O ‘DI MENOR’ E A IMPORTÂNCIA DO TRABALHO PRECOCE
-‘Criança não trabalha; criança dá trabalho’ >
(slogan de uma campanha contra o trabalho infantil).
O que é trabalho infantil? Quando ele é um ‘crime’ e
quando ele funciona como um fator educativo? Naturalmente que a exploração da
mão de obra infantil e também dos adultos é um crime denominado escravidão que
pode ser de ordem física, moral, psicológica, etc., causando constrangimentos e
graves danos às vitimas, tudo em função da ganância financeira de alguns.
Está errado generalizar de que todo trabalho infantil
é escravo. O trabalho precoce tem sua importância, pois o futuro cidadão quase
que de forma lúdica adquire habilidades e bons hábitos de trabalho muito úteis
para seu futuro, como por exemplo, a pontualidade, seguir ordem e regras,
respeitar os supervisores, além da conquista do respeito e auto-estima por ser
semi-independente financeiramente; muitas crianças sentem-se orgulhosas por
poder contribuir com o orçamento doméstico. O jovem que não tem a oportunidade
de acumular essas experiências que serão úteis profissionalmente no futuro,
dificilmente será bem sucedido quando tiver que enfrentar as responsabilidades da
rotina de um trabalho. E, não será a escola pública sucateada, nem a família
desestruturada, nem as igrejas ou clubes que suprirão essa experiência e
aprendizado proporcionado por um trabalho onde a pessoa se sinta útil e
responsável.
O descaso e até comportamentos anti-sociais dos
jovens ditos pobres, independente da origem étnica, em geral decorre da maneira
com eles foram criados. A grande maioria provém de famílias desestruturadas
onde a assistência social substitui o pai-provedor ausente, cujas responsabilidades
ficaram ao encargo da mãe solteira, às vezes muito jovem.
O ambiente nessas famílias onde o bem estar
social-econômico não lhes custa nada, torna-se deseducativo, vicioso e leva à
pobreza crônica; uma criança vivendo em ambientes onde todos falam em direitos,
dificilmente aprenderá a ter deveres.
Verdade que cada povo com sua cultura e com seus
hábitos. Fala-se muito em heranças... Assim, no Brasil colonial escravagista,
criou-se o hábito de não impor trabalho aos filhos do sinhô com a escrava e,
estes ‘moleques’, cresciam livres. Lemos no livro “Brasil No Contexto Colonial
Ibérico” (Valentin B. Cuadrado) – pag. 245
- sobre os Escravos: ‘... o Brasil
é inferno dos negros, purgatório dos brancos e paraíso dos mulatos e das
mulatas; salvo quando, por alguma desconfiança ou ciúme o amor se muda em ódio
e sai armado de todo gênero de crueldade e rigor’... Lembra das qualidades
profissionais dos escravos que, segundo P. Calógeras eram ‘os pés e as mãos do senhor’, e diz: -“Melhores ainda são, para qualquer ofício, os mulatos; porém muitos deles,
usando mal do favor dos senhores, são soberbos e viciosos, e prezam-se de
valentes, aparelhados para qualquer rigor’.
Evidentemente não se pode generalizar, considerando
que entre os grupos negros introduzidos no país como escravos os há de todas as
índoles, pertencentes a diferentes grupos étnicos afro.
O estatuto do menor e do adolescente em vigor no
país, na verdade está contribuindo para criar uma classe de desocupados apesar
de suas capacidades de aprendizado, e que poderiam ser produtivas em benéfico próprio.
O ‘di menor’ que representa um sério problema social, nada mais é do que uma vítima
da forma como as crianças e jovens estão sendo impedidos de exercer tarefas
para as quais tem aptidão. Dá gosto ver pequenos aprendizes empenhados em
realizar alguma tarefa e depois exibi-la como um troféu, pois é uma conquista
sua. E é isso que lhes está sendo negado. Trabalho precoce é educativo, sim!
Encerrando com as palavras do citado autor: - “... e não é fácil cousa decidir se nesta parte
são mais remissos os senhores ou as senhoras, pois não falta entre eles e elas
quem se deixe governar... ’ – É o que acontece em muitas famílias, hoje
> os filhos mandam nos pais e estes temendo a ação do Estado castrador não
educam seus filhos impondo limites e oferecendo oportunidade deles se
realizarem através de pequenos trabalhos que também educam. Infelizmente o
comportamento negativo dos jovens desocupados já se estendeu às salas de aula e à sociedade
como um todo.