República é hoje o regime aceito pela maior parte do mundo.
Mas da boca para fora.
No Brasil, onde desde 1889 o regime se chama República, só
houve eleições minimamente decentes para a presidência em 1945, 1955 e 1960, segundo
está registrado na história. A partir de 1989 para cá temos tido eleições
livres, mas ainda com certa manipulação dos meios de comunicação. Dos cento vinte
e três anos republicanos, na verdade quantos corresponderam a um regime com as
liberdades públicas asseguradas?
Votar não basta, para que o regime republicano seja uma
democracia. A manipulação escandalosa da vontade de umas minorias suplantando a
da maioria verdadeira tem sido a marca registrada do sistema político eleitoral
vigente. É incrível como grupos minoritários conseguem ganhar eleições sem na
verdade terem ganho. Já falamos de nossa decepção com as alianças políticas
feitas entre partidos - partidos repartidos que na verdade não passam de
parasitas do poder (leia – dos cofres públicos). O Mensalão está aí como prova
inconteste da prática; partidos nanicos, sem programa e sem perfil político
definido se transformaram em ‘base de apoio’ para atender aos interesses do
governo, de um partido político e por
tabela dos caciques...
Hoje temos 30 partidos: 6 partidos trabalhistas, 4
socialistas, 3 republicanos, 2 comunistas, dois dos trabalhadores, um
humanista, um verde, um ecologista, etc. E, todos formando uma barafunda de
alianças, que na verdade são alianças de políticos que representam as
diferentes legendas.
Moralizar essa cultura parasitária só será possível com uma
profunda reforma política, que naturalmente não pode ser feita por quem está a
desfrutar dos benefícios dessas alianças. Essa proliferação de partidos está a
corroer os princípios democráticos da Nação. Eles não representam pluralidade
de idéias, mas interesses particulares. O eleitor vota em um candidato e leva
de brinde um personagem no qual ele jamais teria votado.
Esse sistema está se tornando uma excrescência
antidemocrática; é preciso renovar as idéias emboloradas e artríticas
dominantes. Entre a teoria e a prática constatamos que os que chegaram ao poder
foram eleitos com uma minoria inconteste de votos e que a grande maioria foi
excluída, pois a forma de escolha ditada pelos detentores do poder lhes
assegurou vencer sem na realidade terem vencido. Vejamos o exemplo que se concretizou ontem no segundo
turno na eleição para prefeito em São Paulo: O candidato eleito (Haddad) obteve
3.387.720 votos num universo de 8.619.170 eleitores, ou seja, obteve 39,3% dos
votos do eleitorado com direito a votar, sendo que 60,7% disse Não ao candidato eleito... Essa é a realidade. Houve
abstenções que preocupam o TSE. A nosso ver, as abstenções, os votos nulos e em
branco são muito significativos pois eles demonstram uma grande insatisfação da
população para com o sistema; essa reação do eleitor é um recado claro que
deseja uma democracia comandada por pessoas capazes, honestas que tenham uma
linha de conduta clara.
O voto é importante numa Democracia; mas nem toda votação
leva a um regime realmente democrático.
REPÚBLICA-|rè| (latim respublica, domínio do Estado, a coisa pública, governo,
administração pública) s. f.
1. Coisa
pública; governo do interesse de todos (independentemente da forma de governo).
2. Forma
de governo em que o povo exerce a soberania, por intermédio de delegados
eleitos por ele e por certo tempo.
3. Estado
que adotou essa forma de governo.
[Depreciativo] república das bananas: país ou região em que há
corrupção e desrespeito pela legalidade e interesse público (expressão
originalmente aplicada a países latino-americanos).
DEMOCRACIA - (grego demokratía, - as, governo do povo) s. f. -1. Governo em que o povo exerce a
soberania, direta ou indiretamente. 2. Partido democrático.
3. O povo (em oposição à aristocracia).