À
falta de autocrítica, para não falar em humildade, o tema alimentação x pobreza
x programas sociais tem sido explorado no país através de uma chantagem
emocional e de doutrinação das pessoas. Os mentores dessa falácia começam pela
propagação de uma mentira maior do que a outra.
Fazer
o bem sem olhar a quem. E ‘quem dá aos pobres empresta a Deus’ são prática
corrente desde os tempos bíblicos entre
todos os povos. Sempre houve ricos e
pobres. Proprietários e sem terra. Ninguém passava fome por não ser dono de um
pedaço de terras. A alimentação era prioridade em todas as comunidades urbanas
e ou rurais de que se tem noticias. Era tradição não só no passado, mas até bem
recentemente o costume de, após a colheita, abrir os campos para que os menos favorecidos coletassem o
produto deixado.
Quem tem farelos?
– por exemplo, no tempo de vacas magras os cavalariços reinóis encarregados de
cuidar dos ginetes saiam em busca de farelos (a parte grosseira da farinha de
trigo) para alimentar os animais; sabe-se que muitas vezes esse era o único
petisco que os serviçais dispunham para seu próprio alimento. Eram tempos difíceis para todos. Havia até
contos ilustrativos ensinando a viver com o pouco: - ‘Com o coração de uma
pulga, sabendo prepará-lo dá para alimentar um regimento inteiro’ – dizia um
desses refrões. Ou, Pão e água, mais
temperos: alho, azeite, sal e vinagre eram suficientes para passar o dia no
campo trabalhando. Podia-se fazer um Gaspacho no calor, ou um caldo no inverno.
Frutas secas, nozes, castanhas completavam o farnel.
Quando
por várias vezes ouvi de europeus referencias à quantidade de alimentos consumidos
por pessoa/dia no Brasil, não fiquei muito surpresa, pois já conhecia hábitos alimentares
lá no velho mundo, inclusive a dieta
Mediterrânea hoje tão valorizada.
Brasileiro come demais! – frase dita por uma médica italiana de passagem
pelo Brasil na década de 70 do século passado chamou minha atenção. E, brasileiro exagera em quantidade de
produtos consumidos de uma vez – observação de uma francesa. A médica em
questão, apesar de pertencer à família de posses do norte da Itália comentou
que no tempo de guerra, às vezes passavam o dia com uma xícara de chá ou, na
melhor das hipóteses, um copo de vinho no inverno. Pão, biscoitos e às vezes
queijo eram produtos raros usados poucas vezes na semana.
Já
havia convivido com pessoas de origem alemã e húngara, provenientes da Europa
pós guerra mundial, e sabia das restrições alimentares sofridas, além dos
traumas que haviam marcado suas vidas para sempre. Não eram pessoas
lamurientas, não. Estavam mais para caladas e só raramente deixavam escapar uma
ou outra observação sobre as restrições e os horrores vividos. Normalmente eram
comedidos nos seus hábitos alimentares.
-
Porque estou a falar sobre isto? - porque cada vez que ouço políticos falar em
miséria, fome, pobreza e programas de resgate de ‘milhões’(!) de pessoas da
miséria e da pobreza extrema aqui no Brasil, sinto dúvida sobre a veracidade
dos números e dos programas ditos sociais. Que eu saiba no país se produz muito
além da capacidade de consumo; o descarte/dia de alimentos é gigantesco. Num
país considerado paraíso tropical só passará fome quem for muito preguiçoso ou
acomodado. Atualmente o Estado usa o assunto para fazer cortesia com chapéu
alheio, uma vez que, não produz, mas monitora tudo e todos os que trabalham e
produzem para depois fazer seus ‘programas sociais’ com interesses políticos de
poder. Seu papel regulador para garantir
a segurança alimentar inexiste.
Sou
do tempo em que o cidadão era livre para trabalhar, produzir riquezas, comercializar seus produtos, e, nas
cidades e nos municípios, não havia a tal pobreza e miséria trombeteada pelo
Governo atual. Os que eram realmente incapazes de prover seu sustento sempre
foram atendidos pela família, pela sociedade civil e pela Igreja.
Dietas - Come-se
muito e muitas vezes ao dia, e de forma errada. Essa é a verdade. Sempre haverá
pobres e ricos, pois cada um, dentro de seus limites, interesses e capacidades
de trabalho irão ter resultados diferentes. A sociedade atual é diferente
daquela de meio século atrás. Muitas modernidades – especialmente produtos
industrializados estão disponíveis com forte apelo comercial que desperta o desejo
de consumo com graves prejuízos para a saúde na maior parte das vezes; o que eu quero dizer é que, se ‘o peixe morre
pela boca’, o mesmo ocorre com o comilão que se empanturra com gulodices
desnecessárias e que são prejudiciais à saúde: Diabetes, colesterol alto, AVC, obesidade, etc.
Na
verdade não é o que se come que faz bem, mas o que se deixa de comer. É o que
ocorre com todas as dietas, inclusive a dieta Mediterrânea.
Repetimos
aqui o que intimamente todos devem saber: - cada um é livre e do uso dessa
liberdade vai depender a colheita; em primeiro lugar é responsável por si,
pelos seus atos, suas decisões, inclusive a de ajudar a quem precisa sem olhar
a quem. Ajudar a quem precisa, sim. Carregar nas costas NÃO!