No dia 14 de Janeiro teve início a
permissão de saída de cidadãos cubanos em viajem ao exterior. O ir e vir agora
parece já ser uma realidade. Os exilados cubanos, em número de 2,5 milhões,
também poderão voltar à ilha sem restrições. Eles representam uma esperança
econômica para suprir as carências em que a ilha mergulhou após o fim da ajuda
soviética de U$S3. 000 anuais. Só no ano passado os exilados cubanos remeteram a
expressiva cifra de U$S 2.500 a parentes e amigos.Outra causa dessa mudança de rumo na
política cubana é que a ilha passa por uma gritante falta das
classes sociais que encarem as reformas necessárias propostas por Raul Castro. Cuba
não tem campesinos, trabalhadores industriais, empreendedores, micro empresários,
profissionais liberais suficientes para dinamizar a economia local – em
síntese, falta a força de trabalho produtiva, que gera riquezas e permite a
circulação de bens e serviços normais em uma economia de livre mercado, pois esta
foi sufocada pelo regime comunista. A estrutura sócio-econômica criada pela
revolução foi um sistema de destruição dos valores em todos os níveis:
salários, produção, além de transformar a população em uma massa amorfa,
despersonalizada e alheia ao que seja trabalho produtivo, acomodada a um
salário desemprego de 20 dólares mensais. Inclusive as atividades que exigem
especializações como a de médicos, por exemplo, não tem salários dignos.As prioridades determinadas por Fidel
Castro para evitar a desintegração do Estado e salvaguardar os gastos em
educação e saúde foram as determinantes do gigantesco déficit fiscal que
desencadeou a hiperinflação, afundou os salários reais, e consequente
desaparecimento do peso cubano, além de comprometer o comércio exterior.
A salvação para reverter o caos parece
vir exatamente dos cubanos-americanos. Hoje eles integram a elite da sociedade
americana.Esse contingente de cubanos que vivem
nos EEUU possui 140.000 empresas, muitas delas de médio e grande porte, algumas
de caráter internacional. Isso representa uma renda per capita de 70 mil
dólares/ano e muitos desses cidadãos têm formação universitária o que lhes
confere status na pirâmide educativa do país em que vivem.O cálculo é de que esta comunidade
cubano-americana esteja apta a remeter e investir na ilha um valor muito
superior ao que remeteram no ano passado; talvez cinco vezes mais num prazo curto, o que não deixa de ser um bom motivo
para liberar e normalizar as relações entre a ilha e os cubanos no exílio; no ano
passado 500.000 deles estiveram em visita a parentes e amigos
injetando dólares na economia local. O processo de integração entre as duas
populações cubanas pode representar uma real mudança de qualidade de vida da
população em um país sufocado por uma ditadura por tantos anos. É um fato para
ser comemorado, sem dúvida alguma. Não é sem tempo. Resta saber que punição
merece um ditador que levou seu país a esse estado – ‘rodillas em tierra’- desrespeitando os mínimos direitos humanos de
seus cidadãos.