Introdução:
dando sequencia ao tema sobre o desafio
de vencer o drama vivido através do uso de drogas por gerações de jovens em busca de uma
identidade, segue o texto - “Motivações da Toxicomania” – cap. Do livro
‘Realidade dos Tóxicos’ de M. C. V. Santarcangelo.
Toxicomania é um dos
problemas mais preocupantes da atualidade. Estudiosos, juristas, autoridades em
geral, psicólogos, igreja, educadores, pais, etc., tem procurado tomar medidas
para conter o avanço alarmante do uso de drogas pelos jovens, cada vez mais
cedo.
São inúmeras as motivações para levar um
indivíduo ao uso de tóxicos Temos: 1- as psicopatológicas, resultantes da
insegurança, indecisão ou instabilidade emocional, neurose, angústia, etc., ou
seja, causas que tem ligação com a psiquê individual. 2- as causa acidentais ou ocasionais que derivam
do uso frequente de medicamentos com crescente aumento de doses criando a
dependência.
Segundo o Dr. Oswaldo M.
de Andrade que enfatiza a predisposição individual, as frustrações, decepções e
a curiosidade é que desencadeariam o processo.
Para o Pe. Emilio Jordan,
após debater com professores, médicos, advogados, estudantes e viciados, a
motivação estaria em: a) fuga dos problemas tanto de ordem material, quanto de
ordem moral ou espiritual; b- curiosidade; c- luxo; d- dependência física e
psíquica; e- personalidade psicopática.
Destaca ainda a falta de
ambiente no lar, falta de diálogo com os pais, falta de convívio familiar, más
companhias, divertimentos e leituras nocivas, ociosidade, excessiva liberdade,
pouca cultura, educação frouxa, excitação mediante a divulgação de produtos
comerciais despertando "necessidades" e frustrações.
A 'moda' tem sido um dos
fatores que tem levado muitos na sociedade a tornarem-se independentes dos pais
e fazer parte do 'grupo'.
A nível internacional
tem-se verificado que a crescente urbanização aliada a desagregação familiar e
ao choque de gerações tem propiciado o aumento do uso de drogas, considerando
que a comunicação mais rápida gera curiosidade e desejo de imitar, numa espécie
de fuga da sua realidade.
A facilidade de acesso,
além do exagero de prescrição médica de barbitúricos, muitas vezes
desnecessários, são fatores agravantes.
A ignorância e o meio social-cultural também.
A humanidade sempre tem
atravessado épocas de crise e épocas críticas que levam a grandes mudanças
bruscas e rápidas, transformando crenças, costumes, padrões sociais, educação,
organização econômica, etc.
A rapidez dessas mudanças
impede a perfeita assimilação, elaborando um amadurecimento através de experiências
vividas. Tem faltado tempo para as novas gerações que também passam por suas
'crises' de crescimento para que consigam compreender o mundo em que vivem.
Um jovem, por exemplo, passa
por situações penosas de crescimento. Os sintomas são: 1- busca de si mesmo e
de sua identidade; 2- tendência grupal - para se auto-afirmar apega-se a
expressões da moda (roupas, corte de cabelo, tatuagens, etc.); 3- tendência a
intelectualizar e fantasiar - pensa em mudar o mundo, novas teorias, religiões,
etc.; 4- crise religiosa - tem que fazer uma opção pessoal oscilando entre o
misticismo total e o ateísmo absoluto; 5- não tem noção do tempo cronológico -
ou é muito cedo (jovem), ou é muito tarde (já é dono de si); 6- evolução sexual
manifesta - precisa aprender a controlar os próprios impulsos; 7- contradições
sucessivas com alterações de ânimo; 8- liberdade e progressiva independência
dos pais.
Um jovem vivendo essa
ambivalência pode ver no vício da 'moda' a sua oportunidade de fuga para seus
problemas e conflitos. Se o ambiente familiar e social em que vive for salutar,
compreensivo e apoiador ele não sentirá tanto a necessidade de fuga e de
auto-afirmação.
A sociedade mecanizada
onde predominam as preocupações materiais e aonde o convívio familiar vem sendo
minado é uma porta aberta que leva ao uso dos tóxicos, cada dia mais cedo. A
marginalidade, o uso dos tóxicos, o tráfico de drogas tem se propagado de forma
alarmante; vem de um passado remoto e a cada dia o seu horizonte se amplia
apesar de todos os esquemas de repressão.
Observações: - O apelo à liberação do uso da maconha
no país, nos últimos 30 anos, foi, a nosso ver, o principal agente propulsor da
escalada do uso das drogas acompanhada de toda sorte de violência urbana.
- Onde começa
o direito, onde acaba?
- O povo só vê a aparência das
coisas. A ilusão do progresso e conquistas de bens materiais é usada para
manter as mentes ocupadas. - “...
saber tocar as cordas mais sensíveis da alma humana: o cálculo, a avidez, a
insaciabilidade dos bens materiais, todas essas fraquezas humanas, cada qual
capaz de abafar o espírito e a iniciativa, pondo a vontade dos homens à
disposição de quem compra sua atividade (no caso o tráfico e consumo de
drogas..._) – essa tem sido a política predominante.