O
número de candidatos a presidência da República e a disparidade de tempo de
cada um para apresentar propostas de governo é uma das dissonâncias do horário
político eleitoral. A outra é o uso do tempo de forma pouco esclarecedora sobre
o que pretendem fazer se forem eleitos.
As
candidatas Dilma e Marina se limitaram a repetir o que os marqueteiros
escreveram. Nada novo. Foi um discurso
fora da realidade do país, o que nos leva a perguntar em que mundo viveram, o que realmente sabem sobre o país, e sobre
os feitos e realizações dos diversos governos Republicanos, pelo menos.
Limitar-se a um curto espaço de tempo (uma década) não informa o eleitor sobre
a real dimensão das realizações e o que pode e deve ser melhorado.
Em
atenção ao eleitor mais jovem resolvi escrever este texto.
A candidata pelo PT –
Dilma
– concorre à reeleição. Sua fala passou a mensagem que tudo o que há aí
aconteceu e foi feito no governo Lula / Dilma e, o Brasil anterior aos governos
petistas, era um ‘deserto’ povoado de pobres. Como aquela ‘casa que não tinha
teto, não tinha nada... ’
Esse é um do ponto de vista parcial onde se omitem anos de trabalho de várias
gerações. Eu vivo neste país desde um tempo não muito remoto, quando segurança não era ficção, havia muito trabalho
e ganho que permitia ao cidadão pagar suas contas porque não era punido com
impostos extorsivos. Havia a agricultura familiar em paralelo à cultura
comercial cafeeira que gerava riquezas
que voltavam em benefícios: - era a construção de escolas que atendiam a todos
os que quisessem estudar, cujos prédios solidamente construídos no inicio do
século XX ainda funcionam hoje. Havia transporte de qualidade ligando grandes
distancias – era a rede de ferrovias de qualidade que atendiam pobres e ricos
sem distinção (EF>Sorocabana, Mogiana, Paulista, Paranapiacaba- litoral
paulista, Central do Brasil, etc.), com vagões de primeira e segunda classe,
carro restaurante e carros leito nos horários noturnos. Avião comercial é coisa recente, por isso
avião era um ‘luxo’ em áreas restritas. Obras de infra-estrutura começavam e
terminavam no tempo previsto como pude constatar, pois residindo na região,
acompanhei de perto a construção das
diversas usinas hidrelétricas da bacia do Paraná – Jurumirim, Itaipu, Ilha
Solteira e todas as que se seguiram nos rios Tietê e Paranapanema, por exemplo.
Saúde
– havia as Santas Casas de Misericórdia
sob a direção das irmãs Vicentinas - modelo
de atendimento e organização (um ‘brinco’! – como se dizia) e que foi sucateado
nas últimas décadas. Havia os postos de Saúde para atendimento popular diário,
e nas escolas, uma vez ao ano, todas as crianças passavam por uma avaliação. Planos
de saúde? – cada um tinha como se cuidar com médicos de qualidade que, quando
necessário, visitavam os doentes em suas residências, os quais só eram
encaminhados para o hospital em caso de extrema necessidade; casos mais
complicados eram encaminhados ao hospital das Clinicas em São Paulo, e conheci
casos de pessoas de minha cidade que viajaram para a Europa em busca de
tratamento – e não eram milionárias! Os aviões da FAB atendiam emergências em
qualquer localidade quando solicitados através de um eficiente sistema de rádio
e telégrafo. Havia o posto de saúde e o posto de Puericultura para atendimento
às mães menos favorecidas, não só com orientações médicas, mas com ajuda
efetiva de fornecimento de leite, enxoval para os bebês. Tudo isso em meados do
século passado.
A
Petrobrás, a Vale do Rio Doce, as refinarias de petróleo eram orgulho nacional.
Escolas superiores como o ITA, a USP, idem - abertas ao ingresso de jovens com
vontade e capacidade de acompanhar um curso superior independente de origem ou
etnia. A construção de Brasília e a mudança do centro administrativo do país
reorganizaram muitos setores da vida nacional. Muito mais poderia dizer.
O
eleitor precisa saber que o país tem uma longa história graças a pessoas que
não foram comodistas a espera do ‘venha a nós’ e saibam que o Brasil de até
cinquenta anos atrás era bem melhor que o atual.
Marina – Rede
Sustentabilidade –( Sonhática) – Hospedeira
do PSD – ganhou a vaga de candidata com a morte do titular Eduardo Campos. Ela
se apresenta como alternativa à situação e à oposição, numa atitude semelhante a
adotada pelo movimento ‘Podemos
Espanha’. Segundo informações, ela tem o
apoio de um eleitorado jovem, bom nível cultural e financeiro, tal qual o grupo
Alternativo “Podemos” que é apoiado por grupos formados nas redes sociais de
Internet a partir das manifestações populares ocorridas na Espanha. Marina tem
demonstrado o interesse de ter o apoio de grupos que nada tem a ver com os comitês
eleitorais tradicionais, como ficou claro ao visitar um grupo no Rio de Janeiro
que apóia sua candidatura e que ela esperava fosse algo espontâneo e o grupo
queria verbas de campanha, o que a aborreceu.
O
objetivo: Mudar o que está aí. A questão é saber mudar o quê e para onde. O
‘Podemos Espanha’ tem lideres ligados ao chavismo – bolivarianismo socialista
que já conseguiram algumas vitórias nas últimas eleições ganhando visibilidade.
Marina se diz independente de partidos políticos, sonhática, quer uma sociedade
mais justa (que pode ser de mais controle, mais limitações), e repete sempre: -
‘construir o mundo que queremos’. Qual? Falta clareza.
Aécio Neves – PSDB e partidos
Coligados – Candidato com experiência política, parece ter os pés no chão e a
cabeça direcionada para um programa de governo que dê um novo rumo mais
coerente e eficiente à gestão pública: redução da máquina administrativa –
menos Ministério e mais agilidade; melhoria dos programas sociais com a mudança
da mentalidade do cidadão a fim de tornar-se independente da tutela do Estado.
Outros
candidatos – pela exigüidade do tempo, cada um apresentou itens pontuais que
não traduzem um real programa de governo.
Aguardemos
o debate (ou não debate) entre os melhor colocados nas pesquisas para uma
melhor avaliação.