“A descoberta da América > ‘A maior coisa depois da criação do
mundo’”.
(dedicatória de F. L. Gómarra em seu livro ‘História General de las Índias – a
Carlos V).- era assim que o mundo civilizado via o Novo Mundo.
Na época da
descoberta, difundiu-se a ideia de que a América era o Paraíso Terrenal tão
grande eram as riquezas e benesses do Novo Mundo repleto de todas as delícias.
Estudos destacam produtos da terra: - milho, batata, feijão, cacau, peru,
tomate, o abacaxi – ananás, mamão (papaya), goiabas (guayabos), mandioca
(yuca), alimento básico de grande parte dos brasileiros, etc., entre tantos
outros que foram incorporados à culinária internacional e que sofreram muita
resistência na Europa.
O cacau,
esse caiu no gosto popular e hoje é um
produto muito valorizado e apreciado no mundo todo.
CACAU – (Cacahuatl) era usado como moeda de troca pelos nativos
mexicanos. Sua posse indicava riqueza. No entanto, era apreciado como bebida
diária adoçado com mel, e sem leite. Montezuma era um grande apreciador da
bebida.
O cacau
tornou-se um vício ou mania nacional ao ser levado para a Europa, fato que
chegou a preocupar o clero que considerava um pecado seu uso e abuso. Brillat-Savarin (1755-1826), autor de
“Fisiologia do Gosto” recomendava o uso de “um bom meio litro de
chocolate temperado com âmbar” a quem tenha que trabalhar à noite, aos
intelectuais, a quem sentir o ar úmido, o tempo longo, ou se sinta atormentado
por uma idéia fixa, etc. Em oposição, outros alertavam para os malefícios do
hábito chegando a compará-lo aos efeitos da coca e do tabaco, por ser objeto da
glutonaria. A Alemanha, a Suíça e a França se encarregaram de sua
industrialização. Atualmente o chocolate faz parte das guloseimas mais
apreciadas.
MILHO – era a base da alimentação indígena do México, da Guatemala,
Colômbia, Venezuela, Peru... Sua origem, segundo dados arqueológicos datam de
7.500 a.C. Segundo uns, uma cultura originária do México, e para outros, no
Peru de onde se havia dispersado pelo continente americano. O deus branco
(Quetzalcoalt – ‘serpente de plumas’), doador do milho, partira decepcionado
com o povo que só queria se ocupar em produzir e consumir o produto...
Usado
largamente assado, cozido ou em massas, pelos nativos, o “pão tropical”, mudou
o ritmo de trabalho nos campos europeus por sua produção rápida; foi aceito com
restrições; só o fubá conquistou o paladar de galegos (broa), de italianos
(polenta) e dos romenos (mamaliga). Os grãos cozidos, atualmente fazem parte
das saladas cruas acompanhando carnes de aves à mexicana ou a moda americana.
BATATA – na América há mais de setenta tipos de batatas. Recebeu nomes
como batata inglesa, holandesa, etc., conforme as adaptações e usos de seu
cultivo nos diferentes países da Europa, onde inicialmente foi usada como
forragem. A penúria provocada pela guerra dos 7 anos levou a população a
adotá-la como base da alimentação em Portugal, substituindo a castanha e o
nabo, e passou a ser chamada de “castanha da Índia”. A frase: ‘Vá plantar batatas’ data dessa
época em que, quando funcionários de empresas eram demitidos, recebiam a
sugestão de que fossem cultivar o produto como meio de subsistência.
Acusada de
provocar flatulência e de ser indigesta, os islamitas deram à batatinha o nome
de “alimento de Satanás”. Na França, o agrônomo e farmacêutico francês Antoine
A. Parmentier (1737-1813) criou diversos pratos com batatas assadas, cozidas,
recheadas, fritas, em purês, suflês, etc. Mas, ao contrário de agradar aos
franceses, provocou a sua rejeição para ocupar um cargo público, temendo que
ele impusesse o uso de batatas aos cidadãos franceses.
Atualmente o
produto faz parte do cardápio básico de muitos países europeus com pratos
típicos nacionais, como o “beeftech-frites” em Paris, sendo muito apreciada.
FEIJÃO – pela semelhança com outras leguminosas conhecidas na Europa, o
feijão teve melhor aceitação pelo seu valor nutritivo para o alimento de jovens
e pessoas robustas. Não era recomendado para pessoas delicadas, ou jovens
dedicados ao estudo e às pessoas sedentárias por ser de difícil digestão,
sobrecarregar o estômago e provocar gases intestinais. A Escola de Pitágoras
proibia aos alunos o consumo de carnes e feijões. Já o feijão verde – vagens -
é recomendado para acompanhar carnes como de carneiro.
PERU – “dinde”, “dindon” (em francês), “Indianischer-Hem” (alemão), “dindo”
(italiano) era o “uexelot” dos astecas ou o “guajolot” mexicano. Na Espanha são
chamados de “gallipavos”. Foi logo transformado em prato real na Inglaterra e
na França. O peru era considerado uma ave antieconômica pela despesa para sua
criação. Surgiram receitas como o “frango da Índia recheado de framboesas” que
era preparado assado, cozido, desfiado, quente ou frio com gelatina e maionese.
É um prato para festas comemorativas e religiosas, tanto na América como na
Europa.
Finalizando:
- A América foi doadora e recebedora de inúmeros produtos básicos na
alimentação do povo. Hoje, em tempo de festas – Páscoa – o Chocolate não pode faltar, com também não
pode faltar a tradicional bacalhoada com batatas à moda. O peru no Natal... O
milho, feijão, a mandioca estão na maioria das mesas. Carnes, massas, além de Frutas
e verduras que dão um colorido saudável às mesas e despertam a glutonaria. É a
refeição de gala em todos os lares regada a sucos, vinhos, licores, manjares
finos. E depois, toma dieta! Pan y água; um caldo, restrições calóricas...
Restrição de proteínas, de carboidratos, etc.
- ‘Brasileiro come demais!’ – comentário feito
por uma médica italiana de passagem pelo Brasil chamou minha atenção (voltarei
ao assunto em outro texto). Mas, às críticas feitas por europeus sobre a
América podem ser rebatida com uma frase de Rubião, personagem de Machado de
Assis: - “Ao vencedor as batatas”!