O jornalismo tem farto material para registrar diariamente as mazelas das grandes cidades: violência crescente, infraestrutura ineficiente para atender a demanda, favelas e mais favelas por todos os cantos das megalópoles ( São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte...), populações à mercê de políticas públicas que não atendem nem poderiam atender ao excedente que procura por oportunidades nas grandes cidades.
A população não é estática; a população é dinâmica e nessa dinâmica procura sempre mudar de acordo com a visão muitas vezes distorcida da realidade que vai enfrentar.
Migrar faz parte da índole humana. É um fenômeno que ocorreu no passado e persiste através dos tempos. Estudiosos têm observado que esses movimentos populacionais costumavam dar-se de leste para oeste com uma posterior volta às origens – o que ligaria a humanidade ao ciclo natural do movimento do planeta.
No Brasil tivemos, a exemplo do que ocorreu em outros países, a chamada ‘marcha para oeste’. Mas também tivemos o movimento N-S, ou mais precisamente NE-SE. Esse movimento atípico, se considerarmos a ordem dos movimentos migratórios da humanidade, trouxe um desequilíbrio e problemas sociais de monta. Muitas cidades, em poucas décadas, tiveram uma sobrecarga populacional sem que os governos locais tivessem tempo e condições para abrigar o excedente. O resultado negativo está evidente: falta de moradias, falta de uma infraestrutura que atenda a todos, sobra de problemas a espera de soluções. Elas existem, mas não há mágica. Demandam projetos, recursos financeiros, políticas não só para atender os excedentes, mas para evitar que novas levas continuem a chegar.
Um projeto a nível nacional é urgente e necessário para:
a- Redirecionar a população marginalizada, seja de volta às suas origens, seja para novas localidades do imenso território nacional onde lhes possam oferecer qualidade de vida.
b- Projetos locais de urbanização sem especulação imobiliária, disciplinando a ocupação do solo.
c- Programas de conscientização das populações para que entendam que a grande maioria dos problemas sociais urbanos poderiam ser evitados se cada um colaborasse na sua solução.
Não somos radicais e reconhecemos o direito de cada um procurar o melhor lugar para viver. Mas começa a ficar alarmante a situação e a exploração política que se está fazendo sobre a desgraça alheia – haja vista os cinco incêndios em um mês em favelas na cidade de São Paulo. Para reverter a situação é urgente que sejam tomadas medidas pontuais, como o controle dos movimentos migratórios dentro do território nacional a exemplo do que já ocorre em outros países.
O controle mais radical é feito nos países comunistas. Em Cuba, por exemplo, um cidadão para ir de uma cidade a outra precisa de uma autorização do governo para se deslocar; eles usam um ‘passaporte’ ou salvo conduto com prazo de validade.
No Brasil, na década de 1950/60 antes da vulgarização das rodovias, havia certo controle e direcionamento das levas de nordestinos que chegavam a São Paulo por ferrovia. Já falamos sobre o assunto em outro blog. Ninguém ia morar na rua ou em favelas. A excessiva liberdade de ir e vir dos anos seguintes contribuiu para o desordenamento urbano com prejuízo para todos.
Estamos em pleno período de campanha eleitoral exatamente para eleger Prefeitos em todas as cidades brasileiras. É mais do que hora de parar de explorar politicamente o assunto e apresentar soluções de caráter definitivo a nível nacional e não paliativo como costuma acontecer nestas ocasiões.
Invasões a prédios desocupados em São Paulo como o que a imprensa exibiu ontem, apenas fomentam radicalismos; uma pena que cidadãos estejam sendo usados como massa de manobra político eleitoreira... São atitudes como essas que denigrem a imagem do país.
- Por onde andam os legisladores? São eles que podem resolver o assunto de maneira justa e honesta.