sexta-feira, 29 de maio de 2015

O ‘DI MENOR’ E A IMPORTÂNCIA DO TRABALHO PRECOCE

-‘Criança não trabalha; criança dá trabalho’ > (slogan de uma campanha contra o trabalho infantil).

O que é trabalho infantil? Quando ele é um ‘crime’ e quando ele funciona como um fator educativo? Naturalmente que a exploração da mão de obra infantil e também dos adultos é um crime denominado escravidão que pode ser de ordem física, moral, psicológica, etc., causando constrangimentos e graves danos às vitimas, tudo em função da ganância financeira de alguns.

Está errado generalizar de que todo trabalho infantil é escravo. O trabalho precoce tem sua importância, pois o futuro cidadão quase que de forma lúdica adquire habilidades e bons hábitos de trabalho muito úteis para seu futuro, como por exemplo, a pontualidade, seguir ordem e regras, respeitar os supervisores, além da conquista do respeito e auto-estima por ser semi-independente financeiramente; muitas crianças sentem-se orgulhosas por poder contribuir com o orçamento doméstico. O jovem que não tem a oportunidade de acumular essas experiências que serão úteis profissionalmente no futuro, dificilmente será bem sucedido quando tiver que enfrentar as responsabilidades da rotina de um trabalho. E, não será a escola pública sucateada, nem a família desestruturada, nem as igrejas ou clubes que suprirão essa experiência e aprendizado proporcionado por um trabalho onde a pessoa se sinta útil e responsável.

O descaso e até comportamentos anti-sociais dos jovens ditos pobres, independente da origem étnica, em geral decorre da maneira com eles foram criados. A grande maioria provém de famílias desestruturadas onde a assistência social substitui o pai-provedor ausente, cujas responsabilidades ficaram ao encargo da mãe solteira, às vezes muito jovem.

O ambiente nessas famílias onde o bem estar social-econômico não lhes custa nada, torna-se deseducativo, vicioso e leva à pobreza crônica; uma criança vivendo em ambientes onde todos falam em direitos, dificilmente aprenderá a ter deveres.

Verdade que cada povo com sua cultura e com seus hábitos. Fala-se muito em heranças... Assim, no Brasil colonial escravagista, criou-se o hábito de não impor trabalho aos filhos do sinhô com a escrava e, estes ‘moleques’, cresciam livres. Lemos no livro “Brasil No Contexto Colonial Ibérico” (Valentin B. Cuadrado) – pag. 245  - sobre os Escravos: ‘... o Brasil é inferno dos negros, purgatório dos brancos e paraíso dos mulatos e das mulatas; salvo quando, por alguma desconfiança ou ciúme o amor se muda em ódio e sai armado de todo gênero de crueldade e rigor’... Lembra das qualidades profissionais dos escravos que, segundo P. Calógeras eram ‘os pés e as mãos do senhor’, e diz: -“Melhores ainda são, para qualquer ofício, os mulatos; porém muitos deles, usando mal do favor dos senhores, são soberbos e viciosos, e prezam-se de valentes, aparelhados para qualquer rigor’.

Evidentemente não se pode generalizar, considerando que entre os grupos negros introduzidos no país como escravos os há de todas as índoles, pertencentes a diferentes grupos étnicos afro.  

O estatuto do menor e do adolescente em vigor no país, na verdade está contribuindo para criar uma classe de desocupados apesar de suas capacidades de aprendizado, e que poderiam ser  produtivas em benéfico próprio.

O ‘di menor’ que representa  um sério  problema social, nada mais é do que uma vítima da forma como as crianças e jovens estão sendo impedidos de exercer tarefas para as quais tem aptidão. Dá gosto ver pequenos aprendizes empenhados em realizar alguma tarefa e depois exibi-la como um troféu, pois é uma conquista sua. E é isso que lhes está sendo negado. Trabalho precoce é educativo, sim!


Encerrando com as palavras do citado autor: - “... e não é fácil cousa decidir se nesta parte são mais remissos os senhores ou as senhoras, pois não falta entre eles e elas quem se deixe governar... ’ – É o que acontece em muitas famílias, hoje > os filhos mandam nos pais e estes temendo a ação do Estado castrador não educam seus filhos impondo limites e oferecendo oportunidade deles se realizarem através de pequenos trabalhos que também educam. Infelizmente o comportamento negativo dos jovens desocupados  já se estendeu às salas de aula e à sociedade como um todo.