Nota introdutória: - Nesta semana
de comemoração do dia do Índio aproveitamos para postar textos que
despertaram o interesse dos leitores do Shvoong. Inicialmente planejamos postar os resumos dos livros : ‘TUPI – LÍNGUA
ASIÁTICA’ (Luiz Caldas Tibiriçá); NHEENGATU
– (Vocabulário Nheengatu – Vernaculizado pelo português falado em São Paulo –
Língua Tupi Guarani - Afonso A. de Freitas
- 1976) e ‘ETNIAS – O INDÍGENA BRASILEIRO’.
Na sequencia temos mais dois textos
– resumo sobre os indígenas: - ‘XINGU – TERRITÓRIO TRIBAL’(Orlando e
Cláudio Villas Boas) e – “Andarilhos DA CLARIDADE - Os Primeiros Habitantes do
Cerrado” – (autor Altair Sales Barbosa – prof. e pesquisador da UCG).
"XINGU - TERRITÓRIO TRIBAL" é a visão do que
é o Parque do Xingu e como é o índio da região, suas crenças, mitos, estilo de
vida, segundo os indianistas Orlando e Cláudio Villas Boas:
- O Parque possui 26 mil km², onde o índio em
seu caráter nômade convive com uma fauna e flora intocada, localizada entre o
cerrado, campos de várzeas do Brasil central e as florestas que marcam o início
da "Hiléia Brasileira". A região tem dois tempos climáticos: o
inverno (chuvas) e o verão (seca), funcionando com a regularidade de um
relógio; porém o tempo cronológico não existe para o morador local - para o
índio há o dia, a noite, a Lua; a contagem do tempo não interessa para nada. O
rio mostra-se exuberante; caudaloso nas cheias; na vazante, amplamente povoado
pelas aves migratórias (garças, jaburus, colheireiros) e nas praias há ainda os
monjolinhos e gaivotas. Estas são intocáveis, pois tem alma de pajé.
Os nativos ali aldeados
mantém o Totem como uma lembrança do passado.
O comportamento tribal -
o índio é livre no seio da comunidade; ninguém manda em ninguém. O pajé é
apenas um elo de ligação com o mundo do sobrenatural que rege a vida na aldeia.
O Chefe da tribo é bom, compreensivo, conselheiro - nunca dá ordens. Há o
respeito mútuo. O equilíbrio é regido pelo seu mundo mítico e mágico.
Sua arte é feita com
capricho, demandando o tempo que for necessário, sem pressa. Não é preguiçoso;
tem grande poder de concentração realizando as tarefas sem preocupação com o
tempo.
É um observador; não um
pesquisador; não é ambicioso e portanto não acumula mais do que tem para uso;
dá ensinamentos profundos especialmente quanto ao comportamento dentro da
sociedade.
Todo índio é
auto-suficiente e sabe produzir tudo o que necessita, desde o arco e flecha, a
rede, objetos de cerâmica, até a casa para morar; há uma distinção entre
trabalho do homem (ex. acender o fogo, assar o peixe) e da mulher (cozinhar o
peixe).
A educação das crianças
da tribo é feita pelo pai - ele é a escola, não o mestre. A criança aprende
vendo e colhendo a experiência do pai.
No processo de
aculturação sempre demonstra mais interesse por coisas que tem a ver com sua
cultura; só demonstra entusiasmo quando vê algum objeto de fabricação de outra
tribo. Ele passa a se interessar e utilizar traços de outra cultura através de contatos
amistosos.
Um hábito praticado
diariamente até quatro vezes é o do banho; sempre que passa perto de um rio,
lagoa ou fonte ele entra para se banhar.
Tradições e Valores - só
o convívio para entender os valores e as tradições que repousam no mundo
mágico, mítico e religioso da comunidade nativa. O pajé e o feiticeiro ou bruxo
são respeitados pelo seu conhecimento do sobrenatural.
O índio é supersticioso.
Acredita em um mundo eterno (Ivát), para onde vão as almas dos mortos. O Ivát é
o reflexo da realidade. Quando um índio morre é enterrado com seus pertences; o
arco e a flecha são colocados sobre a sepultura, pois eles servem para o morto
se defender dos espíritos malignos na travessia até o paraíso. As entidades e
grandes espíritos moram no Morená; destacam-se Maivotsinim (O Grande Criador) e
Wakuarratáp (a Energia Suprema).
Segundo sua cultura os
índios nascem com três almas. A primeira e a segunda, concebidas pelo homem e
pela mulher, morrem com o homem. A terceira alma, a Yankatú é a pura essência. De
tempos em tempos ocorrem batalhas entre as almas que vão para a terrível Aldeia
dos Pássaros e o Falcão, Senhor da Terra. As almas derrotadas são devoradas; se
vencerem transformam-se em estrela dos céus da aldeia.
Nota final: aproveito para registrar a visita do filho de um chefe de tribo à
Imery Publicações (meados dos anos 80). Ele queria o livro ‘Mensagem Eterna dos
Mestres’ (H’Sui Ramacheng) para presentear o filho. Disse: ‘Aqui neste livro
tem todo o ensinamento de nosso povo. Padre fala, fala... mas não explica
nada’. Para quem não conhece, o pequeno livro é a síntese da mais alta
filosofia espiritual da humanidade!