terça-feira, 26 de fevereiro de 2013

LEMBRANÇAS DO FIM DOS ANOS 50 E DÉCADA DE 1960 – COMO ERA O MUNDO, A GUERRA FRIA...


As recentes movimentações de esquerdistas fanáticos pró regime comunista em Cuba contestando a presença da blogueira Yoani Sánchez no Brasil para o lançamento do livro: De Cuba, Com Carinho – me levaram a voltar no tempo e fazer uma retrospectiva sobre os acontecimentos que acompanhamos em nosso tempo de estudante universitária: fins dos anos 50 e década de 1960.

COMO ERA O MUNDO: Nunca é demais relembrar esse período; é uma época em que o mundo passava por um festival de novidades: tinha início a conquista espacial. O bip-bip do primeiro Sputnik russo, a cadelinha Laika mandada ao espaço, e, o primeiro astronauta Yuri Gagarin  lá do espaço a dizer: - ‘A Terra é Azul!’ - soavam como sinos a anunciar uma nova era. A guerra fria entre URSS e EEUU ganhava nova dimensão. E despertava a curiosidade do mundo. Na América Central, Cuba tinha um novo líder que derrotara a ditador Fulgência Batista graças à ajuda do capitalismo americano que fornecera armas e dinheiro aos  revolucionários. A URSS era uma potencia bem sucedida, que, se escondia atrás da ‘cortina de ferro’, o que, naturalmente aguçava a curiosidade. O interesse pelo comunismo como era apresentado pelos ‘pregadores’ que foram surgindo, se acentuou no Brasil, quando o então candidato vitorioso à Presidência da República – Jânio Quadros esteve em Cuba e, depois, recebeu Che Guevara – Ele renunciou ao cargo, possivelmente pensando em ser reconduzido ao poder; imporia condições e voltaria como ditador... – foi o que se disse na época; ele nunca confirmou nem desmentiu.
Os meios de comunicação não eram como hoje. Porém os jornais impressos, o Rádio, o telégrafo, as correspondências, as revistas chegavam a todos os lugares. Tudo está registrado. A Universidade tinha sua dinâmica com palestras, seminários, encontros de juventude,  intercambio de informações através de professores, lideres políticos, representantes do clero – naquela época os padres também participavam e concorriam a cargos nas eleições do país. Os assuntos incluíam política, temas sociais, culturais, educação, pesquisa de campo, novidades científicas, etc., além dos conteúdos curriculares em sala de aula e as aulas de campo em nosso curso de Geografia. 

A ‘GUERRA FRIA’ CHEGA AO CONTINENTE: A exportação da revolução cubana para a América Latina, liderada por Che Guevara, o jornalista argentino que partiu ao encontro dos revolucionários, quando estes já entravam vitoriosos em Havana, criou uma situação de confronto entre grupos de guerrilheiros e as Forças Armadas dos diferentes países: Brasil, Chile, Argentina, Bolívia, etc. Todos os movimentos revolucionários e contra revolucionários ocorridos na década de 60 e nos anos 70 foram lances da guerra fria entre as duas grandes potencias. A demonização dos regimes militares acusados de estarem a serviço da CIA tem seu fundamento, se considerarmos que a URSS estava por trás de toda a movimentação revolucionária no continente americano.
No Brasil, a renúncia (1961) do presidente Jânio Quadros provocou uma reviravolta no país.  O vai-vem de jovens a Cuba e à URSS, para estudar e se treinar em artes de guerrilha estava se tornando uma prática incomoda que agravava a situação interna. O mundo estava dividido em dois blocos surgidos após o final da segunda guerra mundial: o bloco comunista liderado pela URSS e o bloco capitalista do mundo ocidental liderado pelos Estados Unidos e o Brasil, que por tradição pertencia à cultura ocidental e tinha fortes ligações com os Estados Unidos da América do Norte. A intromissão de idéias e ideais contrários aos do mundo Ocidental não podiam ser aceitas, muito menos de forma violenta, método utilizado pelos grupos armados. Não depois de tudo o que a humanidade havia sofrido durante a segunda grande guerra mundial.
O choque não se fez esperar. No dia 31 de março de 1964, as Forças Armadas Brasileiras, cumprindo sua função constitucional de defensoras das instituições, destituiu o presidente em exercício – Jango Goulart.  Era preciso sustar a onda de guerrilheiros financiados pelo comunismo que estava a se formar em campos de treinamento em Cuba e na União Soviética. O péssimo exemplo do novo ditador cubano ao permitir a presença de mísseis nucleares russos em seu território, a pouca distância do território americano, era uma provocação que não podia ser tolerada no continente.

COMO EM 1960/61 DESCOBRI QUE HAVIA NO BRASIL GUERRILHEIROS ARMADOS  - Ao terminar a Faculdade em Sorocaba fui passar um tempo em São Paulo – capital. Lá fiz novas amizades. Em janeiro de 1961 recebi convite para passar o fim de semana em São Vicente – praia! Aceitei. Uma vez lá, outro convite: assistir uma palestra no salão paroquial numa pequena igreja local. Acostumada com a intensa atividade estudantil que tivera na Faculdade considerei normal o convite. No sábado após o almoço um grupo de jovens chegava ao pequeno salão. Enquanto esperava-se pelo palestrante formaram-se rodinhas; a mais próxima começou a cantar a meia voz, em italiano, algo que nada tinha a ver com as românticas canções napolitanas da época; eu entendia o suficiente de italiano para saber o que diziam as frases repetidas, com palavras de ordem e ameaças, em tom marcial. Fiquei chocada. Poucos minutos depois apareceu um jovem esbaforido vestido de forma estranha para a época – macacão cáqui, boné, botas. Foi rodeado pelos jovens. Fiquei observando lá do último banco. Entre exclamações de preocupação e perguntas, o rapaz explicou que ‘nosso comandante não podia comparecer porque as estradas estavam todas vigiadas pela policia militar, mas que ele estava bem, em local seguro, protegido por amigos de confiança fortemente armados; e, que por medida de segurança a reunião deveria ser cancelada... ’
Descobri que as noticias sobre guerrilheiros armados no país, não eram nem boatos nem fofocas inocentes. Eram reais!

Conclusões: - Pense e analise. Sem preconceitos. A história é uma sucessão de fatos com antecedentes e consequentes  Os ditos eventos ‘idiotas’ não existem. Tudo tem sua causa e respectivos efeitos. A Comissão da Verdade tenta contar a seu modo os atos ‘dos outros’ para justificar o injustificável dos seus próprios atos. Parece que sofrem de memória seletiva. Os que se dizem perseguidos pela ‘ditadura’ na verdade provocaram uma situação que não se teria prolongado se eles não tivessem afrontado as Leis tentando impor outro regime político no país, contrário às nossas tradições. Eles estão a fazer um julgamento parcial dos fatos, focalizando apenas uma etapa de todo o processo.