Pressupõe-se
que quem governa tem qualificações que lhe permitem servir de modelo onde os
cidadãos possam mirar-se. Porém o que se pode observar é que na educação foram
esquecidas as técnicas da formação da própria pessoa, ou seja, dos
procedimentos que contribuem na formação pessoal para que sejamos quem somos.
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‘Educar-se é governar-se’. Quando se fala do cuidado com a educação e do
próprio aprimoramento, está se falando de
uma forma de educação que afeta toda a existência e contribui na
formação individual. Corresponde ao aprendizado do cuidado consigo e com os
demais’. É por esse motivo que a Educação da pessoa que governa, que o seu aprimoramento são de suma
importância, pois ela diz respeito não só a si como cidadão, mas afeta a
sociedade como um todo.
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Como aprender? – O aprendizado entende algo mais de como nos constituímos a nós próprios como
indivíduos, até chegar a ser artesãos, artífices, da beleza e dignidade de
nossa própria vida. Trata-se, principalmente de cuidar-nos de nossas condutas e
de nossas relações conosco e com os outros, e até na procura de uma atividade recreativa.
Tudo
isso tem um alcance político, que inclui a coragem da curiosidade de pensar se
seremos capazes de chegar a ser outra pessoa. Corresponde a práticas que
produzem verdadeiras transformações pessoais. Transformações que por sua vez
são transformações da sociedade. Pois bem, educar-se não é apenas ocupar-se
individualmente do que nos afeta e ignorar os outros, nem esquecer-se do comum,
da comunidade, da comunicação; é sentir-se vinculado a uma tarefa que precisa
de nossa máxima dedicação, a da transformação. O cuidado de cada um, a
dedicação, a cultura que isso requer, é determinante, inclusive para garantir e
legitimar nossa relação com os demais.
Diálogo ilustrativo:
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“Sócrates – Todo homem que não conhece as coisas que estão nele, também não
conhecerá as que pertencem aos outros.
Alcebíades
– Isso é verdade.
Sócrates
– Não conhecendo as coisas pertencentes aos demais, não pode conhecer as do
Estado.
Alcebíades
– É uma consequência necessária.
Sócrates
– semelhante homem pode ser alguma vez um bom homem de Estado?
Alcebíades
– “Não”. (Platão, Alcebíades, 131 a-b)
Alcebíades
pergunta a Sócrates sobre como preparar-se para a ação pública. A resposta se
concentra no cuidado de si próprio. “Se uma pessoa não é capaz de governar-se a
si próprio, como vai governar a cidade?
Alcebíades é chamado a
procurar a justiça e a sabedoria, e para isso, se lhe diz: tem que “administrar
e cuidar de si e de seus assuntos, como também da cidade e das coisas da
cidade” – e isto também é economia, mas com educação.
Conclusões
– o ‘Conhece-te a ti mesmo’, cuidar da própria educação em primeiro lugar, deve
ser o objetivo de toda a educação, inclusive de quem governa, pois o que o
governante é se refletirá no coletivo, na sociedade. A educação é assim uma
tarefa coletiva. Sem esta convicção, o que chamamos de governo, resulta de
olhar curto, desejo de dominação e de controle dos indivíduos.