Do conjunto
da vasta obra sobre a Filosofia Universica, do professor H. Rohden destacamos alguns dos principais itens abordados pelo autor no livro “Lúcifer e
Logos”. – “A Constituição Cósmica do
Universo é rigorosamente hierarquizante: as criaturas inferiores dependem das
creaturas superiores”.
O livro
‘Lúcifer (o poder mental) e Logos (o poder espiritual)’ tem como base a
polemica sobre “Creação ou Evolução”, que jamais foi respondida
satisfatoriamente. Segundo o Gênesis, Moisés afirma que o primeiro “ántropos”
não era um animal, mas sim uma entidade Hominal diferente das outras criaturas
existentes.
O autor
explica a origem do homem à luz da matemática e da ciência, onde matemática é a
consciência da Realidade – ou seja, verdade, lógica, metafísica – para concluir
que a síntese entre ambas provam que o homem, e as outras creaturas vieram do
infinito através dos finitos. Portanto a Creação é a transição do infinito para
o finito. Ao contrário do que diz a teoria evolucionista (Darwin), toda
evolução pressupõe a creação. Assim, a verdadeira filosofia aceita tanto o principio
creador da matemática, como o processo evolutivo da ciência.
Cita
Santo Agostinho que soube dar uma explicação ao que poderia ser uma
contradição: Deus criou tudo
simultaneamente em estado potencial, mas foi através dos períodos cósmicos que
este mundo potencial se desenvolveu até o estágio atual – inclusive o homem,
não como é hoje, mas como a planta está na semente através de muitas etapas.
Quanto à
queda do homem, não teria sido uma involução material, mas porque os homens
praticaram a procriação animal antes de evolverem rumo a uma procreação
Hominal; ou seja, o homem tinha que crescer metafisicamente antes de se
multiplicar.
Faz uma análise do significado do “evolvei e multiplicai-vos” –
onde coloca em primeiro lugar o crescimento superior com capacidade para outra
forma de procreação – a bioplasmática como sugere o Gênesis.
Analisa
também o significado de outras expressões como “a árvore da vida”, o pecado
original, o homem vertical, a origem da moral, etc. e o significado do poder
mental, intelectual (Lúcifer) e o poder espiritual (Logos).
Cita o
Bhagavad Gîta para ilustrar a luta entre a inteligência lucérifa que nos mantém
presos às ilusões do pecado original e domina pela ‘persona’ (máscara), e o
Logos, ou seja, o poder espiritual capaz de libertar o homem-ego da escravidão
ao seu ego-físico-mental-emocional.
Sobre a
moralidade, diz que 25% da humanidade não têm senso normal de moralidade, pois
esta é uma conquista da convivência social; a mais antiga moralidade é
fundamentalmente de caráter egoísta; a atual é secretamente e altruisticamente
egoísta. São raras as pessoas de moral elevada como foram: Cristo, Francisco de
Assis, Gandhi, Albert Sweitzer.
O homem
moral crê; já o homem espiritual sabe o que é Deus. Daí a importância do
‘querer’ para chegar ao estágio do ‘renascimento pelo espírito’. Para atingir
esse estágio o homem precisa ouvir a voz da razão; só assim vai deixar de
querer ser servido pelo mundo material, pela magia mental, pelo poder político.
Cita a “Tentação no Deserto” como exemplo da ação do intelecto e da razão.
A
Redenção admitida em todas as religiões do mundo tem no Cristianismo sua maior
representante. A remissão pressupõe que há escravidão e que o homem é um
prisioneiro. Se ‘o reino dos céus
está dentro de vós’ ou, ‘ o
reino dos céus é como um grão de mostarda’, pressupõe-se que há uma
porta que o homem tem que abrir, por si, para libertar-se.
O
ignorante espera que venha de fora essa redenção; o intelectual quer um milagre
da magia mental; já o homem consciente da sua natureza racional, espiritual,
divina, realiza-a em virtude de seu Cristo interno.
Em suma,
“Lúcifer e Logos” é uma análise profunda, objetiva, da jornada evolutiva do
homem desde sua criação, através do ego, até a conquista de sua redenção
tornando-se o homem cósmico. O homem e a humanidade têm diante de si, apesar de
todas as misérias, um caminho a seguir. O homem já foi remido na pessoa de
Jesus. Falta remover os obstáculos que obstruem o caminho. A conquista da
felicidade (Samadhi) implica em que o homem se esvazie de todos os conteúdos de
seu ego ilusório e se coloque em disponibilidade cósmica numa atitude
pleni-consciente. Ele tem livre arbítrio para consumar a remissão.
Cita
Paulo de Tarso com o texto: “A Natureza está sujeita à corruptibilidade, não
por vontade própria, mas por aquele que a sujeitou...” e a redenção da natureza
depende da redenção do homem.
A Constituição Cósmica do Universo é
rigorosamente hierarquizante: as criaturas inferiores dependem das creaturas
superiores. Servir os outros e transformar a humanidade foi o exemplo deixado
por Jesus.
Advertência – mantivemos
os termos Crear e Creatura obedecendo ao ensinamento do autor: -
“Crear é a manifestação da Essência em forma de existência – Criar é
a transição de uma forma de existência para outra existência”. Diz mais: ‘A
substituição da tradicional palavra latina crear pelo neologismo moderno criar
é aceitável em nível de cultura primária, porque favorece a alfabetização e
dispensa esforço mental – mas não é aceitável em nível cultural superior,
porque deturpa o pensamento.’