem anos de trabalho de várias gerações. Eu vivo neste país desde um tempo não muito remoto, quando  segurança não era ficção, havia muito trabalho e ganho que permitia ao cidadão pagar suas contas porque não era punido com impostos extorsivos. Havia a agricultura familiar em paralelo à cultura comercial  cafeeira que gerava riquezas que voltavam em benefícios: - era a construção de escolas que atendiam a todos os que quisessem estudar, cujos prédios solidamente construídos no inicio do século XX ainda funcionam hoje. Havia transporte de qualidade ligando grandes distancias – era a rede de ferrovias de qualidade que atendiam pobres e ricos sem distinção (EF>Sorocabana, Mogiana, Paulista, Paranapiacaba- litoral paulista, Central do Brasil, etc.), com vagões de primeira e segunda classe, carro restaurante e carros leito nos horários noturnos.  Avião comercial é coisa recente, por isso avião era um ‘luxo’ em áreas restritas. Obras de infra-estrutura começavam e terminavam no tempo previsto como pude constatar, pois residindo na região, acompanhei de perto a construção  das diversas usinas hidrelétricas da bacia do Paraná – Jurumirim, Itaipu, Ilha Solteira e todas as que se seguiram nos rios Tietê e Paranapanema, por exemplo.
Saúde  – havia as Santas Casas de Misericórdia sob a direção das irmãs Vicentinas  - modelo de atendimento e organização (um ‘brinco’! – como se dizia) e que foi sucateado nas últimas décadas. Havia os postos de Saúde para atendimento popular diário, e nas escolas, uma vez ao ano, todas as crianças passavam por uma avaliação. Planos de saúde? – cada um tinha como se cuidar com médicos de qualidade que, quando necessário, visitavam os doentes em suas residências, os quais só eram encaminhados para o hospital em caso de extrema necessidade; casos mais complicados eram encaminhados ao hospital das Clinicas em São Paulo, e conheci casos de pessoas de minha cidade que viajaram para a Europa em busca de tratamento – e não eram milionárias! Os aviões da FAB atendiam emergências em qualquer localidade quando solicitados através de um eficiente sistema de rádio e telégrafo. Havia o posto de saúde e o posto de Puericultura para atendimento às mães menos favorecidas, não só com orientações médicas, mas com ajuda efetiva de fornecimento de leite, enxoval para os bebês. Tudo isso em meados do século passado.
A Petrobrás, a Vale do Rio Doce, as refinarias de petróleo eram orgulho nacional. Escolas superiores como o ITA, a USP, idem - abertas ao ingresso de jovens com vontade e capacidade de acompanhar um curso superior independente de origem ou etnia. A construção de Brasília e a mudança do centro administrativo do país reorganizaram muitos setores da vida nacional. Muito mais poderia dizer.
O eleitor precisa saber que o país tem uma longa história graças a pessoas que não foram comodistas a espera do ‘venha a nós’ e saibam que o Brasil de até cinquenta anos atrás era bem melhor que o atual.

Marina – Rede Sustentabilidade –( Sonhática) – Hospedeira do PSD – ganhou a vaga de candidata com a morte do titular Eduardo Campos. Ela se apresenta como alternativa à situação e à oposição, numa atitude semelhante a adotada pelo  movimento ‘Podemos Espanha’. Segundo  informações, ela tem o apoio de um eleitorado jovem, bom nível cultural e financeiro, tal qual o grupo Alternativo “Podemos” que é apoiado por grupos formados nas redes sociais de Internet a partir das manifestações populares ocorridas na Espanha. Marina tem demonstrado o interesse de ter o apoio de grupos que nada tem a ver com os comitês eleitorais tradicionais, como ficou claro ao visitar um grupo no Rio de Janeiro que apóia sua candidatura e que ela esperava fosse algo espontâneo e o grupo queria verbas de campanha, o que a aborreceu.
O objetivo: Mudar o que está aí. A questão é saber mudar o quê e para onde. O ‘Podemos Espanha’ tem lideres ligados ao chavismo – bolivarianismo socialista que já conseguiram algumas vitórias nas últimas eleições ganhando visibilidade. Marina se diz independente de partidos políticos, sonhática, quer uma sociedade mais justa (que pode ser de mais controle, mais limitações), e repete sempre: - ‘construir o mundo que queremos’. Qual? Falta clareza.

Aécio Neves – PSDB e partidos Coligados – Candidato com experiência política, parece ter os pés no chão e a cabeça direcionada para um programa de governo que dê um novo rumo mais coerente e eficiente à gestão pública: redução da máquina administrativa – menos Ministério e mais agilidade; melhoria dos programas sociais com a mudança da mentalidade do cidadão a fim de tornar-se independente da tutela do Estado.
Outros candidatos – pela exigüidade do tempo, cada um apresentou itens pontuais que não traduzem um real programa de governo.

Aguardemos o debate (ou não debate) entre os melhor colocados nas pesquisas para uma melhor avaliação.