quinta-feira, 30 de janeiro de 2014

VOCÊS SENTIRÃO SAUDADES – (Ex-Presidente Figueiredo) – A MELHOR CONTRIBUIÇÃO QUE OS JOVENS PODEM OFERECER AO PAÍS.

A noticia do brutal assassinato de um jovem em São Paulo por conta do roubo de um par de tênis, um celular e um cartão de passagem de ônibus trouxe à lembrança a frase atribuída ao ex-presidente João Baptista de Oliveira Figueiredo: - “Vocês sentirão Saudades” – referindo-se ao fim dos governos militares com a abertura política e anistia. A ‘profecia’ não precisava se tornar realidade.
Na linha das lembranças, ainda no fim do governo Figueiredo já começava a se manifestar uma agressividade de pivetes para se apropriar de tênis e calças jeans de grife usados por jovens mais favorecidos economicamente. Foi o que ocorreu com o caçula de uma família, nossa conhecida, que morava em S. Paulo e que, num sábado ao entardecer, se ofereceu para ir até a pizzaria próxima. Voltou com a pizza intacta, porém sem o tênis e o jeans novos. Já era o começo do que hoje se tornou rotina de violência.
O quadro degradante das drogas e da insegurança da vida urbana que hoje faz parte da paisagem da capital não existia. Ela é pós ‘ditadura’. A corrupção que havia tido um basta no governo de Castelo Branco (1964/66) ressurgiu com força total a partir do primeiro governo democrático – governo Sarney (1985). Desde a abertura política a sucessão de Presidentes tem sido marcada por uma herança pouco construtiva. Tornou-se comum ouvir dizer que obras são superfaturadas,  ou estão interrompidas há anos. A última noticia que chamou a atenção foi o descarrilamento de um trem no RJ semana passada – a locomotiva estava em uso há 35 anos (!), ou seja, desde o tempo dos governos militares tão execrados. A lista é grande. Incluindo o uso dos cartões corporativos (herança do governo FHC) pelo governo federal – vejam as viagens pomposas realizadas pelos presidentes nas últimas décadas, em particular pelo Lula e agora pela Dilma.
Saudade de muita coisa, sim. Saudade da sobriedade dos governantes. Saudade da tranquilidade em ir e vir, trabalhar, progredir. Saudade da ordem e do trabalho desenvolvido a nível nacional. Saudade da segurança que os cidadãos de bem tinham. Houve exilados? Houve! Eles voltaram e pouco ou nada de bom ofereceram em troca da anistia; aliás, muito pelo contrário, tornaram-se um peso para a sociedade através da cobrança de indenizações. Uma vergonha! E hoje, quantos brasileiros deixaram o país em busca de oportunidades que não tem aqui? São milhares. Mortes violentas são em maior número do que as que ocorrem num país em guerra. Analfabetismo galopante – acabaram com o MOBRAL e hoje há 12,9 milhões de adultos analfabetos. Drogas sendo liberadas com patrocínio oficial do governo municipal paulistano; isso só para citar alguns itens. A lista certamente vai aumentar, pois a Copa das Copas vem aí e os protestos já começaram – não contra o esporte, mas contra as falcatruas dos cartolas e políticos envolvidos no rendoso negócio do futebol.
Dizem que não há bem que sempre dure nem mal que nunca acabe. Essa é a esperança de muitos. Minha também. Quem não viveu o antes, o durante e o depois não tem condições de avaliar a extensão do que representa essa saudade. Especialmente quando se tem no poder um partido político que sem um mínimo de decência não esconde satisfação pela onda de desordem que tende a se generalizar – incluindo a depredação de bens públicos como incendiar ônibus (desde o começo do ano, 30 coletivos municipais e 28 intermunicipais já foram incendiados só na região metropolitana de São Paulo), além de promover quebra-quebras em manifestações intimidando a policia e a sociedade.  E tem mais a tal luta de classes que vem sendo fomentada e ‘justificada’ com a mania de teorizar com interpretações de ordem social e psicológica burras.

Para encerrar – Em plena ‘ditadura’, já como professora, ao ver um pequeno grupo de alunos mais afoitos querendo tomar partido sem saber do que falavam, disse-lhes: - ‘Vocês são jovens estudantes. É hora de estudar para aprender, conhecer todos os lados da questão, para depois, com o tempo, poderem tomar uma posição consciente do que é melhor e mais acertado’.  E completei: - ‘Não se deixem envolver por nenhum dos dois lados. É hora de estudar. Essa é a melhor contribuição que vocês podem oferecer ao país’.

Problemas todos têm, quer morem na periferia ou em áreas nobres da cidade. O que vale é o individuo ter uma vida ativa, produtiva, plena a partir de sua própria iniciativa de ser alguém por merecimento e não porque chora e grita mais alto.