A Realidade dos Tóxicos é
um livro que lança um brado de alerta em defesa do jovem vítima da toxicomania, que em sua angústia e
insegurança tenta adaptar-se às mudanças rápidas tanto da sociedade como de seu
próprio desenvolvimento físico-psicológico, e busca um lenitivo nos
psicotrópicos. E o pior é que essa fuga está na moda e, como já anunciava o Don
Juan de Molière "tous les vices à
la mode passent por vertus".
Sem ferir ou ofender, o
texto obriga a meditar sobre o problema mundial dos tóxicos. De forma clara,
objetiva aborda todos os tipos de tóxicos consumidos pela humanidade, suas
origens, efeitos, repressão, nomenclatura, histórico, leis nacionais e internacionais,
incidência, etc., abordando também os problemas da repressão, prevenção e
reabilitação dos usuários.
Baseado em ampla
bibliografia, a autora ( Maria Cândida Vergueiro Santarcangelo), já em 1973/74 traçou um quadro da realidade, que nas
palavras do seu prefaciador, é agravado pela influencia exercida por
intelectuais usuários.
Dos ‘haxixe’, aos hippies, dos maconheiros,
cocaleiros e usuários do peyot e outras drogas nativas ou cultivadas, às
anfetaminas e aos barbitúricos, toda uma indústria sempre movimentou economias
de países e também levou multidões à mais negra miséria moral onde o crime
prolifera.
Alguns itens abordados:
1-ÁLCOOL - talvez a mais
antiga das drogas. O alcoolismo é um dos mais graves problemas médico-social do
mundo. Ele desestrutura a atividade mental, levando inclusive à morte.
2-ÓPIO - Ligado às raízes
culturais dos povos asiáticos desde há mais de 7 mil anos; chegou a proporções
alarmantes na China, dominando toda a população, que se tornou escravizada pelo
vício. O alto custo e a descoberta de outras drogas levaram a perda de espaço,
mas ainda domina no Oriente Médio e sudeste asiático. Dele derivam a Morfina e
a Heroína - provocam dependência e crises de abstinência.
3- COCAÍNA - alcaloide
extraído da coca; altamente tóxico, cria dependência; foi um "vício
elegante" na década de 1920; maiores produtores: Bolívia, Colômbia, Peru;
de origem sul americana, passou a ser cultivado em outras regiões. As folhas da
coca são usadas por nativos das tribos Chibchas, Aymará e Quíchuas, como uma
forma de compensação alimentar. Já foi constatada a nocividade desse hábito que
inibe a fome e cria um constante estado de subnutrição, o que leva o indivíduo
a permanecer num baixo nível de vida por entravar sua capacidade de trabalho e
de raciocínio.
4- MACONHA - provém das
folhas e flores do cânhamo; sua origem é asiática tendo-se difundido pelo mundo
pela facilidade de cultivo. Grupos intoxicados pelo haxixe (cânhamo) atacavam e
espalhavam o terror e a violência na Idade Média. Seu uso produz alucinações;
gera distorções de percepção, confusão mental, sonolência, irritabilidade e
depressão; os usuários apresentam olhos avermelhados, faces contraídas,
palidez, vômitos, náuseas, tonturas, distúrbios cardiovasculares, perturbações
psicomotoras, etc.
Há várias espécies de
cânhamo, umas mais tóxicas, outras nem tanto, daí muitos defenderem a sua
liberação e outros condenarem. No Brasil foi introduzido pelos escravos
africanos.
5- MESCALINA - extraído do
cactus "peyotl" mexicano de onde os nativos o espalharam entre os
apaches, cheyennes, comanches, sioux, etc.
Estudiosos comparam os sintomas de seus
usuários com o comportamento dos esquizofrênicos: alucinações visuais
coloridas, distorções de imagens, ansiedade, irrealidade, podendo levar ao
catatonismo e a paranoia. É um tóxico despersonalizante.
6- PSILOCIBINA - alcaloide
extraído do "cogumelo mágico" do México. É usado em práticas
religiosas entre os nativos. Provoca distúrbios de percepção, dos reflexos, nos
estados de humor (euforia e angústia).
7 - LSD-25 - A dietilamida
do ácido lisérgico, poderoso alucinógeno. Foi usado com finalidade terapêutica
na psicologia e na psiquiatria no tratamento de alcoolismo e neuroses. Usuários
o têm considerado como experiências místicas em busca de beleza e da
espiritualidade, chegando alguns a divulgar seu uso entre universitários. É um
tóxico que pode causar efeitos devastadores como alterações cromossômicas.
8 - Anfetaminas ou
psicomiméticas amplamente usadas para intensificar a atividade intelectual e
motora, estimula a vigília e modera o apetite, atuando diretamente no sistema
nervoso central; seus efeitos podem ser de ordem somática e psíquica.
9 - Barbitúricos -
hipno-sedativos de uso controlado; e Tranquilizantes - ação miorrelaxante sob
orientação médica; podem criar dependência.