– A Carta Encíclica LAUDATO Si’ do Papa
Francisco - 192 páginas - é um
texto abrangente numa mensagem
humanitária embasada na própria história da Criação e nos ensinamentos
cristãos. Não é dirigido apenas aos cristãos, mas a todos os povos, pois o tema
é de interesse geral. Ressalta a falta de um planejamento comum para nossa Casa
Comum que respeite não só a natureza, mas o cidadão. Apresenta o Planeta Terra como
Pátria da humanidade como o povo que habita a Casa de
Todos. - ‘A interdependência nos obriga
a pensar em um só mundo, em um projeto
comum.’ Ressalta a falta de consenso mundial sobre as formas de atender as
necessidades de alimentos, água, combustíveis – os encontros mundiais não tem
respondido as expectativas de um desenvolvimento sustentável – falta de vontade
política. Os países privilegiam interesses particulares em prejuízo do bem
global.
Fala
que houve uma apresentação inadequada da
antropologia cristã que chegou a respaldar uma concepção equivocada sobre a
relação do ser humano com o mundo. Transmitiu-se muitas vezes um sonho de
domínio sobre o mundo que provocou a impressão de que o cuidado da natureza é
coisa de débeis. Em troca, ele afirma que a forma correta de interpretar o
conceito do ser humano como ‘senhor’ do universo consiste em entendê-lo como
administrador responsável, pois nada
neste mundo nos é indiferente. Assim como o Papa João XXIII diante das ameaças
de uma guerra nuclear escreveu a mensagem ‘Pacem in Terris’ (1971) dirigida ao
mundo católico e a todos os homens de boa vontade, ele (Papa Francisco) quer
dirigir-se a cada habitante deste planeta. O objetivo é estabelecer um diálogo
com todos a respeito da casa comum.
ALGUNS ITENS ABORDADOS:
A Carta Encíclica inicia com uma referencia a São Francisco
de Assis em seu louvor ao Senhor: - ‘LAUDATO,
MIO SIGNORI’ – Louvado Seja, meu Senhor – cantava São Francisco de Assis. “Louvado
sejas, meu Senhor, pela irmã nossa mãe terra, a qual nos sustenta,e governa e
produz diversos frutos com coloridas flores e plantas’.
E prossegue: - Se já
não falamos a linguagem da fraternidade e da beleza em nossa relação com o
mundo, nossas atitudes serão as do dominador, do consumidor e do mero
explorador de recursos, incapaz de colocar um limite a seus interesses
imediatos.
Cita o Papa Paulo VI que também se preocupou com os problemas
ecológicos resultado da atividade descontrolada do ser humano. E a São João Paulo II em cuja encíclica
advertiu que o ser humano parece ‘não perceber outro significado do seu
ambiente natural , a não ser aqueles que servem aos fins de uso imediato e
consumo’.
Diz: ‘toda pretensão de
cuidar e melhorar o mundo supõe mudanças profundas de ‘estilos de vida, de
modelos de produção e de consumo, as estruturas consolidadas de poder que regem
hoje a sociedade. O autentico desenvolvimento humano possui um caráter moral e
supõe o pleno respeito a pessoa, mas também deve prestar atenção ao mundo
natural e ‘levar em conta a natureza de cada ser e sua mutua conexão em um
sistema ordenado’.
Fala da ação do seu antecessor Bento XVI que
renovou a proposta para ‘eliminar as causas estruturais das disfunções da
economia mundial e corrigir os modelos de crescimento que parecem incapazes de
garantir o respeito ao meio ambiente’. Lembrou que o mundo não pode ser
analisado só isolando um dos aspectos, porque o ‘livro da natureza é um e
indivisível’ e inclui o ambiente, a vida, a sexualidade, a família, as relações
sociais, etc.’ portanto, a ‘degradação da natureza está estreitamente unida à
cultura que modela a convivência humana’.
A
ECOLOGIA HUMANA > o homem tem uma natureza que deve respeitar e não pode
manipular ao seu gosto (BENTO
XVI). O Papa Benedito nos propôs reconhecer que o ambiente natural está
cheio de feridas causadas por nosso comportamento irresponsável.
O
Papa Francisco faz referencias aos numerosos estudos científicos que apontam que o maior aquecimento global das
últimas décadas se deve à grande concentração de gases efeito estufa. Faz uma
análise da situação critica do meio ambiente, ressaltando no item IV a
Deterioração da qualidade de vida humana e a degradação social. Porém,
oportunamente lembra que não é só o homem o responsável pelas alterações
climáticas: - “é verdade que há outros fatores (como o vulcanismo, as
variações da órbita e do eixo da Terra e o ciclo solar)”.
No cap. II (O Evangelho da Criação) fala sobre o tema da
Criação não só do planeta, mas também do ser humano. No Cap. III – ( A Raiz da
crise ecologia: a tecnologia:
criatividade e poder); globalização do paradigma tecnocrático; crises e
consequências do antropocentrismo moderno; - necessidade de preservar o
trabalho como motor de desenvolvimento e crescimento humano; etc.
No Cap. IV – Uma Ecologia Integral: ambiental, econômica e
social. Destaque para o respeito às diferentes culturas. E a ecologia da vida
no dia a dia. O principio do bem comum que pressupõe o respeito a pessoa como
ser humano, com direitos básicos e inalienáveis ao seu desenvolvimento
integral.
E diz: “Não se pode exigir ao ser humano um compromisso em
relação ao mundo se não se reconhecem e valorizam a si próprios ao mesmo
tempo suas capacidades peculiares de
conhecimento, vontade, liberdade e responsabilidade”... ‘Se se perde a
sensibilidade pessoal e social para acolher uma nova vida, também se perdem
outras formas de acolhida proveitosas para a vida social. ’ – propõe uma
Ecologia Integral que incorpore claramente as dimensões humanas e sociais.
Em
Síntese > A humanidade está convocada a tomar consciência da
necessidade de realizar mudanças de estilo de vida, de produção e de consumo
para combater o aquecimento, ou, pelo menos, as causas humanas que o produzem e
o aumentam. Ele é claro quanto:
- o drama do imediatismo político; - os interesses econômicos
de corporações transnacionais (cita as propostas de internacionalização da
Amazônia); - a cultura do desperdício; - o consumismo; - o emporcalhamento do
planeta – os lixões > usem e joguem fora; - tratamento do ser humano como
‘descartável’ ( do feto ao pobre); - o comportamento que ignora o papel de cada
um como Criatura de Deus em sua relação com a Casa de Todos (Planeta Terra); e
que a preservação da “Casa de Todos”
deve atender não só os interesses futuros, mas é preciso respeitar os direitos
da geração atual; que o Trabalho é útil, necessário e indispensável como
ferramenta para o desenvolvimento humano respeitando a história, a cultura e as
necessidades de cada povo.
Reconhece que ‘Os textos religiosos clássicos podem oferecer
um significado para todas as épocas, tem uma força motivadora que sempre abre
novos horizontes {...}
- CONVERSÃO ECOLÓGICA >
Se “os desertos exteriores se multiplicam no mundo porque os desertos interiores se expandiram”
– a crise ecológica é um chamado a uma profunda conversão interior. Gozo e Paz
> sobriedade no uso dos bens e paz interior – isso é uma atitude do coração.