As recentes
movimentações de esquerdistas fanáticos pró regime comunista em Cuba
contestando a presença da blogueira Yoani Sánchez no Brasil para o lançamento
do livro: De Cuba, Com Carinho – me levaram a voltar no tempo e fazer uma
retrospectiva sobre os acontecimentos que acompanhamos em nosso tempo de
estudante universitária: fins dos anos 50 e década de 1960.
COMO ERA O MUNDO: Nunca
é demais relembrar esse período; é uma época em que o mundo passava por um
festival de novidades: tinha início a conquista espacial. O bip-bip do primeiro
Sputnik russo, a cadelinha Laika mandada ao espaço, e, o primeiro astronauta
Yuri Gagarin lá do espaço a dizer: - ‘A
Terra é Azul!’ - soavam como sinos a anunciar uma nova era. A guerra fria entre URSS e EEUU ganhava
nova dimensão. E despertava a curiosidade do mundo. Na América Central, Cuba
tinha um novo líder que derrotara a ditador Fulgência Batista graças à ajuda do
capitalismo americano que fornecera armas e dinheiro aos revolucionários. A URSS era uma potencia bem
sucedida, que, se escondia atrás da ‘cortina de ferro’, o que, naturalmente
aguçava a curiosidade. O interesse pelo comunismo como era apresentado pelos
‘pregadores’ que foram surgindo, se acentuou no Brasil, quando o então
candidato vitorioso à Presidência da República – Jânio Quadros esteve em Cuba e,
depois, recebeu Che Guevara – Ele renunciou ao cargo, possivelmente pensando em
ser reconduzido ao poder; imporia condições e voltaria como ditador... – foi o
que se disse na época; ele nunca confirmou nem desmentiu.
Os meios de
comunicação não eram como hoje. Porém os jornais impressos, o Rádio, o
telégrafo, as correspondências, as revistas chegavam a todos os lugares. Tudo
está registrado. A Universidade tinha sua dinâmica com palestras, seminários,
encontros de juventude, intercambio de
informações através de professores, lideres políticos, representantes do clero
– naquela época os padres também participavam e concorriam a cargos nas
eleições do país. Os assuntos incluíam política, temas sociais, culturais,
educação, pesquisa de campo, novidades científicas, etc., além dos conteúdos
curriculares em sala de aula e as aulas de campo em nosso curso de Geografia.
A ‘GUERRA FRIA’
CHEGA AO CONTINENTE: A exportação da revolução
cubana para a América Latina, liderada por Che Guevara, o jornalista argentino
que partiu ao encontro dos revolucionários, quando estes já entravam vitoriosos
em Havana, criou uma situação de confronto entre grupos de guerrilheiros e as
Forças Armadas dos diferentes países: Brasil, Chile, Argentina, Bolívia, etc.
Todos os movimentos revolucionários e contra revolucionários ocorridos na
década de 60 e nos anos 70 foram lances da guerra fria entre as duas grandes
potencias. A demonização dos regimes militares acusados de estarem a serviço da
CIA tem seu fundamento, se considerarmos que a URSS estava por trás de toda a
movimentação revolucionária no continente americano.
No Brasil, a
renúncia (1961) do presidente Jânio Quadros provocou uma reviravolta no
país. O vai-vem de jovens a Cuba e à
URSS, para estudar e se treinar em artes de guerrilha estava se tornando uma
prática incomoda que agravava a situação interna. O mundo estava dividido em
dois blocos surgidos após o final da segunda guerra mundial: o bloco comunista
liderado pela URSS e o bloco capitalista do mundo ocidental liderado pelos
Estados Unidos e o Brasil, que por tradição pertencia à cultura ocidental e
tinha fortes ligações com os Estados Unidos da América do Norte. A intromissão
de idéias e ideais contrários aos do mundo Ocidental não podiam ser aceitas,
muito menos de forma violenta, método utilizado pelos grupos armados. Não
depois de tudo o que a humanidade havia sofrido durante a segunda grande guerra
mundial.
O choque não se fez
esperar. No dia 31 de março de 1964, as Forças Armadas Brasileiras, cumprindo
sua função constitucional de defensoras das instituições, destituiu o presidente
em exercício – Jango Goulart. Era
preciso sustar a onda de guerrilheiros financiados pelo comunismo que estava a
se formar em campos de treinamento em Cuba e na União Soviética. O péssimo
exemplo do novo ditador cubano ao permitir a presença de mísseis nucleares
russos em seu território, a pouca distância do território americano, era uma
provocação que não podia ser tolerada no continente.
COMO
EM 1960/61 DESCOBRI QUE HAVIA NO BRASIL GUERRILHEIROS ARMADOS - Ao terminar a
Faculdade em Sorocaba fui passar um tempo em São Paulo – capital. Lá fiz novas
amizades. Em janeiro de 1961 recebi convite para passar o fim de semana em São
Vicente – praia! Aceitei. Uma vez lá, outro convite: assistir uma palestra no
salão paroquial numa pequena igreja local. Acostumada com a intensa atividade
estudantil que tivera na Faculdade considerei normal o convite. No sábado após
o almoço um grupo de jovens chegava ao pequeno salão. Enquanto esperava-se pelo
palestrante formaram-se rodinhas; a mais próxima começou a cantar a meia voz,
em italiano, algo que nada tinha a ver com as românticas canções napolitanas da
época; eu entendia o suficiente de italiano para saber o que diziam as frases
repetidas, com palavras de ordem e ameaças, em tom marcial. Fiquei chocada. Poucos
minutos depois apareceu um jovem esbaforido vestido de forma estranha para a
época – macacão cáqui, boné, botas. Foi rodeado pelos jovens. Fiquei observando
lá do último banco. Entre exclamações de preocupação e perguntas, o rapaz
explicou que ‘nosso comandante não podia
comparecer porque as estradas estavam todas vigiadas pela policia militar, mas
que ele estava bem, em local seguro, protegido por amigos de confiança
fortemente armados; e, que por medida de segurança a reunião deveria ser cancelada...
’
Descobri que as noticias sobre guerrilheiros armados no país, não eram nem boatos nem fofocas inocentes. Eram reais!
Conclusões:
- Pense e analise. Sem preconceitos. A história é uma sucessão de fatos com
antecedentes e consequentes Os ditos eventos ‘idiotas’ não existem. Tudo tem
sua causa e respectivos efeitos. A Comissão da Verdade tenta contar a seu modo
os atos ‘dos outros’ para justificar o injustificável dos seus próprios atos. Parece
que sofrem de memória seletiva. Os que se dizem perseguidos pela ‘ditadura’ na
verdade provocaram uma situação que não se teria prolongado se eles não
tivessem afrontado as Leis tentando impor outro regime político no país,
contrário às nossas tradições. Eles estão a fazer um julgamento parcial dos
fatos, focalizando apenas uma etapa de todo o processo.